domingo, 17 de abril de 2022

Vozes da ressurreição

    Paulo afirma que se a ressurreição de Jesus é fake, então "comamos e bebamos, que amanhã morreremos". E também que se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a essa vida, somos os mais infelizes de todos os homens.

    Há quem negue todos os milagres do Novo Testamento. Trata-se de uma espécie de dívida ou dependência para com o espírito da modernidade, que nega o maravilhoso na Bíblia, afirmando que o que a ciência não pode confirmar, não existe.

   É a subordinação de Deus à razão humana. A razão não é contrária à fé, assim como a fé não é irracional. Quem nos criou racionais foi Deus. Portanto, a fé ilumina a razão. As duas não são contrárias entre si. Ter dúvidas não é contrário à fé, mas orientar-se por fé.

   Paulo Apóstolo também afirma que se não existe ressurreição de mortos, então Jesus não ressuscitou. E se Ele não ressuscitou, então ainda permanecemos nos nossos pecados. E somos classificados como falsas testemunhas contra Deus, afirmando ter Ele ressuscitado Jesus, se de fato Ele não ressuscitou.

    Essa argumentação demonstra como é fundamental à nossa fé a ressurreição de Jesus. Toda a vida e ministério de Jesus seriam uma fraude, caso não houvesse ressuscitado.

    Paulo afirma como Jesus apareceu após ter ressuscitado, às mulheres que lhe foram ungir com unguentos no túmulo, aos apóstolos reunidos e ainda amedrontados com os mais recentes acontecimentos e a mais de 500 pessoas, caso necessário fosse contabilizar.

     Aos apóstolos saudou-os no interior de uma casa, onde estavam assustados. Mais uma vez apareceu a eles, para confrontar Tomé, que avaliava ser necessário, para a fé, ver com olhos e tocar com as mãos.

    E o mais especial foi delegar em primeira mão, a mulheres, assegurar aos apóstolos o cumprimento de todas as profecias no desfecho da salvação e vitória na cruz. Dois apóstolos, Pedro e João, este mais rápido na corrida, foram ao túmulo checar. João parou à porta e tudo logo deduziu.

    Pedro invadiu a caverna, avistou os panos, deslocados para o lado, mortalhas sem serventia, porque quem as portava delas não mais carecia. Pedro ainda demoraria a compreender o que João, de imediato, percebeu.

     Nossas vozes também são vozes da ressurreição. Porque o Espírito dá, conosco, testemunho da verdade fundamental da fé. Fazei bem em atender, como candeia que brilha em lugar tenebroso, até que Cristo, a estrela a alva, resplandeça em nossas trevas.

domingo, 10 de abril de 2022

Perfil de vida na (como) igreja

     Paulo, na carta aos Filipenses, ao mesmo tempo que traça, na introdução, um esboço de perfil para o que o crente deve esperar de si mesmo, traça, na continuidade de seu argumento, um perfil de igreja para esse crente:

     Perfil de crente:
E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus. Filipenses 1:9-11.

     Perfil de igreja:
Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Filipenses 2:1-3.

    Tanto um, quanto o outro obra de Deus, com o selo de garantia e identidade, ou simulação humana. Não nos compete ser fiscais dessa autenticidade nos outros: cabe a nós conferir se em nós ocorre o modelo autêntico ou o simulado.

    E Paulo, como que concluindo essa unidade inicial de sua argumentação, sugere aos Filipenses o que empenhar, de si mesmos, em sua prática cristã:

1. Ter em si "o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus", 2,5:

   a) inicia com a tristeza segundo Deus, 2 Co 7,10. Aqui está indicado o processo contínuo pelo qual alguém está, verdadeiramente, convertido: tristeza segundo Deus > arrependimento > salvação, encadeadas e uma produzindo e sequenciando a outra;

   b) dá seguimento com a bondade: aqui podemos lembrar o jovem rico, Lc 18,18-19, que aprendeu ser Deus o único bom, e também lembrar Rm 2,4, onde confirmamos que é a bondade de Deus e não a nossa que conduz ao arrependimento;

   c) e Rm 5,5, onde Paulo nos indica e confirma que o amor de Deus nos é derramado no coração, pelo mesmo Espírito que também é derramado desde Pentecoste. O fruto do Espírito e não os dons do Espírito é que confirmam nossa identidade.

     d) e a humildade, a 1a bem-aventurança, um conjunto de virtudes na Bíblia apresentadas, que também autenticam nossa identidade: ela nos coloca, em relação a Deus, no nosso devido lugar, Tg 4,7-10.

