sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Companhia de Jesus dia a dia

E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século". Mateus 28:20.

       A companhia de Jesus é constante conosco. Ele mesmo prometeu. Embora contemos dias e anos, haja legendas e números, Jesus promete "estou todos os dias". Portanto se, para nós, faz sentido de 31/12/2021 para 1⁰/01/2022, para Jesus continua sendo "todos os dias".

     Podemos então refletir sobre palavras de Jesus em três ocasiões das Escrituras, dirigidas a três característicos representantes da condição humana, os mais frágeis, assim assinalados ou, se não o são, seriam aqueles mais necessitados de cuidados, respeito e proteção ou os mais afetados pela violência humana nos dias atuais.

  Quando a preocupação, inoportunamente deslocada de sua prioridade, na discussão entre os apóstolos, era: "Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?". Mateus 18:1. Jesus destaca uma criança como exemplo.

    "E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus". Mateus 18:3,4.

    Uma criança, no conceito de Jesus, ensina sobre humildade, conversão e plenitude no reino de Deus. E quando Jesus foca numa mulher, tendo sido revolucionário em colocá-las no seu lugar de destaque, sempre indicado pela linha lúcida das Escrituras, ele toma a samaritana como exemplo.

     "Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber". João 4:7. Somente Jesus tem essa capacidade de, a partir de uma necessidade vital sua de sanar a sede, iniciar um diálogo que se torna uma aula de teologia, na qual aborda água da vida como suprimento vital para a alma, revelação do Verbo de Deus àquela mulher e adoração genuína a Deus.

     E  na linha profética da certeza de Jesus como Salvador, dois anciãos, Simeão e Ana, esta com, no mínimo, 84 anos, ensinam mais cinco lições fundamentais na conduta do caminhar com Jesus e da esperança pelo dia de Sua vinda.

    "Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. Revelara-lhe o Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo". Lucas 2:25,26,27a.

     Com este ancião aprendemos como conviver com o e no Espírito, acolhendo, pelos olhos da fé, Suas revelações, por meio das Escrituras, ouvir Sua voz e ser movido por Ele. E com a anciã aprendemos a louvar a Deus por Jesus, seu maior dom, e anunciar o evangelho como única prioridade.

   "Havia uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, avançada em dias, que vivera com seu marido sete anos desde que se casara e que era viúva de oitenta e quatro anos. Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e orações. E, chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém". Lucas 2:36-38.

    Evidentemente que os outros representantes da condição humana não ficam de fora. Podemos destacar o que Jesus tem a dizer aos jovens, visto que todos os seus discípulos situavam-se nessa faixa etária. Há uma palavra específica do mais novo entre os apóstolos diretamente dirigida a eles.

   "Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno". 1 João 2:14. Não quer dizer que somente eles vençam o maligno ou sejam somente eles fortes. Mesmo porque as Escrituras operam uma inversão, quando não se leva em conta a ação de Deus.

     "Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam". Isaías 40:30,31.

    O diferencial não é ser jovem, mas pôr no Senhor a esperança e a confiança. E a nós, os homens, a palavra de Jesus pode ser conferida no perfil do apóstolo Paulo e sua visão da relevância de sua própria vida.

     "Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus". Atos 20:24.

    Aos adolescentes, há uma palavra de resposta de Jesus a seus pais, num momento de expectativa em relação a uma questão de decidir sobre quem recaía a responsabilidade por um lapso.

  "Logo que seus pais o viram, ficaram maravilhados; e sua mãe lhe disse: Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura. Ele lhes respondeu: Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?" Lucas 2:48,49.

   Sem dúvida, o lugar onde passar toda a adolescência, envolvido com o Livro por excelência, o único onde estão escritos os "oráculos de Deus", é o templo, é na igreja. Cremos que, com essas palavras de Jesus, podemos aguardar Sua vinda, seguindo essas diretrizes específicas a cada uma das faixas etárias.
    

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Fra(n)camente 1 - Repugnância

     Não é uma palavra boa para se terminar um ano. Re + pugna, seria juntar "voltar" (re) + pugna (lutar) que, por sua vez, vem de "pugnus", que significa "punho".

     Portanto, repugnância teria, agregada a si, como sinônimas, auxiliando compreender seu significado as palavras asco, nojo, aversão, antipatia, repulsa, falta (ou nenhum desejo por) de compatibilidade.

     Na verdade, seria bem íntima essa sensação, plenamente disfarçada pela hipocrisia social, cedo aprendida na cartilha do convívio. Diria eu, ensinada intuitivamente pelos pais, delicada e disfarçadamente, porque ninguém quer ser acusado de ser um repugnante praticante.

    Os disfarces para tanto são muitos. Assim como as razões por que repugnar. Existem as clássicas como, por exemplo, cor da pele ou nível social. Disfarçar a íntima repugnância pelo preto e pelo pobre.

    Trazem patente e flagrantemente suas características. Aliás, são transformados em discurso e tema de ideologia e movimentos sociais de denúncia e libertação. E, em muitos casos, à hipocrisia agora soma-se a demagogia.

    Não que não devam ser um constante tema para discussão. Mas o que se reclama aqui são as ações efetivas e que caminhos traçar na efetiva solução secular, senão milenar desses, pelo menos esses dois, fatores de repugnância social.

    Um outro fator, agora mais ligado à minha área de atuação, é como o disfarce da religião, mais um fator que promete e afirma praticar igualdade, é usado para disfarçar a repugnância. Vou falar da minha. Por entender um pouco mais sobre ela do que da dos outros.

    Definitivamente o evangelho iguala todos, no antes e no depois de se encontrar Jesus. Todos pecaram, afirmam as Escrituras, situados na condição de "destituídos da glória de Deus", ou seja, todos somos, por natuteza, repugnantes.

    Aqui talvez haja já um problema inicial de aceitação. Ou haja uma aceitação retórica dessa afirmação. Isso significa sentir asco, nojo de si mesmo. De início. Vamos especificar e generalizar.

    Diante de Jesus, somos educados a perceber, sentir e exercitar repugnância por nós mesmos. Todos estamos nessa mesma condição. Muito embora o processo de se encarar essa realidade, nua (literalmente, e fora do Paraíso) e crua seja doloroso e, muitas vezes, disfarçado por franca covardia.

    Então o verniz social e os já mencionados vícios intuitivos de formação podem ser uma tentação a se mascarar essa realidade ou a domesticar o "evangelho" que se vai aceitar (e praticar). Definitivamente, repugnância é um tema não autopraticável: somente praticado com os outros.

     Lembrei da parábola do bom samaritano, assim chamada. Jesus focou exatamente na crítica aos "religiosos" e sua hipocrisia. Seu legalismo transformado numa prática flagrante, por parte do primaz, o sacerdote, e seu aprendiz, o levita. Sim. Repugnância faz escola.

    Nesse ano que passa até o vírus se tornou pretexto. Se alguém não quiser ou não quer outros alguéns perto, ainda há a prevalência do omicron, entre outras variantes. Chance de se prorrogar o afastamento.

