quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Pobre diabo (ops!), ou melhor (ou pior): A síndrome de Caim

 Por mais irônico que possa parecer, esse termo se refere a pessoas. Algo como "pobre coitado". Quanto a mim, às vezes o menciono quando desejo afirmar que o demo não mais tem toda a culpa.

   Algo como afirmar que, a essa altura da existência humana, não precisamos do diabo para ser maus e a simples existência (ou não existência) de Deus não nos torna melhores.

  Claro que, teologicamente falando, Deus existe e é o Sumo bem. Por causa dEle, e somente por causa dEle, há possibilidade de sernos bons, vai depender de nossa escolha.

  Porém, graças ao império de nossa vontade, ó, como é poderosa essa nossa vontade, a escolha é nossa. Desde a conversa com Caim, quando o autor dessa narrativa assim afirmou, existe e está posta essa possibilidade de escolha. 

   ⁶ "Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? ⁷ Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo." Gênesis 4.

  Já o autor de Hebreus refere-se à virtude de Abel que, afirma ele: ⁴ "Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala." Hebreus 11.

   Mas talvez não interesse a nós ser um Abel morto, vamos continuar sendo um Caim vivo, mesmo que, ainda que eventualmente, assim supondo, afastemo-nos para longe da presença de Deus, como ele, finalmente, escolheu fazer.

   Mais vivo do que nunca. Mesmo porque, temos a ligeira impressão de que, a escolha pela fé, essa mesma feita por Abel, nos tornaria frágeis como ele. Evidente que nunca vamos admitir ter escolhido igual a Caim, esse, que sobreviveu.

     Mas fez-se a si mesmo de pobre diabo, ao invés de se arrepender, quando falou a Deus: ¹³ "É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. ¹⁴ Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará." Gn 4.  

  Nem Deus o lançava da face da terra ou de Sua presença. A escolha foi dele, de se esconder e se tornar fugitivo da presença de Deus. Pusilânime. Não se assumiu e nem a sua culpa, ainda que interpelado pelo próprio Deus.

  Digamos não somos assassinos. E nunca matamos ninguém (nem a Abel). Bem, quer dizer: não, mal, melhor (ou pior) dizendo: assassinos de reputações não podemos dizer que nunca fomos. Porque sempre haverá, na lista de nossas relações, alguém que satanizamos.

   A isso referiu-se Obadias, quando afirmou: ¹² "Mas tu não devias ter olhado com prazer para o dia de teu irmão, o dia da sua calamidade; nem ter-te alegrado sobre os filhos de Judá, no dia da sua ruína; nem ter falado de boca cheia, no dia da angústia; ¹³ não devias ter entrado pela porta do meu povo, no dia da sua calamidade; tu não devias ter olhado com prazer para o seu mal, no dia da sua calamidade; nem ter lançado mão nos seus bens, no dia da sua calamidade; ¹⁴ não devias ter parado nas encruzilhadas, para exterminares os que escapassem; nem ter entregado os que lhe restassem, no dia da angústia." Obadias 1.

   Desculpe essa longa série de "não devias" (mas também, só assim a gente dá uma lidazinha nesse profeta). Pois é ele que denuncia o nosso sutil mascaramento, o disfarce, a dissimulação, como disse Paulo a Pedro, numa dessas reuniões de ágape em Antioquia.

   ¹³ "E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. ¹⁴ Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?" Gálatas 2.

   Não proceder, corretamente, segundo a verdade do evangelho está posto como opção, assim nos ensina Pedro. Optar por corrigir esse procedimento, segundo exorta Paulo, também está posto.

   É por isso que o autor de Hebreus afirma que Abel, ainda que morto, há tanto e tanto tempo, ainda fala. Pois a fé de que era portador está viva. E posta, do mesmo modo, como opção. Caim poderia ter assim escolhido ainda na primeira conversa dele com Deus.

   E mesmo ainda após matar seu irmão, poderia ter se arrependido. Arrependimento também está posto. Dependemos dele, continuamente, toda vez que formos assaltados pela síndrome de Caim, essa de nos avaliarmos como pobres diabos (melhor, coitados). 

  Porque somente o arrependimento nos confronta com a nossa real condição. Tiago é especialmente prático, quando afirma: 

²² "Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. ²³ Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; ²⁴ pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência." Tiago 1.

   Larga mão da maquiagem. Vamos usar o espelho apenas para ela. Mas usar a palavra para nos desnudarmos diante de Deus. Exercício contínuo. Mais semelhantes a Abel do que a Caim. Nem pobres e nem diabos (ou coitados). 

   Mas isso é só uma das opções. 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

De volta ao mesmo tema

  ¹ "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; ² e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave." Ef 5.

   A pergunta é como ser imitador de Deus. Já comentamos numa pastoral. Mas aqui resolvemos retornar ao texto. Alguns aspectos introdutórios são necessários.

