domingo, 25 de fevereiro de 2024

De volta ao mesmo tema

  ¹ "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; ² e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave." Ef 5.

   A pergunta é como ser imitador de Deus. Já comentamos numa pastoral. Mas aqui resolvemos retornar ao texto. Alguns aspectos introdutórios são necessários.

1. Não é uma obrigação.
Embora seja possível avaliar que, se as Escrituras segerem, deve ser uma aspiração natural, se alguém se sente constrangido a isso, não vai dar certo.

2. Espontâneo, porém não natural
Não natural, porque diversos hábitos nossos deverão ser alterados. Não significa que deixaremos de ser humanos. Não podemos imitar a natureza divina. Mas o caráter e as virtudes, sem dúvida.

3. Requer humildade, como primeiro passo
Tudo na relação com Deus requer humildade. Esta é a principal virtude de Jesus. E a vaidade autossuficiente é o principal vício de Satanás, transmitido à condição humana.

4. Requer aprendizado
Sim, acesso à palavra de Deus. Mas também o contexto da igreja. Se não se entende que na eclésia de Jesus, na reunião do grupo é que são compartilhadas as experiências, não haverá aprendizado.

5. Requer a prática do amor
Deus é amor. Imitar Deus tem como primeiro passo exercer essa virtude multifacetada. Se alguém simular amor, desvirtua a imitação de Deus. Amor é um mandamento irrestrito.

¹ "Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, ² completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. ³ Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. ⁴ Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Filipenses 2.

Na igreja: (1) por exortação que há em Cristo; (2) por consolação do amor; (3) pela comunhão que há no Espírito; (4) por afetos e misericórdias entranhados.

Completa-se a alegria:
(1) unidade de pensamento; (2) todos no mesmo amor; (3) unidos de alma; (4) ter o mesmo sentimento (de Cristo); (5) nada por partidarismo/vanglória, senão humildade; (6) cada um o outro a ele superior; (7) não o que é seu, senão o que é dos outros.

   A síntese é ter em si o mesmo sentimento de Jesus. Sentimento é algo que se constrói. Deus em nós constrói seu amor. "Aquele que começou boa obra em nós, há de completá-la". O que pode, afinal, atrapalhar?

   Deus compatilha conosco sua natureza. Para tanto, não foi somente retórico, mas se fez homem em Jesus. E o nosso batismo em Jesus, por meio do Espírito, torna possível esse compartilhamento de natureza.
   O texto abaixo revela ser essa participação um dom de Deus: ³ "Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, ⁴ pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo." 2 Pedro 1.

   1. Deus, pelo seu divino poder, doa tudo ("todas as coisas") que conduzem à vida e å piedade;
  2. O conhecimento completo de Deus nos proporciona essa benção;
  3. Deus nos chamou à sua própria glória e virtude;
   4. Pelo poder, pelo conhecimento e pela vocação nos são doadas Suas preciosas e mui grandes promessas;
   5. Essas promessas nos fazem coparticioantes da natureza divina.

   Será esse o meio pelo qual nos tornamos imitadores de Deus? Pois Paulo, aos Efésios, nos apresenta outro texto, desta vez indicando o amor como o traço característico da plenitude de Deus:

   ¹⁸ "...a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade
¹⁹ e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus." Efésios 3.

   1. O primeiro elemento do texto é a conjunção "a fim de", indicando uma finalidade, no caso, dessa oração;
  2. Ele esclarecce que é compreender dimensões que revelam plenitude, representada por essa quatro medidas;
  3. E desse processo provém o conhecer o amor de Cristo que, contraditoriamente, excede todo o entendimento;
  4. A consequência final é "ser tomado de toda a plenitude de Deus"

   Imitação de Deus, portanto, requer o que Deus, por sua iniciativa, propõe ser e realizar. Aliás, Paulo assim menciona aos Filipenses:

¹² "Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; ¹³ porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade." Filipenses 2.

   Sim, "Deus efetua em nós tanto o querer, como o realizar, segundo a sua boa vontade". Compartilha conosco a sua natureza e nós quer, como Ele mesmo é, plenos de amor.

  Restaura, em Cristo, a nossa favor, a Sua imagem e semelhança como nos criou. E, para isso, fez-Se homem na Pessoa do Filho. Este Filho que não usurpou para Si ser igual a Deus.

   Não podemos ser o que não nis5 compete. A vida cristã não é mídia de consumo, máscara de vaidade, com  qual pretendemos esconder nossa humanidade distorcida pelo pecado.

  Permitamos que Deus restaure em nós sua imagem. Trabalhemos nosso caráter a fim sermos imitadores de Deus, como filhos amados, andando em amor como Jesus andou.

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