    Para terminar, quero lembrar mais dois personagens, que podem ser quaisquer uns, porque repugnância, embora seja delicado mencionar, afeta a todos. Jesus e Jonas. Ambos com "J". O primeiro, porque tem o remédio para esse mal. O segundo, porque quis levar ao extremo esse mesmo mal.

     Jesus ensina direcionar a repugnância para o lugar e pessoa certos: para você mesmo e o nojo que o teu pecado deve inculcar a você mesmo. Jonas ensina que a fuga à repugnância, sua generalização extrema e até a tentativa de suicídio, seja moral ou literal, não resolvem o problema.

     Para quem não acredita no peixe de Jonas ou não acredita num Deus capaz de deparar um peixe desse teor, pelo menos tenta acreditar num Deus que ressuscite defunto, mais especificamente aquele que as Escrituras dizem ter sido ressuscitado ao terceiro dia.

     Parece que nesse anônimo Jesus, mais para desconhecido, reside a cura ou, pelo menos, o correto direcionamento para a repugnância. Vamos entrar nesse novo ano pensando nisso.

     Repugnância dirigida somente às variantes do vírus. Ao próprio pecado individual pão nosso de cada dia. E a uma aceitação ainda mais plena do evangelho, mas sem domesticagem. Ele faz coisas que nem a ideologia sonha em fazer.

domingo, 26 de dezembro de 2021

Sermão de Natal

 Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer". Lucas 2:15.

    Há um convite "Vamos". Esse convite, embora no texto tenha sido compartilhado pelos pastores, entre si, foi motivado pela aparição de anjos e pela urgência da notícia.

   E foi boa nova, boa notícia: "...é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor". Lucas 2:11. Essa é a principal notícia dada pelas Escrituras.

     Portanto, esse Vamos tem uma motivação que vem de cima, do alto, da parte de Deus. Sua atenção e o atendimento a esse "Vem", como chama o próprio Jesus, ou a esse "Vamos", como entre si a acertaram os pastores, significa atender a um chamado de Deus.

    E vejamos. O que pretendiam ver? Para o que foi depertada a sua atenção? Ver tudo o que Deus revela. E quem é o que revela? Um que não cabe na compreensão humana. Que faz, pelo seu poder, o que a compreensão humana não dispõe de capacidade nem para realizar e nem para compreender.

    O que a Escrituras revelam a respeito de Deus não cabe na compreensão humana. Todas as vezes em que tentaram ou em que tentarem reduzir, para que caiba, diminuem Deus, idolatram, fugindo da natuteza, propósito e tamanho da fé.

    Porque são os acontecimentos que o Senhor dá a conhecer. Por isso são compreensíveis e notificados por meio da fé. Distinguem-se de todos os demais. Por isso ocorre um falso conflito entre fé e ciência.

    Deus está fora da ciência. Porque a criou. Por isso que tais acontecimentos estão fora da capacidade e do método científico. O Verbo se fez carne. Habitou entre nós. Vimos a sua glória. É a glória do unigênito do Pai.

     Já estamos chegando ao fim da história humana. Não há mais tempo e nem espaço para polêmicas estúpidas. O que Deus nos dá a conhecer não está escrito nos compêndios. Está testemunhado nas Escrituras.

    Ao alcance da fé. Fé é  certeza e convicção. Porque decorre de acontecimentos que Deus dá a conhecer. Que Ele mesmo traz à luz. Que Deus mesmo realiza e dá a conhecer.

    Natal é acontecimento que Deus realiza e dá a conhecer. Crer ou não crer não muda o que Deus realiza. Ele dá a conhecer. Deus revela. Deus dá garantia. E convida a vir e ver.

     Venha, veja a creia. Porque Deus realiza obra nesse tempo maior do que todas. E dá a conhecer. Por meio de sua mídia, um coral de anjos, dirigida a gente simples, despojada de vaidade, provida de sabedoria.














sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Presente

 "...que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites?". Salmo 8,4.

    Somente um destempero alucinógeno para alguém pensar em vaidade, um traço que seja, diante da formulação dessa pergunta. Que é o homem?

    Aqui no sentido genérico, homem ou mulher, enfim, qualquer representante da raça humana. Deus para se ocupar com o ser humano, descer a detalhes de sua condição, somente toda misericórdia.

   Isso. Essa palavra reúne, em sua estrutura, miserere + cordis, algo como miséria + cardia, este o radical que forma os derivados de coração. Definição: "ter capacidade de sentir aquilo que a outra pessoa sente, aproximar seus sentimentos dos sentimentos de alguém, ser solidário com as pessoas".

     Pode-se dizer que Deus tem vocação pela miséria humana. As Escrituras nos socorrem na compreensão das razões de Deus: "Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou." Hebreus 2,14.

    Pormenoriza ainda mais, referindo-se à condição de Deus, em Jesus Cristo: "Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos". Hebreus 2,17.

     Essa identificação de Deus com as mazelas humanas, em Jesus, a encarnação do Verbo, radical e definitiva, como as Escrituras retratam, é o sentido permanente do Natal.

   O Natal na história e o seu efeito permanente no decorrer da história, tem sentido a cada vez que o Espírito Santo batiza em Jesus alguém que nEle crê. Jesus explicou a Nicodemos o sentido desse novo nascimento.

    A solução das mazelas humanas tem resultado em Jesus, quando alguém nele batizado experimenta a morte e ressurreição em Jesus. Socorram-nos as Escrituras: "Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida". Romanos 6,4.

   Definitivamente Deus se ocupa com a miséria humana em todos os seus vieses, para muito além de nossa limitada percepção, ou seja, percepção de nossa própria miséria, percepção da dimensão do amor de Deus.

    Que é o homem/a mulher que deles te lembres? Estamos na memória de Deus, que nos revela Seu amor. Devolve a nós a sensibilidade perdida.

      "Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, as Escrituras falando de Jesus, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados". Hebreus 2,17-18.

     A bondade de Deus nos conduz ao arrependimento. Nunca desprezemos a bondade de Deus, reconhecendo que, por ela, alcançamos visão de nossa real condição e também por ela reconhecemos o amor de Deus.

     "Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar". 2 Coríntios 7,10. "Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento." Romanos 2,4.

     Natal é tempo de se reconhecer que Jesus, o Verbo que se fez carne, Jesus, Deus encarnado o fez por amor, a fim de resgatar o homem de sua condição miserável. Um presente de si para si mesmo, por meio de Jesus.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

O legado que queremos

      O que dizer sobre Daniel Gonçalves Lima. Na vida passamos por fases diversas. A cada qual corresponde um sentimento diverso. Uma coisa é vivenciar, a cada época, outra é projetar a memória sobre cada fase.

   Neste texto vou recordar imagens do que igreja representou para mim. Na criação com que Dorcas e Cid me instruíram, igreja e Bíblia estiveram sempre presentes. E da parte de minha mãe, igreja e denominação não se separaram jamais.

  Tão forte nela que nunca trocou os congregacionais pelos batistas, ainda que o esposo fosse pastor naquela outra denominação, e a mãe dela, ainda no namoro, houvesse aconselhado não prosseguir nessas bases.