1. Não é uma obrigação.
Embora seja possível avaliar que, se as Escrituras segerem, deve ser uma aspiração natural, se alguém se sente constrangido a isso, não vai dar certo.

2. Espontâneo, porém não natural
Não natural, porque diversos hábitos nossos deverão ser alterados. Não significa que deixaremos de ser humanos. Não podemos imitar a natureza divina. Mas o caráter e as virtudes, sem dúvida.

3. Requer humildade, como primeiro passo
Tudo na relação com Deus requer humildade. Esta é a principal virtude de Jesus. E a vaidade autossuficiente é o principal vício de Satanás, transmitido à condição humana.

4. Requer aprendizado
Sim, acesso à palavra de Deus. Mas também o contexto da igreja. Se não se entende que na eclésia de Jesus, na reunião do grupo é que são compartilhadas as experiências, não haverá aprendizado.

5. Requer a prática do amor
Deus é amor. Imitar Deus tem como primeiro passo exercer essa virtude multifacetada. Se alguém simular amor, desvirtua a imitação de Deus. Amor é um mandamento irrestrito.

¹ "Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, ² completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. ³ Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. ⁴ Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Filipenses 2.

Na igreja: (1) por exortação que há em Cristo; (2) por consolação do amor; (3) pela comunhão que há no Espírito; (4) por afetos e misericórdias entranhados.

Completa-se a alegria:
(1) unidade de pensamento; (2) todos no mesmo amor; (3) unidos de alma; (4) ter o mesmo sentimento (de Cristo); (5) nada por partidarismo/vanglória, senão humildade; (6) cada um o outro a ele superior; (7) não o que é seu, senão o que é dos outros.

   A síntese é ter em si o mesmo sentimento de Jesus. Sentimento é algo que se constrói. Deus em nós constrói seu amor. "Aquele que começou boa obra em nós, há de completá-la". O que pode, afinal, atrapalhar?

   Deus compatilha conosco sua natureza. Para tanto, não foi somente retórico, mas se fez homem em Jesus. E o nosso batismo em Jesus, por meio do Espírito, torna possível esse compartilhamento de natureza.
   O texto abaixo revela ser essa participação um dom de Deus: ³ "Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, ⁴ pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo." 2 Pedro 1.

   1. Deus, pelo seu divino poder, doa tudo ("todas as coisas") que conduzem à vida e å piedade;
  2. O conhecimento completo de Deus nos proporciona essa benção;
  3. Deus nos chamou à sua própria glória e virtude;
   4. Pelo poder, pelo conhecimento e pela vocação nos são doadas Suas preciosas e mui grandes promessas;
   5. Essas promessas nos fazem coparticioantes da natureza divina.

   Será esse o meio pelo qual nos tornamos imitadores de Deus? Pois Paulo, aos Efésios, nos apresenta outro texto, desta vez indicando o amor como o traço característico da plenitude de Deus:

   ¹⁸ "...a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade
¹⁹ e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus." Efésios 3.

   1. O primeiro elemento do texto é a conjunção "a fim de", indicando uma finalidade, no caso, dessa oração;
  2. Ele esclarecce que é compreender dimensões que revelam plenitude, representada por essa quatro medidas;
  3. E desse processo provém o conhecer o amor de Cristo que, contraditoriamente, excede todo o entendimento;
  4. A consequência final é "ser tomado de toda a plenitude de Deus"

   Imitação de Deus, portanto, requer o que Deus, por sua iniciativa, propõe ser e realizar. Aliás, Paulo assim menciona aos Filipenses:

¹² "Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; ¹³ porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade." Filipenses 2.

   Sim, "Deus efetua em nós tanto o querer, como o realizar, segundo a sua boa vontade". Compartilha conosco a sua natureza e nós quer, como Ele mesmo é, plenos de amor.

  Restaura, em Cristo, a nossa favor, a Sua imagem e semelhança como nos criou. E, para isso, fez-Se homem na Pessoa do Filho. Este Filho que não usurpou para Si ser igual a Deus.

   Não podemos ser o que não nis5 compete. A vida cristã não é mídia de consumo, máscara de vaidade, com  qual pretendemos esconder nossa humanidade distorcida pelo pecado.

  Permitamos que Deus restaure em nós sua imagem. Trabalhemos nosso caráter a fim sermos imitadores de Deus, como filhos amados, andando em amor como Jesus andou.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Recordando a vigília 2023/2024

 

E vem chegando o novo ano

Com ceia planejada

                                                            
                               Direção do culto

  

    
Testemuhos: irmã Cravina e Jorge


  
Irmãos Wisley e Maria José

Cânticos de louvor

  
                                    Pregação

Apresentação da criançada

Descontração com a revelação dos

  
 amigos ocultos: Adriele e Lívia

 
Irmã Ligia, Marx e Vanessa

  
Ana Luísa e Wisley

Pastor e irmã Cristina

 
 Regina e Gecer

   
Irmã Lúcia, Wisley Filho e Jorge

  
E se repetem os amigos

E agora só eles

E agora só elas

E a gente importante

E somente a sobremesa

E um 2024 com muita seriedade 
e muita pose para...