     Neste texto Paulo reafirma o princípio bíblico de que ser, autenticamente, igreja, é ter identidade com Cristo. O que significa, em Atos, ser testemunha, At 1,8.

     A segunda recomendação de Paulo é desenvolver a salvação. Não é estática, mas dinâmica, pois, se verdadeira, não estagna, mas se desenvolve. E Paulo alinha as razões e o modelo desse processo:

  a) "desenvolver a salvação com temor e tremor": desenvolver, no grego, significa "pôr todo o esforço". Kata + ergo. E temor é tremor representam dois graus de seriedade, mais ainda, de santidade, e Paulo vai expor por quê:

   b) porque Deus efetua em nós (ou quer efetuar) a sua vontade: Paulo diz o "querer e o realizar". Ele já havia mencionado assim em 1,6, assim como em Rm 12,1-2.

     Ser autenticamente igreja significa ter em si o mesmo sentimento que também Jesus teve e desenvolver a salvação, com temor e tremor, porque Deus opera (ou deseja, porfia por operar) em nós a Sua vontade.

     Igreja é a autêntica ação de Deus em nós. E Paulo indica nosso lugar de atuação. Reafirmando que murmuração ou contenda não podem contradizer o que está dado à igreja ser, acrescenta que estamos:

   a) em meio a uma "geração pervertida e corrupta", 2,15. O lugar onde a igreja floresce é hostil a sua presença. Lateralmente geração torta e invertida. Perverter é levar ao caminho errado, corromper, virar, verter ao inverso.

   b) nesse contexto a igreja é chamada a ser: b.1) irrepreensível;  b.2) sincera; b.3) inculpáveis filhos de Deus; b.4) luzeiros no mundo. E Paulo arremata indicando que somos sentinelas da palavra de Deus, 2,16:

"...preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente". Filipenses 2:16.

     Como em Hb 2,1:

"Pôr-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza e vigiarei para ver o que Deus me dirá e que resposta eu terei à minha queixa".

    O profeta vai completar indicando que a resposta de Deus para a sua perplexidade e vanguarda em ser sentinela é a vida por fé, contraponto da soberba.

    E com a qual se experimenta o modo único e verdadeiramente cristão de se viver, na luta e instância contra o pecado:

   a) modelo único de vida: "... logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim". Gálatas 2:20.

    b) instância da luta contra o pecado: "Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer [ou no que fizer sem certeza de fé] porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado" . Romanos 14:23.


  


sexta-feira, 8 de abril de 2022

Identidade cristã

     A identidade da igreja e, por extensão, a do cristão estão, intimamente ligadas à rejeição de Jesus. Uma rejeição sem motivo, para a qual não há uma resposta lógica. Jesus em Jo 15,18-21 já nos adverte.

    O uso do Salmo 2 pelos cristãos, em At 4,25-28, destaca tanto essa associação a Cristo quanto a inevitabilidade da comunhão dessa própria rejeição e sofrimento.

    Já em At 5,41, numa das passagens mais significativas nesse início de Atos dos Apóstolos, por ressaltar a coragem, diligência e alcance do ministério da igreja, ainda nascente, os apóstolos se alegram, porque entendem que a hostilidade contra eles indica o reforço de sua identidade.

    A perseguição contra a igreja pode não ser franca ou aberta e, como no Brasil, haver defesa jurídica, assim em relação às demais religiões, para que não ocorram perseguições.

    Mas a natuteza do evangelho, em si, sempre coloca em xeque a conduta humana esquecida de Deus, acomodada ao pecado e indiferente à necessidade de salvação.

     Portanto, quanto maior a aceitação e acomodação da igreja ao modelo do século, como menciona Paulo na carta aos Romanos 12,1-2, ou como denuncia de maneira flagrante em Fp 2,14-16, noutro texto clássico, o qual faz um paralelo entre o desenvolvimento da salvação e a capitulação frente ao mundo.

     A seguir, alguns textos que caracterizam o início da perseguição aos cristãos nos séculos iniciais da história da igreja e o link de um site que notifica fatos da perseguição atual.

Leia em segundo lugar.


Leia primeiro este.