     Meu pai nunca contribuiu, em minha criação, para que eu fosse duplo ou hesitante. Uma vez, no batismo, por achar que deveria mencionar a diferença, pelo volume de água, e, de minha parte eu, quando ingressei no Seminário, conversamos sobre essas diferenças.

    Uma das razões que me levou a optar por estudar em nosso Seminário, na época, em 1978, hóspede do Edifício Kalley, anexo da Igreja Evangélica Fluminense, era participar de modo mais próximo e efetivo do contexto da liderança denominacional.

    Porque por seu tamanho, havia participação conjunta entre professores e membros dos cargos eletivos da diretoria da Junta Geral daquele tempo, ainda ocupando as dependências do antigo local em São Cristóvão, onde ocorria seu expediente.

    Terminei o Seminário em 1981, quando completava 24 anos, e fui ordenado em 1983, ano em que completei 26 anos. Nessa mesma época, ocupei o cargo de secretário executivo da denominação, até 1985.

    Diferente o mergulho na realidade da denominação, a partir da vivência da realidade da igreja. Tudo, em minha vida, misturava-se aos traços de maturidade, que sempre avaliei como defasada, em relação ao curso da idade biológica.

    O próprio conceito de congregacionalismo foca a igreja como núcleo dos conflitos, da ação do Espírito, da unidade administrativa denominacional. Documentos dela, ação de seus líderes e efeitos de sua administração devem ter a igreja como alvo e prestar a ela serviço.

    Mas a máxima de Salomão, tudo é vaidade, é somente um dos assaltos que pode surpreender quem se envolve e se vê incluído no contexto da denominação. Portanto, é sempre um teste permanente, principalmente para quem ocupa seu cargo máximo ou atua nas cercanias dessa liderança.

    Meu início de ministério, que se deu nesse mesmo ano de 1983, assim como a decisão que marcou e assinalou o seu desempenho, até hoje, deu-se por influência dessa liderança denominacional dos anos 80 e 90. E entre eles destaco o Rev. Daniel Lima.

    Num de seus períodos à frente da denominação, minha mãe ocupou o cargo de presidente da confederação de mulheres congregacionais. Por uma gestão. Nunca quis repetir, embora convidada outras vezes, coisa dela. Nesse período o presidente da Junta Geral da denominação foi o pastor Daniel Lima.

     Para mim, sempre foi modelo de comportamento ético e coerente, fosse em seu perfil na denominação, fosse no exemplo que a nós chegava como ministro, incluída a visão missionária de sua igreja local.

    Em relação à sua família, tive chance de conhecer, da mesma forma, os traços nitidamente marcados na vida dos gêmeos Daniel e Deisiel, assim como na de Davi, todos meus acampamentes nas temporadas do Ebenézer. Na esteira de seu pai, são pastores. 

    Os anos 80 e 90, no contexto denominacional, foram marcados por uma polarização que, na época, teve seus transes de queda de braço, mas foi superada numa demonstração de maturidade, infelizmente inusual, que foram sucessivos fóruns para definição doutrinária.

      De um lado, pastor Daniel Lima, de outro, Amaury Jardim, dois lados de uma mesma igreja, lideranças marcantes de uma geração e eu, particularmente, influenciado pelos dois. Cascadura, para onde fui, em 1966, era igreja que tem Amaury Jardim como membro fundador.

    E o espírito missionário que, aos dois pastores aqui mencionados, foi tão nitidamente marcante em seu ministério, a mim afetou profundamente. Antônio Limeira Neto, que nesse mesmo período, desafiava pastores e suas esposas, missionários e missionárias a desbravar o país, foi outro líder e outra feição dessa denominação tão amada por minha mãe.

    Hoje tenho 64 anos. Estou no Acre há quase 27 anos. Minha vida traz até hoje às marcas dessa liderança. Pastor Daniel Lima correspondeu-se comigo em meu início aqui no Acre. Esteve envolvido comigo na administração e ideia de implantar aqui o Seminário Kerigma, que funcionou de 1998 a 2004, formando 3 turmas.

     Limeira me fez seguir o rastro de suas iniciativas, até hoje não suplantadas no esforço missionário, quando iniciou uma congregação em Copacabana, igreja que pastoreei entre 1992 e 1994, assim como vim para o Acre, em 1995, pareando com Nelson e Josilene Rosa, por ele convidados e que estão aqui desde 1984.

     E o pastor Amaury Jardim, abridor de igrejas como Daniel Lima, foi meu conselheiro na época de entrada no Seminário, assim como pregou em minha ordenação, em 2 de janeiro de 1983. Para mim, são três exemplos de lideranças de um tempo em que a denominação produziu grandes exemplos.

    Ainda produz exemplos. Aliás, somos e seremos exemplo. Precisamos refletir do que seremos exemplo. E uma das coisas de que precisamos nos despir é a vaidade. Pode ser substituída por humildade. A primeira bem-aventurança da série, porque é determinante na kenosis, no esvaziamento e na personalidade de Jesus.

    Ainda não mencionei d. Gineta. Várias vezes deparei seu sorriso. Algumas vezes trocamos rápidas palavras. Sem dúvida seu esposo e filhos e filha guardam consigo, do mesmo modo que eu retenho de Dorcas, o que foi fundamental em nossa formação.

    Sem dúvida, o cuidado atento desde a infância, a prontidão em encaminhar à igreja e o apoio incondicional ao esposo foram sua marca. Pastor Daniel Lima, grato por sua história. Por sua postura. Pela denominação que o senhor honrou com o seu exemplo.

    Parabéns por sua família. Parabéns por suas marcas. Considero-me, por razões diversas, como se, de alguma maneira, fosse sua ovelha e um missionário enviado ao campo por sua igreja. Muito honrado por ser considerado seu colega de ministério. E desejando intensamente que o tempo que se configurar em nossa denominação seja, cada vez mais, digno da herança que o amado irmão nos legou.

sábado, 18 de dezembro de 2021

Lapso

     Lapso. Por exemplo, entre a samaritana largar o cântaro e noticiar seus companheiros que havia encontrado Jesus, houve um lapso, no qual a mulher recolhia consigo o que foi seu econtro pessoal com Jesus, ao ponto de transmitir esse efeito.

    Quando, quanto, com que intensidade e frequência transmitir Jesus? Se é verdadeiro o que disse, que estaria com os que cressem todo o tempo, qual o intervalo de tempo entre essa constatação e seu efeito na vida?

    Que efeitos atualizados Jesus promove na vida de quem com ele encontra? Há um efeito alienante que, ao invés de tornar vivência com Cristo em novidade permanente, é tornada em formalidade religiosa?

     Que expectativa Jesus sempre nutre pela igreja? Que significa, para ela, vivenciar e, de imediato, espontânea e naturalmente, anunciar Jesus? A urgência da mensagem que ele mesmo proclamava requer esse mesmo eco por parte da igreja.

      "Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho". Mc 1,14-15.