Todos

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Imitadores de Deus

 ¹ "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; ² e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave." Ef 5.

   Aí o cara exagerou. Ainda que seja Paulo, com toda essa sua estatura, devocional, espiritual e teológica, dizer: "Sede imitadores de Deus".

  Vamos admitir. Sugerir que seja possível, imitar o Altíssimo não poderá ser Fake. Senão, não faz sentido supor essa possibilidade.

   Bem, fica ao gosto do freguês essa imitação? Certamente não. Admite-se um (certo, determinado, pressuposto) critério.

  Porque se não houver critério, retorna-se ao meramente suposto, longe, muito distante do possível. E tudo se torna uma brincadeira de mau gosto.

   Inconcebível no contexto sério de uma epístola paulina. Então vamos a essa possibilidade, já constatada, plenamente exequível, definindo em que termos.

  Deus se permite imitar, sem que isso soe irreverente. Ainda que haja a distância presumível e comprovada entre a Sua Pessoa e a nossa pessoa.

  Ora, então há uma proximidade. Óbvio. Para se pensar e exercer essa imitação, já está pressuposta um aproximação. Sem arremedos.

  Não se trata de pantomima, mas se exige precisão. A imitação de Deus sugere-se matemática. Virtudes, pois a identidade entre Pessoas só existe ao nível da Trindade.

   Aliás, foi importante mencioná-la, porque a imitação de Deus é o precípuo propósito dela. Deus se permite imitar, o Filho torna isso possível e o Espírito aplica.

  Há perfeita sincronia entre os Três, que aspiram seja esse o nosso propósito. Aliás, a continuidade do trecho acima já indica o ambiente ou contexto em que seja possível pôr em prática.

   "Andar em amor como Cristo". A afinidade entre Pai e Filho está posta como padrão ao pleno alcance. E, como homem, o Filho foi pleno, todo o tempo, no Espírito.

  Portanto, a imitação do Pai foi algo que Jesus plenamente praticou, plenamente assistido pelo Espírito. Por isso Paulo escreveu também: "Sede imitadores de Cristo".

  E Paulo Apóstolo pôs-se a si mesmo como modelo, exortando a que nisso o imitem atestando, conclusivamente, ser isso possível: ¹ "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo." 1 Coríntios 11.

   Imitar Deus inclui refletir demoradamente em Sua Pessoa. Sem pedantismo. Desprovidos totalmente de presunção. Às vezes, é tão intuitivo e, disssimuladamente, admitida uma certa "espiritualidade de carregação", porém inautêntica.

   Seria melhor fôssemos tais quais o publicano: "Sê propício a mim, pecador". E o que está posto e propício é ser imitador de Deus. Plausível. Exequível. Pleno.

Cântico para reflexão:
"Dá-um coração igual ao Teu, meu Mestre."

domingo, 18 de fevereiro de 2024

A legenda da igreja


Eu sou a videira: 1ª afirmação.
1. Definidora: Jesus, a videira; Deus, operário da videira; a igreja, ou seja, nós as varas dos frutos.

1.1. ramo que dá fruto/ramo que não dá fruto: salvos e não salvos; 1.2. ramo que dá fruto é limpo e produz mais frutos; 1.3. a palavra é que santifica ou limpa o ramo; 1.4. ramo limpo permanece em Cristo e este nele permanece.
   Exortação: ⁴ "Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim." João 15.

Eu sou a videira: 2ª afirmação
  2. Consolidadora: 2.1. Jesus é a videira; 2.2. somos os ramos; 2.3. permanecemos nele; 2.4. produzimos frutos; 2.5. sem Jesus, nada.
  Exortação: 2.2.1. permanecer nele para não ser lançado fora; 2.2.2. permanecer em Jesus e as palavras de Jesus em nós; 2.2.3. pedir a Deus o que quisermos e será feito; 2.2.4. a glória do Pai são os frutos da igreja; 2.2.5. aqui começa o ser discípulo.

   A escola do amor
3. Como o Pai amou Jesus, ele nos ama, permaneçamos no amor dEle.
3.1. É guardando as palavras de Jesus que no amor dele se permanece: Jesus guardou as palavras do Pai e no amor do Pai permanece.
3.2. A alegria de Jesus na igreja reside em nEle permanecermos e ele em nós.
3.3. O mandamento de Jesus é que nos amemos uns aos outros.
3.4. Jesus é modelo do amor: dar a vida pelos amigos e, no amor, somos amigos.
3.5. de servos a amigos e a filhos e ainda a não saber o que um dia seremos/somos.
   Síntese final: ¹⁶ "Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. ¹⁷ Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros." João 15.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Reino de Deus

⁶ "Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?" Atos 1.