     E não se trata de obrigação, imposição, repetição mecânica de credo, mas de uma natural expressão do resultado da presença de Jesus no viver. E presença de Jesus no viver significa vida em plenitude, identidade do humano restaurada, vocação de ministério para a igreja, até denominada "corpo de Cristo".

     Uma de suas últimas palavras, quando ainda entre nós, no momento mesmo de sua ascensão, foi mencionar três vocábulos: poder, Espírito Santo e testemunho. Ora, ora, ora: o poder e todo o seu delírio. Satanás sugeriu a Jesus, olha o ridículo da proposta, obter para si poder.

     Então Jesus disse à igreja: "Recebereis poder". De que natureza? Ele especifica o modo e natureza: "Ao descer sobre vós o Espírito". Sim, o Espírito que recebe o adjetivo exclusivo de Deus: "Santo". E Jesus completa com a finalidade pela qual receber poder: "Sereis minhas testemunhas".

      A igreja de Jesus recebe do Espírito Santo poder para ser testemunha de Jesus. Espontâneo, natural, voluntário e identitário. Há um lapso entre a realidade do contato com Jesus e o seu resultado, que se chama testemunho. Que seja imediato, natural e espontâneo.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Fortuito, que seja

  João Batista era típico. Viu Jesus passar, não desconversou, instigou dois de seus discípulos a mudar de mestre. Ao inverso, para ele, dispensar discípulos parecia ser prioridade.

     Por um momento a dupla, André e seu misterioso companheiro, ficaram como que sem rumo: o outro, que seguia adiante, a quem o Batista alcunhou "Cordeiro de Deus", voltou-se, para inquirir: "E vocês, o que querem?"

     Se fosse carioca, "E vocês, qualé?". Ressabiados, por um lapso sem mestre nenhum, timidamente perguntaram, ou seja, balbuciaram, "a gente só queria saber onde". A resposta pronta, "Venham e vejam".

     Ora, o Batista e Jesus sabiam da exiguidade de seu ministério, o primeiro mais ainda. Não é que queria se desfazer de discípulos, mas era que precisava encaminhá-los. Aliás, para isso fora enviado.

     Os discípulos, sim, eram neófitos, e todos eles têm muito ou algo de inoportunos. Mas estar atento às indicações mínimas do Batista era o que de único e principal se exigia deles.

   E quanto a Jesus, ser direto e objetivo, do mesmo modo, era a essência de sua vocação. Para isso viera, de uma vez, tornar objetivo e direto o acesso ao Pai. Instigou-os à fé, que consistia em Lhe seguir os passos, ora, era esse e ainda é o "vir e ver".

      Tanto era e é assim, que André entendeu e chamou o irmão. Não tinha o que declarar, senão dizer: "Achamos o Messias". Bom garoto. Exatamente isso, desde o Batista, em direção à Jesus. E este, mais que direto e objetivo, para cada um tem a profecia. Para Cefas, Pedro Pedra, a símile do crer e do ser igreja.

     E Jesus continuava e continua chamando. "Vem e segue-me", disse a Felipe, outro da cidade e região da Galileia, precisa e profeticamente apelidada "dos gentios", quer dizer, de todas as gentes: "o povo que andava em trevas, haveria e ainda há de ver grande luz", anunciava Isaías a respeito de Jesus.

     Felipe, como André, entendeu a coisa, para dizer a Natanael: "cessou nossa busca, encontramos aquele sobre quem as Escrituras, seja a Lei, sejam os profetas, dão seu único testemunho". Quem, indagou? O Nazareno, identificou Felipe.

"De 'Nazaré', ora, Felipe, tenha a santíssima paciência". Vem e vê, pegando o jeito de Jesus convidar, disse Felipe.

    Provocativo, só de hagá, como se diz no Rio, Jesus saudou Natanael: "taí um gente boa", como também se diria em carioquês. Ele estranhou a saudação, e achou mesmo que era só de hagá. Não era. Jesus conhece.

   Jesus sinalizou que conhece todas as angústias. Natanael extasiou-se. Jesus replicou, não por tanto, mas por ainda muito mais. Já viste os céus escancarados e anjos subindo e descendo? Por pouco e por ainda muito mais. Por tudo. Por certo. Decerto, por fé.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Manda dizer

"Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?!" João 4:29.

    Essa mulher, a anônima samaritana, encontrou Jesus. Há um hino, muito ouvido e tocado por meu pai, num programa radiofônico que transmitia, na década de 70, que dizia: "Oh, que será?! Que será ver a Cristo?!".
     De um e de outro modo, na narrativa bíblica e na letra do hino, está em questão encontrar Jesus ou vê-lo cara a cara, presença física, pelo menos o que a letra do hino quer dizer.
    Hoje aplica-se à realidade da presença de Jesus. Ele afirmou aos discípulos, em sua despedida, após a ressurreição, que estaria com eles, por extensão, com a igreja, ou seja, com todos os que nEle cressem, "todos os dias, até a consumação do século".
    A pergunta aqui é o que significa tal afirmação, como vivenciá-la hoje e como transmitir a outros essa realidade. Porque os que cremos em Jesus e partilhamos Sua presença devemos vivenciar de modo especial e transmitir essa realidade a outros.
    O que será intenso e natural. Porque se não está sendo, algo de muito estranho está ocorrendo conosco. Uma espécie de indiferença ou alienação da principal característica de nossa vida.
     Caso  não haja intensidade, empolgação e novidade permanente, em função da presença de Jesus em nós e conosco, não passamos de míseros religiosos. Religião é um fator cultural e sócio-relacional.
     Herdamos ou rejeitamos a partir de nossa herança cultural e adotamos uma delas ou não em função de sua característica relacional. Mas ter a Cristo é outra coisa.
     Jesus não é um ícone ou marca. Trata-se de uma pessoa. Aliás, uma extraordinária, em todos os sentidos, Pessoa. Desde a história de sua estada entre nós, indicada na narrativa dos Evangelhos, até os fatos inusitados relacionados à sua ressurreição.
    Sem crer na ressurreição de Jesus, ele perde toda relevância. Ora, é evidente, quem deseja vê-lo a distância, como um exemplo de conduta, um ícone místico religioso, personalidade de destaque universal, que o valha. Alvitre de cada um.
     Mas quem crê na ressurreição de Jesus, admite e confirma que com ele se relaciona. Com ele experimenta comunhão. Com ele caminha. A mulher samaritana que com ele se encontrou saiu do encontro transformada, chegou a sua vila e denunciou aos de sua relação.
     Para ela, era o Cristo. Provoca-os a autenticar essa realidade. Eles mesmos constatam, afirmando depois: "não pelo que você disse, mas pelo que nós mesmos ouvimos e agora sabemos".
    O jovem rico sai triste da conversa com Jesus. Sim. É possível sair frustrado desse encontro. A pessoa de Jesus exige de quem o encontra abrir mão do contraditório que representa a vida de qualquer um em relação à dele próprio.
     E Zaqueu, o baixinho ricaço, acolheu Jesus em sua casa, curiosíssimo em conhecê-lo, quando, repentinamente, levantou-se e se comprometeu a indenizar, multiplicado por 4 vezes, a quem havia lesado. E ainda, com metade dos bens que sobrassem, acudir os menos favorecidos.
     Tudo consequência do encontro com Jesus. Imagine-se alguém receber em sua porta, atendendo revoltado, um emissário de Zaqueu: "Aquele ladrão! Que que ele quer?". O emissário: "Mandou lhe entregar um abono de 4 vezes mais o que ele lhe surrupiou".
      "Meu Deus! Como assim devolver 4 vezes mais?! Que que aconteceu com ele?". O emissário: "Manda dizer que encontrou Jesus".