   Fazer uma crítica aos apóstolos, por esse teor de pergunta, é inopinado, embora a pergunta possa ter sido inoportuna.

   Inopinado, quero dizer, precipitado porque usar opinião própria para criticar, neles, essa ânsia pela manifestação do reino de Israel, esbarra numa postura comum a todos nós.

  Que é justamente a ânsia pelo poder. Reino tem a ver com poder. E nós ansiamos por poder. Quando não é o nosso próprio, será de, pelo menos, vê-lo exercido a nosso favor.

   A violência, por exemplo, é uma forma de poder. Mas exercida contra nós, rejeitamos. Porém, exercida a nosso favor, bem, quem sabe não terá sido, assim, tão justificavelmente necessária?

  Deve ser por saber que, como dizem as Escrituras (e, desta vez, incontestavelmente verdadeiro), somos pó e para lá, certamente, retornaremos, daí, talvez, essa ânsia por poder e, então, derivativamente, pelo reino.

    Para que tenhamos uma falsa sensação de plenitude. De novo as Escrituras, num texto em Isaías, que se supõe denunciar a rebelião celestial do anjo do mal, ele diz:

   ¹³ "Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados do Norte. ¹⁴ Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo." Is 14.

   Eva, no paraíso, enganada como ela mesma admitiu, foi quando foi estimulada a ser como Deus, do mesmo modo que esse anjo decaído:

 ⁵ "Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal." Gênesis 3.

   Quando aspiramos a um reino, desse mesmo modo, seja como o anjo mau ou como Eva, decaímos. Certa vez, os fariseus também perguntaram pelo reino:

²⁰ "E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes e disse: O Reino de Deus não vem com visível aparência. ²¹ Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está dentro de vós." Lucas 17.

   Esse é o reino de Deus. Se Deus não reinar, ninguém mais reina. O reino dos homens é fugaz e ilusório. Somos pó e ao pó tornaremos. Somente Deus resgata da cova a nossa vida.

   E a cova moral começa antes da cova física. Uma decorre da outra. Mas Deus:

¹³ "Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, ¹⁴ no qual temos a redenção, a remissão dos pecados."
Colossenses 1.

   Somente Deus, nenhum outro, ninguém mais, liberta-nos do império das trevas. O reino humano é o império das trevas. O reino de Deus é o reino do Filho do seu amor.

   O reino de Deus está (ou não está) dentro. Se é, está dentro. Se não está dentro, não é reino de Deus.  Porque está onde Deus habita. E onde Deus não habita, é o império das trevas. 

   Não somos nós a reinar. Sejamos humildes e nos submetamos a Deus. Não aspiremos a ser reizinhos de nosso próprio reino. Porque, além de ilusório e ridículo, será temerário.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Missão da igreja (ou missão na Bíblia)

 ²² "E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, ²³ a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas." Efésios 1.

³⁵ "...e o nome da cidade desde aquele dia será: O Senhor Está Ali". Ezequiel 48.

Há uma missão específica para a igreja? Caso afirmativo, como pode ela compreendê-la, nela focar a aprimorar-se?

   ¹⁸ "Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.
¹⁹ Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ²⁰ ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século." Mt 28.

   A partir desta palavra de Jesus, podemos deduzir que a igreja, sim, tem uma missão:

1. Pela autoridade a Ele conferida;
2. O envio dela para:
2.1. fazer discípulos; 2.2. batizá-los em nome da Trindade; 2.3. esniná-los a guardar a palavra de Jesus;
3. Há uma promessa de contínua mentoria.

   Jesus está dizendo: (1) discipulem, (2) batizem e (3) ensinem. Para cumprir sua missão, a igreja necessita de preparo. Os dons à ela distribuídos pelo Espirito Santo são capazes de a suprir com os recursos necessários.

   O modelo de envio, batismo e discipulado é o próprio Jesus. Porque Deus envia seu Filho ao mundo, Ele passa pelo batismo da morte e ressurreição e Ele mesmo é modelo de aprendizado.

1. Jesus enviado ao mundo: Jo 3,17;
2. O batismo de Jesus: Lc 12,50;
3. O aprendizado de Jesus: Hb 5,8-9.

  A igreja incorpora a si a missão que, anteriormente, fora concedida ao povo de Israel, desde a promessa feita a Abraão: ³ "... em ti serão benditas todas as famílias da terra." Gn12.

   A promessa feita a Abraão cumpriria-se em Israel, caso se mantivesse fiel à aliança feita com o Senhor Deus:

⁵ "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha;
⁶ vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel." Êxodo 19.

   Essa promessa foi, agora, delegada à igreja, pela autoridade e pela mediação de Jesus:

⁹ "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; ¹⁰ vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia." 1 Pedro 2.

   O modelo de missão da igreja, individualmente, replica o mesmo modelo de missão do Antigo Testamento, somente que agora direcionado, como menciona o Apocalipse, "a toda tribo, língua, povo e nação".

1. O mesmo modelo de vocação: Moisés, Josué, Samuel, Davi, Isaías;
1.1. Moisés: tipificou Jesus pelo modelo profético da Páscoa, na liberação do jugo do pecado;
1.2. Josué: tipificou Jesus pelo modelo profético de entrada no descanso da terra prometida;
1.3. Samuel: tipificou Jesus, como modelo profético de juiz, profeta e sacerdote;
1.4. Davi: tipificou Jesus pelo modelo profético de um rei de justiça;
1.5. Isaías: tipificou Jesus pelo modelo profético de evangelista, ao anunciar o Messias.

2. O mesmo modelo de adestramento por meio da palavra;
3. O mesmo modelo de envio, em nome do Senhor que vocaciona.

  Exemplos da época do Novo Testamento:

Jesus: modelo de missão
1. Em tudo o que disse;
2. Em cada contato com cada pessoa;
3. Em tudo o que fez até a cruz

A conversão é batismo em Jesus Cristo não somente para a salvação, mas também para a missão:

1. A definição da época em Mc 1,14-15:
¹⁴ "E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho do reino de Deus, ¹⁵ e dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho." Mc 1.

2. A definição da função das Escrituras em Lu 24,25-27: ²⁵ "E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! ²⁶ Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? ²⁷ E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras." Lucas 24.

3. A definição da tarefa da igreja em At 1,8: ⁶ "Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? ⁷ Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; ⁸ mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra." Atos 1.

1. A vocação dos apóstolos;
1.1. O chamado para ser igreja: grupo de transição, laboratório da futura igreja;
2. A vocação do seio da igreja primitiva;
2.1. Exemplos como Paulo, Estêvão e Timóteo;
3. A vocação atual, para fora das Escrituras.
3.1. Como se identifica hoje a vocação.

A proposta do "tudo": educando a mente (e a vida)

 ⁸ "Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento." Filipenses 4.

   (1) Uma lista de estados mentais definidos por termos claros e correlatos; (2) Uma pergunta irônica, a título de provocação; (3) Uma recomendação solene que seja aplicada à mente de cada um.

   E, a seguir, uma proposta obrigatória, caso o interesse seja a santidade prática, aplicável pelo modelo de igreja, ou seja, ser modelo:

   ⁹ "O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco." Filipenses 4.

   (1) O aprendido, recebido, ouvido e visto; (2) seja praticado; (3) como condicionante para a presença real de Deus no viver.

    A carta aos Filipenses, em seu texto, até chegar nesse trecho, já indica, de modo prático ao cristão, um modelo permanente de conduta. Vejamos mais atrás, no texto:

   ¹ "Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias". Fp 2.

   Primeiro conceito: a motivação é Jesus, não há outra. Não nos enganemos, porque em ninguém e em nós não há uma aura de vaidade que nos ponha como automodelo (automóvel).

   Para completar a alegria, somente o modo de ser igreja se aplica (rever Romanos 12,1-2): o culto é 24h por dia. Já se sentiu oprimido? Não pense que é por Deus. Tiago nos socorre:

   ¹³ "Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. ¹⁴ Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. ¹⁵ Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte." Tiago 1.

   Lembra da tentativa de Satanás, por meio dos amigos de Jó, convencê-lo de que estava sendo tentado por Deus. Lembram de quem primeiro supôs, para Jó, esse argumento?

   Recomendação para ser manso e humilde no acolhimento da palavra:

¹⁹ "Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. ²⁰ Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus. ²¹ Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. ²² Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. ²³ Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; ²⁴ pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. ²⁵ Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar." Tiago 1.

    Paulo então explica o perfil permanente de igreja: completar a alegria: (1) pensar a mesma coisa; (2) ter o mesmo amor; (3),ser unido de alma; (4) ter o mesmo sentimento; (5) nada fazer por partidarismo ou vanglória (vaidade de novo) mas por humildade; (6) considerar o outro superior a você mesmo; (7) não ter em vista a si próprio, mas ter em vista o irmão.

   E Paulo cita (1) o sentimento de Cristo; (2) exorta a desenvolver a salvação; (3) afirma que é Deus quem opera (ou não) o querer e o realizar; (4) menciona onde e como se dá a performance (5) menciona Timóteo como modelo:

   ¹⁵ "... para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo,
¹⁶ preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente." Fp 2.

   Paulo não está depreciando o mundo lá fora, mas está expondo nossa própria origem, pois é de lá que viemos.

   ¹⁹ "Espero, porém, no Senhor Jesus, mandar-vos Timóteo, o mais breve possível, a fim de que eu me sinta animado também, tendo conhecimento da vossa situação. ²⁰ Porque a ninguém tenho de igual sentimento que, sinceramente, cuide dos vossos interesses; ²¹ pois todos eles buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo Jesus. ²² E conheceis o seu caráter provado, pois serviu ao evangelho, junto comigo, como filho ao pai. ²³ Este, com efeito, é quem espero enviar, tão logo tenha eu visto a minha situação." Fp 2.