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

No ranking de Jó

 Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal." Jó 1:8.

     Quem e quantos são como Jó? Vale somente para ele essa observação? E se ao invés do Altíssimo, o outro, dessa conversa, fizesse ao inverso a pergunta, desta vez dirigida a todo infestado pelo pecado?
      A resposta foi que Jó amava Deus por interesse. Faça um teste com ele, disse Satanás. Faça você o teste, disse Deus, porém dentro dos meus limites. Porque, como diz Tiago, Deus não se deixa tentar pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.
     Em que monta era a integridade de Jó? Reto e temente a Deus era a sua personalidade. Em que proporção se desviava do mal? Quais tipos de mal ele admitia ou praticava?
      Jó oferecia pelos filhos e com eles sacrifícios por suposições do que porventura eles pudessem ter praticado como prevaricação ou desavisadamente. Ele conhecia esse exercício de, a si mesmo, aplicar um senso de qualidade.
       Nunca aventurou uma hipótese de que fosse, em absoluto, íntegro, reto, temente a Deus e que se desviasse do mal. Nunca avaliou ser mais santo ainda do que, efetivamente, Deus o tornava. Reconhecia o seu papel, assim como o de Deus, em sua santificação.
     A pergunta, então, a ser feita é pelo ranking de santidade. Pois, se há uma lista do primeiro time, no qual Jó, certamente, sem nenhuma dúvida, está inscrito e, a partir daí, vêm as graduações para menos.
      E então, aí sim, ou melhor, aí não haverá para esses a mesma pergunta de Deus feita a Satanás: "Observaste o meu servo....", aqui entrando os nomes dos de segunda, terceira, quarta e assim por diante, em categoria.
     Para esses, então, não haveria esse tipo de diálogo ou menção, para que Satanás não risse deles na cara de Deus: "Ora, com referência a esse, com todo o respeito, o Altíssimo só pode estar brincando comigo".
      Como na Bíblia, em Zacarias, numa de suas visões, o sumo sacerdote Josué aparece com manchas em sua túnica. Satanás se aproxima para pô-las em destaque. E é repreendido por Deus. Mas não havia manchas? Sim, havia. Então, acintosamente, não tinha o tinhoso autoridade, não, isto ele nunca tem, mas atrevimento, ousadia para envergonhar esse tal servo do Altíssimo?
      Não tem. Não tinha, não tem, nunca terá. Nunca teve e nunca tem. Porque é definitiva, no tempo, para antes, agora e para sempre a justificação pela fé. Jó era um justificado pela fé. A distinção está não num suposto ranking dos pecados cometidos, ou sua quantidade, seu tipo ou ainda a reincidência neles.
     Não, porque a derrota de Satanás é completa. Todos os justificados mediante a fé entram no espaço em branco do formulário, legitimamente tendo inscritos os seus nomes: "Observaste o meu servo.... inscreva aqui o seu nome, caso seja mais um justificado pela fé.
     Isto porque a cruz de Jesus Cristo zera a conta. E o saldo do desfalque não retorna. A confissão do pecado começa, como ressalta Paulo, na "tristeza segundo Deus, que produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar". Mas se, como no caso de Josué, houver reincidência, virá Satanás não para um diálogo tipo o de Jó, mas para acusar e jogar na cara de Deus a sujeira não lavada, a denúncia da imundície plasmada na vida alheia.
     Sim, é vida alheia, totalmente alheia ao Inimigo e, por isso, este sai repreendido. Perdeu. Perdeu todas entre os justificados pela fé. É Paulo, de novo, quem diz: "...a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação". 2 Coríntios 5:19.
      A saber, Satanás. Deus esta(va) em Cristo. Reconciliando, Ele mesmo agente, consigo mesmo o mundo. Não jogando na cara dos homens as suas transgressões. Essa é a palavra da reconciliação. De uma vez, como diz Judas, a fé santíssima entregue aos santos.
     O Altíssimo, Santo, Santo, Santo, nos entrega, de uma vez, fé santíssima, a nós, Seus santos. Não há escalonamento. Não há um ranking dos menos ou mais santificados. Pois "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo", Romanos 5:1. Preço pago. Paz. Conta zerada.
     Justificados pela fé, por Deus e em Deus tornados íntegros, retos, tementes a Deus e que se desviam do mal. Perdeu. Definitivamente, em Jesus Cristo, o Inimigo perdeu. O Senhor te repreende, porque Deus santifica e disso nunca cessa. Pelo sangue de Seu Filho, somos igreja que Deus comprou com o Seu (aqui, ambiguidade proposital) sangue. 

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Alguém passou orando por aqui

     
       E Sandra Roger peregrinou, mais uma vez, pelo Acre. Trouxe-a o casamento do Isaac, o bebê que ela viu chegar aqui em 1995. Mas ela, onde chega, carrega boas novas consigo.
     
    Desde a chegada ao aeroporto, o mínimo de tempo que demorou deslocar-se da sala de embarque até à parte externa, ao carro, três taxistas de empresa, os de blusa azul, sentados defronte à saída, receberam folhetos e palavra viva.

      Fez um tour pelas igrejas e congregações. Visitou, em especial, pessoas específicas, para com elas orar e aconselhar. Muito importante sua participação na vigília de 22 de outubro, em Manaus, pela UIECB, porque ela transpira e inspira missões. Nós a assistidos e dela participamos pela internet.

     Ao final, pudemos organizar um grupo que reúne os missionários de todos os estados da Amazônia, de modo a conhecer suas necessidades e trabalhar juntos.

     E desafiamos e fomos desafiados a abrir uma congregação em Cruzeiro do Sul, a linda acreana cidade-mãe do Vale do Juruá. Este é o rio que, juntamente com o Purus, que sobe, a partir do Boca do Acre, no Amazonas, rumo ao norte, fechando em duas pinças o estado do Acre, sobem os dois, um pelo leste e o outro pelo oeste.

     São 680 km de pura fé até lá, a partir de Rio Branco. Sandra é campeã de oração, todos sabemos. Conhece as necessidades dos nossos irmãos missionários, menciono aqui o Norte, todos reunidos no grupo CONGRENORTE, mas ela conhece, ora e compartilha por todos, no Brasil e fora dele, "até os confins da terra".