   Modelo de Timóteo no seguimento do exemplo de Paulo:

   ¹⁰ "Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, ¹¹ as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, — que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor. ¹² Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. ¹³ Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados." 2 Tm 3.

   O lugar das Escrituras nessa proposta:

   ¹⁴ "Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste ¹⁵ e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. ¹⁶ Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, ¹⁷ a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra." 2 Tm 3.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

É amor ou é fake

 ⁴ "Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa." Oséias 6.

   Presumimos amar. Ora, sem dúvida, cabe a nós sempre avaliar em que grau. Porque não há intensidade e nem tipos de amor, ou seja, não se ama muito ou pouco e nem há variedades de amor.

    Ama-se. Ponto. Ou não se ama. Como diz João Apóstolo: ²⁰ "Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso." 1 Jo 4.

   Primeira lição: ou se ama, autêntico, com o amor de Deus, ou então é fake. Segunda lição: o que não é amor verdadeiro, é ódio disfarçado. Amor fingido só tem esse nome.

  Antes de dizer, pura emotividade, "Ó, Senhor, como eu te amo!", vamos aprender com Deus, o que é amor. É João, que assim afirma "Deus é amor", vai também dizer: "Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?" 1 Jo 4.

E quanto a isso, Jesus ensina:

  ¹⁰ "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço."Jo 15.

   Ou seja, (1) guardar os mandamentos de Jesus permite (2) permanecer no amor de Jesus (3) do mesmo modo que Jesus assim procedeu em relação ao Pai.

   Não há como permanecer no amor sem permanecer em Cristo e Sua palavra. E isso é a essência do amor e da vida com Deus.

   Nosso amor, como Deus denuncia, por boca de Oseias, é como Efraim e Judá, uma nuvem da manhã, ou orvalho da madrugada: cedo passam.

   A nós, sim, cabe avaliar se e como amamos. Mas quem nos preside nisso é Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Sem mediação da Trindade, não amamos.

   Como chega a nós o amor de Deus? Porque o que chamamos amor e como o praticamos, tem prazo de validade. E quando mantido somente por nosso valor, é falso. Cedo passa.

   Qual amor, então, e como amar? A autoria do amor está em Deus. Jesus é a mediação desse amor. O Espírito nos aplica no viver. Este é autêntico.

   O essencial do amor reside na relação pessoal com Deus. Aprendemos por meio da palavra de Deus. Jesus é a palavra que se faz carne. NEle somos batizados, para que se cumpram em nós todas as possibilidades do amor.

   Paulo Apóstolo afirma que conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, é ser tomado de toda a plenitude de Deus. Sejamos, antes de tudo, humildes. Para reconhecer que amor é o principal milagre de Deus em nossa vida.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

De onde provém a conversão em Cristo

 ¹⁷ "Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, ¹⁸ obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, ¹⁹ os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza. ²⁰ Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, ²¹ se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, ²² no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, ²³ e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, ²⁴ e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade." Efésios 4.

   Definição geral de Paulo sobre o que significa conversão: de (1) "não mais andar como andam os gentios" para (2) "renovar-se no espírito do entendimento".

    Características do não convertido ou como andam os gentios:
(1)  na vaidade dos seus próprios pensamentos: ⁴ "Eis o soberbo! A sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela fé", Hc 2. Não andar como andou Salomão, sem o temor do Senhor. ¹² "Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; ¹³ porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade." Fp 2.
(2) obscurecidos de entendimento: a conversa de Deus com Caim: ⁶ "Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? ⁷ Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo." Gn 4.
(3) alheio å vida de Deus: como os adversários de Neemais, que não enxergavam a reconstrução no retorno do exílio: ¹¹ "Porém eu disse: homem como eu fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo para que viva? De maneira nenhuma entrarei. ¹² Então, percebi que não era Deus quem o enviara; tal profecia falou ele contra mim, porque Tobias e Sambalate o subornaram." Neemias 6.

   Veja como está associado à mente a obra que Deus realiza na conversão: ela é metanoia, meta = mudança e noia, nous = mente:
(1) aprender a Cristo: nas Escrituras, Deus ensina: ⁴⁵ "Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim." João 6; Jesus ensina: ¹³ "Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou." Jo 13; e o Espírito ensina: ¹³ "Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir." Jo 16.
(2) despojar-se do velho homem (que se corrompe continuamente): ⁹ "Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, ¹⁰ E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" Cl 3.
(3) revestir-se do novo homem: ¹ "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. ² Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; ³ Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus." Cl 3.

   Associado à mente: (1) aprender Cristo; (2) ser instruído segundo a verdade em Jesus; (3) não se corromper no engano; (4) renovar-se no entendimento; (5) renovar-se no novo homem: justiça e retidão procedentes da verdade.

Recomendação final, só possível a verdadeiramente convertidos:

¹² Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; ¹³ Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. ¹⁴ E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição. ¹⁵ E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. ¹⁶ A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração. ¹⁷ E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai." Cl 3.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Falando do nojo

    Repulsa, repugnância, asco. Ter ódio ou aversão por. Náusea. Interessante que, se formos tratar de modo objetivo, nós mesmo somos os primeiros a produzir substâncias nauseabundas.

   Caso frequentemos o sanitário de nossa própria casa, o que produzimos é mal cheiroso e terá de ser, rapidamente, eliminado. E se for pelo descuido e descaso nacional, neste país, um dos menos tratáveis no quesito esgoto, seguirão a céu aberto o objeto de nojo de todos da cidade.

   Seja ela aqui, seja acolá. De norte a sul, leste a oeste, nossos rios estão super poluídos de nosso enojo. Agora passemos ao trato com o outro no quesito nojeira. Minha sogra dizia ser lindo o obrar do netinho dela, no caso, meu filho.

   Mentira. Fedorento como o normal de todos. Enfermeiros tratam, nos hospitais, desde asseio no leito, para quem não pode se banhar por si, até ministração de comadres ou patinhos, para quem não pode usar o sanitário, e restos contaminados de infecções e outras afetações.

   Exemplos do nojo objetivo, que todos nós produzimos, sem fim, até a repugnância final do corpo putrefato, meu e teu, muito nosso, na urgência por sepultura ou cremação. Mas o nojo de que quero tratar é outro, sutil e subjetivo, oculto, muita vez por refinada hipocrisia.

   Lembrem deste texto: ²⁷ "Neste ponto, chegaram os seus discípulos e se admiraram de que estivesse falando com uma mulher; todavia, nenhum lhe disse: Que perguntas? Ou: Por que falas com ela?" João 4.

   Que tipo de "admiração" permeou a mente dos discípulos, ao divisar Jesus em diálogo com a samaritana? Porque se João anota não ter havido questionamentos, não significa dizer que não ocorreu estranheza.

   E que natureza de estranheza? A leitura que fizeram era que Jesus não deveria estar ali sozinho conversando com aquele tipo de mulher. É instantâneo o nojo.

   Ele nos assalta com tremenda rapidez. De nosso recôndito, de onde procede a urdidura daquilo que nossa mente produz, sem que tenhamos nenhum domínio ou controle. Sobe desse mundo abissal que todos temos dentro.

   A ponderação vem depois. E pode ser dourada de uma máscara social, envernizada com magistral hipocrisia. Sim, esse processo é nojento. Em dois sentidos.

   (1) Pelo nojo que produzimos, a despeito do (ou pior, contra o) outro; (2) Por ser nojento, em si, esse processo instintivo, animal, do teor e tecitura de nossas entranhas.

   Eu lembro de Tiago, tentando indicar o circuito do pecado, desde sua origem: ¹⁴ "Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. ¹⁵ Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte." Tiago 1. Haveria outra rota para sentimento tão vil?

   E noutro texto, mais uma vez Tiago nos adverte: ¹⁴ "Mas, se em teu coração há inveja amargurada e ambição egoísta [ou sentimento faccioso, noutra versão], não encubram a verdade com vanglórias e mentiras. ¹⁵ Porque essas coisas não são a espécie de sabedoria que vem do alto; antes, são terrenas, mundanas e demoníacas. ¹⁶ Pois onde há inveja e ambição egoísta, também há confusão e males de todo tipo." Tiago 3.

   Tiago é mestre em nos revelar de onde, dentro de nós, procede tudo o que é profundamente nojento mas, desta vez, não escoa pelo ralo da casa, mas se esconde por detrás de uma máscara social com a qual nos revestimos.

   Os apóstolos sentiram repugnância pela samaritana, porque, além de mulher, era samaritana e, vestida do nojo deles, de má fama e conduta. Triste assim. Ou, como Tiago diz: terreno, animal e demoníaco. Nem a atitude, que provinha de Jesus, por iniciativa dele, proporcionou neles uma reflexão que lhes bloqueasse o nojo.

   Deus não sente nojo, porque sacrificou na cruz o Seu Filho, de modo a que pudesse oferecer perdão e remissão do pecado, Jesus Cristo: ¹⁴ "O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras." Tito 2.

   Deixa de nojo. Éramos nojentos, repugnantes como todos são e todos somos. Mas Deus nos santificou para Si, purificando-nos, para nos apresentar com o cheiro de Cristo: ¹⁵ "... somos para com Deus o bom perfume de Cristo". 2 Co 2.

   Cuidado para que o teu olhar, cuidemos para que o nosso olhar não atribua nojo a quem Deus enxerga com toda a expectativa do Seu amor.
   