     Ouvimos seus testemunhos. Visitou e orou com a irmã Neli Coelho, membro do DEM, bem como com Graça Silveira, como também Graça Daniel. Pôde pregar nas igrejas ou prestar testemunhos e exortações na Vila Betel 2, no Ilson Ribeiro, na 2a igreja, no Iolanda, e nas demais congregações do Jd Eldorado e Manoel Julião.

     Também esteve no Projeto Chácara Jesus o Bom Pastor, no domingo passado, onde pôde orar e cantar com as crianças, como aconteceu no Jd Eldorado, e de novo em 23/10, com pr Nelson e Josilene Rosa, quando todas as igrejas estiveram presentes naquela congregação.

     Foi genial contar sua experiência com o Projeto Amarzônia, pelo Rio Amazonas, navegando e comparando essa arte ao texto de Atos 27-28, quando Paulo foi de Cesareia a Roma, fazendo detalhada analogia de cada passo de sua missão, com aqueles irmãos, em missões entre ribeirinhos, comparada a cada etapa da viagem narrada por Lucas.

      Sensacional essa atualização. Só discordei dela ter dito, pouco antes de começar, que esse exercício não era exegético, hermenêutico ou magistral: foi as três coisas, pois ela é exegeta, hermeneuta e mestra do amor de Jesus.

     Vale também mencionar as parcerias, desta vez com o pr Manoel Bernardino, nós três velhos conhecidos. Porque todas as igrejas e congregações também estiveram reunidas, em 30 de outubro, na 2a Igreja Congregacional do Iolanda, para ouvi-lo falar sobre Reforma Protestante, 504 anos.

     Novamente desafiados a pôr as Escrituras como centro de nossa confissão. Desafiados a vivenciar os 5 Solas: somente as Escrituras, somente Jesus, somente a fé, somente a graça, somente a Deus toda a glória.

     Cada um de nós, individualmente, precisa reconhecer a chance e a necessidade de renovar sua experiência em Jesus. Como define Paulo em Efésios 4,20-24, o evangelho é constante e permanente renovação.

     Possamos assim vivenciar. Como sacerdotes de nossa própria confissão, dedicar e rededicar nossa vida a Jesus, como o mesmo Paulo afirma:

      "Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou". 2 Coríntios 5:14,15.


Com as crianças no
 Projeto Chácara Jesus o Bom Pastor


Dia das Crianças na
Congregação do Jd Eldorado


Pr Manoel Bernardino e os
504 anos da Reforma Protestante


Pastores no Acre: esq. à direita:
Jeremias (Vila Betel 2), Nelson Rosa (Ilson Ribeiro, obreiro pioneiro, desde 1984), Cid Mauro (Congregação do Manoel Julião), Alexandre Caria (2a Ig Congregacional) e pr Manoel Bernardino (Vicente de Carvalho, RJ, visitante)










     

sábado, 30 de outubro de 2021

Dante Santos que conhecemos

     Doce irreverência. Dante era agregado, porque domou a mais dura das cinco irmãs. Um cara muito debochado, acho que no fundo de toda a simulada seriedade dela, foi essa irreverência nele que cativou Eunice, injusta, provocativa, debochada mas carinhosamente conhecida entre irmãos e irmãs como Madrasta.

       Esses filhos de Tula e Eunice aprenderam e cativaram consigo um cuidado maternal e paternal que reconhecemos em nós até hoje. A memória que temos deles está ancorada na luta pela sobrevivência, no cuidado com o essencial, alimentação, escola, disciplina doméstica, ética e honestidade no trato fora de casa e igreja.

     Dante encontra esse clã assim estruturado, para formar o time de salão, formando com Cid, Inácio, Dirley e Jucieu esse escrete campeão nas quadras. Eu, particularmente, como o ancião entre os primos, filho único da primogênita Dorcas e do veterano Cid, fui alvo, da parte do Dante, de todo cuidado, recreação, bullying ( rs rs rs...) e dedicada amizade.

      Seu acesso ao evangelho e à igreja se deu via Eunice. Mas como um cara assim, o mais debochado, irreverente e mundano, no contexto dos anos 40/50 vai conquistar, justamente, Eunice? Mistérios de Deus. E algo muito íntimo e secreto que ambos guardavam. Ele vai viver intensamente a família e a igreja. E nesse contexto vai construir sua própria família. Desde quando, certa vez, Dorcas foi comigo visitá-lo, internado por pneumonia, numa enfermaria à qual não tive acesso, minha memória sobre ele vai até essa época. Nesse tempo, ainda solteiro, Eunice e ele haviam rompido, mas ele ganhou dela uma Bíblia e prometia resoluto ao incrédulo enfermeiro que dali sairia.

     Saiu mesmo. Deus o tirou. Leu sua Bíblia. Deus o converteu. Ele e Eunice reataram. E Dante sempre se referiu a mim, desde seus tempos de solteiro, sim, porque eu estava no seu casamento na Congregacional de Nilópolis, com um terninho de gravata borboleta e bermudinha listrado. Ele sempre me tratou de igual para igual. O eventual bullying era por sua insistência em imitar a música do palhaço Carequinha, espalhando que "o Cid Mauro só faz xixi na cama...".

      Conversas sobre igreja, onde ingressou por influência decisiva e incisiva de Eunice, ele travava comigo, conversas de escola, seja a dominical ou a pública, conselhos paternais e até incursões sobre sexualidade, quando, do Lincoln, contraí papeira (caxumba), numa visita à famiia em Belford Roxo, o que cancelou minha ida à temporada do Ebenézer, acho que em 1968. Quando inflamou o peito, abaixo do queixo, Dante me preveniu sobre esterilidade.

      Sim, porque com as meninas Beth, a Bêla, Elaine, Eliana, Binho e Erlon (nessa época, inocente), com essa gang doméstica em Brasília, longe das broncas do Bide, restava eu brincar com a dupla Lyndon e Lincoln. Porque as traquinas com Rúbio e Ruth haviam já cumprido seu turno, porque residíamos distantes. Enquanto Marcelo, Renata, Ben-Hur e Rodrigo, com mais Gisley, Alexandre e Carlos Eduardo, ou eram projeto, bebês ou estavam, ainda, na 1a infância. E Leide, Eunice Maria e Letícia apenas um projeto no coração de Deus.

     A família de Dante e Eunice era também a minha. Aliás, era de nós todos. Basta lembrar os campeonatos de peladas no Estádio de Nova Cidade, Gisley e Cia, com Lyndon e Lincoln, com os problemas para remendar os vasos de planta de Eunice. Com todas a limitações da época, até mesmo, podemos dizer, a repressão do regime, no mundo lá fora, a famiia desse tempo e a igreja dessa época, a convivência nesses ambientes e com outras famílias permitiu, como num oásis, prover o essencial para a nossa formação.

       Hoje podemos lançar um olhar que pode até ser crítico em relação aos conflitos que nossos pais enfrentaram no seu relacionamento, assim como as forças contra as quais se postaram fora na sociedade. E indo mais além, nas limitações que herdaram de seus próprios pais, nossos bisavós e avós, mostram como então se agigantaram.

     Formaram esse contexto de fé, esse traço de influência que permeia todos nós, uma liga, um laço, como diz o profeta Oseias que Deus fez com seu povo, somos amarrados com cordas de amor. Nossos pais, avós e bisavós são intérpretes dessa vivência de amor. E ainda que tivessem ou que reconheçamos suas limitações, uma lição puseram em prática e com ela traçaram sua vida e nos marcaram.

     Viveram em meio a sua luta. Mas nunca esqueceram do amor. Colocamos Jucieu no gol, Cid e Dante, mais atrás, Dirley fazendo a ligação, pelo meio, ao Inácio, com sua malícia e deboche, no ataque. Todos agregados. Numa genética de puro amor. Onésimo como técnico e, para as gargalhadas, crônicas em verso, piadas e bom-humor perene com o (bis)avô Dante.

     

sábado, 2 de outubro de 2021

Livros da Bíblia em 5 tópicos - Gálatas 1

   "Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro". Gálatas 1:6,7a.

      Aqui Paulo Apóstolo afirma estar admirado que, tão rápida e surpreendentemente os gálatas estejam atravessando para fora da graça de Cristo em direção à um falso evangelho.

     Paulo vai reafirmar que somente há um só genuíno evangelho. A carta inteira aos gálatas se define pela reafirmação plena do sentido do evangelho. Será indicado por que meios se torna possível ser confirmado no evangelho

     Deus separa no e para o evangelho. E o faz no valor, demonstração e plenitude de Sua graça. Todo o favor de Deus se revela no gesto, história e concretização do evangelho de Jesus Cristo.

     Tudo o que Jesus representa, o que ele é, o que disse e o que fez aponta para o evangelho. A própria graça de Deus se revela e concretiza como dádiva, no evangelho, que é a oferta de Jesus, ele mesmo, em Pessoa.

     Nessa carta a preocupação era o desvio, a saída, troca ou fuga, para fora da Pessoa de Jesus, numa tentativa de diminuir, anular ou que fosse acrescentar à Pessoa de Jesus algo, qualquer coisa que representasse um adicional.

    Seria nulo. Por isso Paulo se admira. Em inglês, o texto diz que o Apóstolo está "atônito com a deserção" deles, e sua "conversão para um evangelho diferente", o qual "na realidade, de todo, não é evangelho".

     Jesus Cristo é a dádiva maior da graça de Deus. Essa é a mensagem e realidade do evangelho. Nada substitui. Nada vale como acréscimo. Esse é o único evangelho.

      

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Tive um sonho

Tia Nadir e Vanderleia juntas,
em 7 de junho de 2016, fiéis,
na despedida de tia Maninha

       Não canso de repetir que a nossa família é grande e bonita. Não somente no aspecto físico. Mas também interiormente. E essa virtude vem de nossos pais.

     Ajudou, sim, o lugar e época onde todos nasceram, porque era época e lugar de gente humilde, de poucos recursos, mas ligados à terra, ao rio, à natuteza, de um modo geral.

    E ligados uns aos outros. Lembro de uma tragédia, que foi a partida de Adalgiza, a matiraca, no nascimento de Isaías, em 1932. Mas logo nosso avô Antônio foi socorrido pelos vizinhos.

   A família Macedo socorreu e, posteriormente, em 1951, Cid o reencontra no Rio de Janeiro, mais tarde esse nosso tio abandona o ateísmo e, junto com o mano, tornam-se advogados e pastores.

    Nem sei quantos primos somos. Não conheci ainda as primas, filhas de Maria, aquela que permaneceu na roça, como costumamos falar. Mas agora, estão todos e todas juntos: José, Maria, Cid, Dejanira, Jani, Mário, Isaías e agora Nadir. Entre nós ainda o Antônio, filho do segundo matrimônio de nosso avô.

     Neste final de madrugada sonhei com tia Nadir. Certamente ficou em minha mente a fala de Zilneia, ontem, repassando as notícias que nos colocavam em alerta.

    Vanderleia, a mana que eu tenho, estava numa entrada de porta, me viu descendo uma escada, e me veio abraçar. O rosto era da época de 1977, quando ela foi lá para o Méier.

    E eu vi, sentada numa saleta pequena, tia Nadir, bem asseada a cuidada, como sempre, pelas filhas. Entrei para abraçá-la. Ela quis se levantar, mas eu insisti que ficasse como estava.

    Mas ela se levantou e me abraçou bem apertadinho. Para nós, que acolhemos no coração as promessas de Jesus, reconhecemos como apenas sonho. Mas essa sensação de paz e conforto é real. Porque a turma lá no céu agora está completa. Isso está garantido na Bíblia. Todos eles criam nessa promessa: Jesus como nosso precursor junto ao Pai.

     Somos gratos por essa história tão linda. Primos e primas espalhados por esse país. Ana Lúcia lá na América do Norte. A gente vai longe! A gente também vai fundo, no coração. E a gente vai alto, muito alto, lá no céu, onde Jesus está.

    Todos eles nos legaram essa herança. A mais preciosa. A que mais nos enriquece. E a que mais bonitos nos faz.

Esq. para dir.: Nadir, Odete (esposa de José), 
Cid, Isaías, Mário de Jani, no ap do Meier.


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Teologia do encontro - 2

       O encontro com o casal. Um vexame a justificativa do homem. Nessa história do diálogo com Deus no encontro desse dia, nós os homens ficamos com os maiores micos primordiais.

    Vergonhosas justificativas. Não foi, definitivamente, coisa de homem, no sentido lato, dizer que havia se escondido porque estava nu. Por etapas, ele disse: 1. Ouvi a tua voz, ok, isso era rotina e esperado: a voz de Deus sempre está disponível.

     2. Porque estava nu, desculpa esfarrapada, porque nu Deus o havia feito, mas sim, estava, sem saber, certo no que disse: a nudez começava a ser outra, sem inocência e cheia de vergonha.

    3. Tive medo, ora, sintomática a razão desse medo: o temor de Deus (e tremor), como diz Paulo, mas aí já misturado ao sentimento de culpa. E 4. Eu me escondi, aqui a recamada vergonha, vexame e covardia: deveria ter dito, como a mulher, fomos enganados e comemos. Ah, sim, tem mais esta: como se esconder de Deus? 

     Que encontro esse. Avaliando, a gente diria, caramba, eu não queria ser esse casal. Mas somos. E estamos nus. E fora do paraíso. Ao inverso, se quisermos repassar essa lição, podemos caminhar de trás para a frente.

     1. Reconhecer a culpa, sabendo que também somos Adão e Eva e, dessa culpa, não estamos livres, herdamos essa síndrome do pecado e carecemos desse encontro.

   2. Sim, reaprender o temor e o tremor do Senhor, mas sem fobia, sem essa doença do medo e da covardia, porque o fruto do pecado, ele que nos corrói e devora, por dentro, rouba o nossa vocação para a alegria e somente há cura no diagnóstico que Deus revela.