Quem?

⁴¹"Quem prepara aos corvos o seu alimento, quando os seus pintainhos gritam a Deus e andam vagueando, por não terem que comer?" Jó 38.

   Deus ou Darwin? Este último propôs uma hipótese de trabalho, em meados do século XIX, que até os dias atuais está vigendo.

  Trata-se da (1) ancestralidade comum e da (2) seleção natural. Daí a famosa teoria da evolução. Todos viemos de uma célula-mãe ancestral e, os que sobreviveram, é porque na luta pela adaptação, foram vencedores.

  Neste texto não pretendemos expor, com detalhes, a(s) ideia(s) de Darwin, mas responder à pergunta que, em seu diálogo com Jó, o próprio Deue faz.

   Quem? E a reposta é Deus. Ele mesmo. Ou seja, em Sua retórica, Deus, na conversa com Jó, deseja que ele compreenda cada qual no seu lugar.

   Isso não descarta a ciência. O quanto Darwin tem razão, em suas deduções, a própria ciência tem, por método, comprovar. E ela é muito inteligente para isso.

  E sumamente autocrítica. Se e quando equivoca-se, é a primeira a declarar. E isso se repete com muita frequência, porque método, hipóteses, teoria e teoremas são sua especificidade.

   Deus disse: ³ "E disse Deus: Haja luz; e houve luz." Gênesis 1. Até aqui, Darwin chegou. Sim, porque a ciência supõe que a matéria não seja eterna, tendo surgido quando fótons se chocaram e fundiram-se.

   O apelido do fóton é luz. Então, Deus disse: "Haja fótons". Empataram ciência e Bíblia. E para constatar que a ciência cria as circunstâncias para provar o que afirma, existe o LHC - Large Hadron Collider.

   Um tremendo túnel subterrâneo, de 100 km de extensão, circular (26,7 km de diâmetro e 7 m de profundidade), situado na periferia da cidade de Genebra, Suíça, que existe para que eles colidam partículas, para provar que assim surgiu a matéria. Haja luz.

   Há outros pontos de contato entre Bíblia e ciência. Quando, por exemplo, toda a pesquisa relacionada a outros planetas, principalmente os chamados exoplanetas, ou seja, muito semelhantes à Terra.

   Porque sempre se procura a água. Pois a ciência deduz que, na origem da vida, foi nos oceanos primordiais que se deram as transmutações de milhões e milhões de anos, quando moléculas, surgidas desse milk-shake, resolveram se tornar células.

   Ariano Suassuna ridiculariza essa possibilidade. Mas as Escrituras dizem: ² "A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas." Gênesis 1. Para as Escrituras e para a ciência, água é fundamental e o começo de toda a química.

   Por falar em química, frequentemente há uma leitura equivocada do seguinte versículo do Gênesis: ⁷ "Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente." Gênesis 2.

   Porque aqui duas afirmações definem o homem: (1) Deus manufaturou, modelou o homem a partir do pó da terra; (2) insuflou nas narinas alma vivente. Costuma-se, então, ilustrar essa passagem demonstrando-se um boneco de barro recebendo, pelas narinas, um sopro divino.

   Nada mais equivocado. Ser alma vivente, para o ser humano, significa ser uma soma de elementos químicos orgânicos animado por força vital. Que, para a ciência, tem origem, função e manutenção biológica.

   Mas para as Escrituras, é fôlego divino, tem origem, função e manutenção divina: ²⁴ "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. [...]  ²⁸ ... pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração." At 17.

   Ser tomado da terra, corresponde ao processo químico que torna possível que o corpo humano processe o que provém da terra e, ao morrer, retorne a ela como adubo.

   E finalizando, resta mencionar o que o Gênesis define como condição inicial da terra imediatamente antes de sua formação: ² "A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas." Gênesis 1.

   Havia trevas sobre a face do abismo. Que trevas? Será que a ciência pode explicar? Porque ela supõe que o universo, esse que ela mesma disseca, por meio de telescópios cada vez mais sofisticados, pressupondo-o infinito e em expansão.

    Mas ela atesta que essa parcela infinita e em expansão, representa apenas 5% de tudo que o compõe, porque o restante, os cerca de 95% é formado de  matéria escura, sobre a qual pouco se sabe, apenas que é essencial ao equilíbrio dele.

    Quem? É Deus quem pergunta. Por que, de forma retórica, Deus faz essa pergunta ao seu amigo Jó? Para que ele reflita sobre a grandeza de Deus. Porque por meio do que foi criado, Deus se torna conhecido.

   ¹ "Os céus proclamam a glória de Deus,  e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. ² Um dia discursa a outro dia,  e uma noite revela conhecimento a outra noite. ³ Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; ⁴ no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo." Salmos 19.

   Sabes quem? Podes já chamá-Lo de Pai? Então, repete comigo: Aleluia! 🙌🏻