    3. Nus todos estamos. Vamos, definitivamente, retirar a nossa máscara. Tenhamos vergonha na cara. Façamos a oração, Deus, me revela em minha nudez e me veste com Tuas roupas. Deus nos criou numa nudez de inocência e nós assimilamos a nudez da vergonha e da culpa. E nem sabemos, como diz João Apóstolo, que estamos pobres, cegos, miseráveis e nus e, por isso, infelizes.

    4. O encontro, enfim, o caminho de retorno. Até Vinicius de Moares entendeu que a vida é a arte do encontro. Bela definição para vida. Jesus se autointitulou caminho, verdade (que também nudez) e vida. Só há um caminho a trilhar, e esse é o do encontro com Deus, para viver vida em plenitude.

     Jesus disse: eu vim para que tenham vida e vida em plenitude. Faça o caminho de retorno. 

Teologia do encontro - 1

     Encontros. Pode-se perguntar, lendo o Gênesis, a razão por que, como diz o texto, ao entardecer, Deus foi procurar o casal. Por que Deus foi procurar o casal?

    Vamos alinhar, por economia, três razões por iniciais suposições. Cobrança. Estamos no ponto de partida da obra prima da Criação, Deus escalou o casal para tomar de conta e, como Todo-Onisciente, de antemão conhecendo o deslize dos dois, partiu para a reprimenda.

    Precedência. Exatamente por saber que a coisa ia desandar, como um TeosCEO, Deus se antecipa, de modo a se posicionar, para consertar o malfeito, porque um empreendimento de fôlego tão imenso, como é o de arquitetura do Universo, não poderia se esboroar nas mãos de dois incompetentes.

     Prevenção. Acima de tudo, com Sua divina imagem pessoal afetada, pegaria mal para caramba, depois de um cuidadoso planejamento, desde a eternidade, da ação meticulosa, em 7 etapas, e da avaliação, "viu que (tudo) era (e estava) bom", onde iria parar a Auto-Divino-Imagem com o vexame da obra-pirma da  Criação, ou seja, o casal? Há de se urgir para remediar tudo.

     Nenhum dos três. O que combina com o caráter do Criador é a arte do encontro pelo encontro. O simples prazer do encontro. Movido por amor, celebrar um encontro que, para Ele, sempre quis ser hábito.

     Claro que já sabia, até mesmo de antemão, antes, lá na eternidade, que a coisa, num certo sentido, desandaria. Mas o Filho resolveria, tornando o encontro comunhão, garantido pelo selo do Espírito. Nada protocolar nem burocrático, porém divinamente informal, como um bate-papo com Jesus, à beira mar.

    Guarda consigo, o Divino, esse prazer do encontro. Permanente desejo de que tenhamos esse mesmo sentimento, que Paulo Apóstolos identifica como o "sentimento de Jesus": tende em vós, ele diz.

     Sede de Deus. Deve ter a ver com isso. E também deve haver essa reciprocidade, com essa profundidade e simplicidade. Um passeio no jardim, ao entardecer, era pura sede de Deus. Cada parte do dia (e da noite também) tem seu charme, personalidade e disponibilidade para o encontro.

    Nada formal ou obrigatório. Porém, informal e voluntário. Deus adora, para usar coloquialmente invertido o terno, e anela o encontro. 

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Jesus e o valor do simples

    Certa vez escrevi um texto que falava de como Jesus saía, por ali, pelas cercanias do chamado Mar da Galileia, provocando conversa com um e com outros. Sem dúvida um bonachão conversador, sem que perdesse nenhuma oportunidade.

     E que conversas. Também já escrevi sobre crentes que marcam nossas vidas, pelas igrejas por onde passamos, com seu modelo de vida, capacidade e profundidade, principalmente simplicidade com que compreendem e reproduzem, em suas vidas, o modo genuinamente evangélico de ser.

     Desta vez quero escrever sobre uma antiga amizade, de vizinhas chegadas e apegadas, cuja conversa, entre tantas outras, era Jesus. Maria Alcir e Antônia "Bebé", desde sempre nessa calçada da foto, certo dia começaram a conversar sobre Jesus.

     Esse tipo de conversa chegou a Alcir, por  meio do pastor Nelson Rosa, que começava ali, pelas quebradas da Rua Formosa, uma escolinha bíblica com um grupo de crianças. As casas de Alcir e Bebé era vizinhas, na esquina de Isaura Parente com a antiga Rua dos Buritis, hoje Saldanha Marinho.

      Hoje Alcir reside numa casa de alvenaria, bem pertinho, colada mesmo à casa de sua amiga de mais de 30 anos. Naquela época, nesse terreno havia uma casinha de madeira, onde Nelson e esses novos convertidos, incluindo Alcir, sua irmã Graça, os dois filhos e o grupo inicial da futura igreja começaram a se reunir.

      Na casa da esquina, fosse na varanda da frente ou na garagem dos fundos, o grupo continuou a se reunir. Constituíam a Congregação da Isaura Parente. Até que, em 1998, Bebé alugou, por um preço simbólico, uma outra casinha de madeira grudada a essa casa de esquina, onde a agora igreja recém-organizada se instalou.

     O grupo também esteve abrigado nas salas da Escola Lindaura Leitão, prédio que precisou ser demolido, por causa de problemas estruturais. O trabalho com crianças, à beira do igarapé, rendeu frutos, como diz Jesus, a 100 por 1. Muitas delas hoje estão casadas, firmes na igreja, discipulando os filhos nos caminhos de Jesus.

     A amizade entre Alcir e Bebé simboliza e concretiza esse estilo de Jesus, de sair por aí espalhando as boas novas do evangelho. Em sua conversa, Alcir ajudava Bebé a compreender, de maneira exata, o evangelho, tendo a Bíblia como referência.

    São fotos do mesmo dia, com umas 2 h de diferença, essa de Bebé, como faz todas as manhãs, lendo sua Bíblia na porta de casa, e essa, emblemática, de Alcir e sua amiga, pondo em dia sua conversa sadia.

     Esse tal Jesus e seu costume de se dedicar a dar de seu tempo às conversas e às pessoas. Quanto ainda temos de aprender com ele, pondo em prática em nossa vida. A conversa com Alcir despertou em Bebé, ela conta, uma santa ansiedade. Deve ser o que o salmista chama de "sede de Deus", no Salmo 42: "A minha alma tem sede de Deus".

     Bem sabia Bebé que, um dia, hospedaria em sua casa, como Alcir e Graça o fizeram, a igreja de Jesus. Mais uma igreja que começa numa casa, ou melhor, em duas casas, uma sua e outra da vizinha.

     Essas duas têm toda a eternidade para bater papo juntas. Gozado esse Jesus e coisas simples que nos ensina. Como seria muito melhor, cada vez e mais ainda melhor a vida, pondo em prática as coisas simples que Jesus ensina. 

As três amigas: Bebé, Alcir e a mana Graça.

A casa da esquina, de Graça Daniel,
que hospedou a congregação. 

A casa grudada à da esquina:
nela Bebé hospedou a igreja.

De novo, Bebé, amiga de 
Graça e Alcir, como sempre,
lendo sua Bíblia ao amanhecer.