quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Leituras Bíblicas - 2

    A leitura dos livros proféticos implica conhecer o contexto em que pregaram. Desse modo, nossa compreensão do texto será mais exata. 
    Os livros 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas nos fornecem informações sobre esses reis, na época de quem os profetas pregaram. Seus nomes, geralmente, aparecem no primeiro versículo do livro. 
    Assim, Isaías, que profetiza na época de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. Enquanto isso, os profetas Amós e Oseias profetizavam contra o reino do Norte, cuja capital era Samaria.
   No primeiro versículo desses dois livros consta os reis no período de quem profetizam. Veja que em Oseias são mencionados os mesmos reis que em Is 1,1 e mais o rei Jeroboão, do Norte.
   E, em Amós, é mencionando somente Uzias, rei no Sul, capital Jerusalém, e o mesmo Jeroboão, mencionado em Os 1,1. Veja as informações sobre esse Jeroboão em 2 Reis 14,15-23.
   Ele reina durante 51 anos, mesmo tempo de Uzias, no Sul, com a diferença de que aquele "fez o que era mau aos olhos do Senhor", 2 RS 14,24, ao contrário de Uzias.
   Mas as informações, na sua quase totalidade, negativas sobre Jeroboão II aparecem nas profecias de Amós e Oseias. Pelo que observamos, o profeta Amós prega na época desse rei, correspondendo em Judá ao período de Uzias.
    Portanto, a ordem cronológica de atuação desses profetas foi Amós, Oseias e Isaías. Porque este último assinalou o ano da morte do rei Uzias, Is 6,1, como a data de seu chamado. 
   Então, embora a ordem dos livros, no Antigo Testamento - AT seja Oseias - [Joel] - Amós, este profeta atuou antes de Oseias. Atenção, este Jeroboão aqui citado é chamado "segundo", porque na época da morte de Salomão outro Jeroboão, chamado "primeiro", separou as 10 tribos do Norte e fundou esse reino, em separado das tribos do Sul.
    Esses três profetas são também conhecidos como Profetas do século VIII, antes de Cristo - a. C., porque pregaram cerca de 750-700 anos antes de Jesus nascer. 
    Portanto, é interessante ler em conjunto esses três profetas. O livro maior, do profeta Isaías, costuma ser dividido em três partes: proto-Isaías, Cap. 1-39; deutero-Isaías, Cap. 40-55; e trito-Isaías, Cap. 56-60.
   Essa subdivisão tem a ver com a progressão de temáticas no livro, assim como a cronologia da coleção dos textos e a edição final e publicação dessas coleções. 
   Bom proveito em sua leitura e pesquisa.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Leituras bíblicas - 1

Isaías
      A região maior de Judá, com sua capital em Jerusalém, na segunda metade do séc VIII a. C., assinala a época e lugar de atividade desse profeta.
      Seu ministério se inicia, como indicado no cap. 6 do livro, no ano da morte do rei Uzias. No final, portanto, do período de uma líderança marcante.
     Em todos os sentidos deixou grande lacuna, após reinar por 52 anos, tendo iniciado ainda adolescente, aos dezesseis. Excelente administrador político, líder militar e empreendedor de obras públicas. 
    Reforça as muralhas da cidade, impõe derrota aos filisteus, centenários inimigos dos israelitas, arma e lidera um exército de cerca de 300 mil soldados. Inventor de artefatos de guerra, sua fama se espalhou na antiguidade.  Ver 2 Crônicas 26,1-14.
     O relato da vocação do profeta inicia num tom de lamento, demarcado um tempo de crise: "No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor", Is 6,1. 
    A introdução do livro profético indica o tom negativo do perfil do povo de Israel, da duas e meia tribos do sul, Judá, Simeão e parte de Dã. Basta dizer que são comparados a Sodoma e Gomorra: "Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra". Isaías 1,9.
     Algumas descrições feitas pelo profeta, nesse início de profecia, delineiam o perfil da condição espiritual do povo e qual será a tônica para adiante, em todo o livro:

1. Deus reclama da fidelidade do povo, que se tornou nula: "Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; porque o Senhor tem falado: Criei filhos, e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim. O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende". Isaías 1,2-3.

2. A condição espiritual do povo é  a um enfermo, portador de feridas abertas incuráveis: Por que seríeis ainda castigados, se mais vos rebelaríeis? "Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo". Isaías 1:5,6

3. De nada adiantava ao povo, de modo formal, dirigir culto a Deus, se a sua conduta não apresentava uma contrapartida de santidade

3.1. "De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes". Isaías 1,11;

3.2. "Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios?" Isaías 1,2;

3.3. "Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade associada a ajuntamento solene". Isaías 1,13;

3.4. "As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer". Isaías 1:14;

3.5. "Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue". Isaías 1:15

    Apesar desse quadro desanimador, que torna irreconhecível o povo que Deus desejava que fosse padrão de santidade, Ele mesmo convida ao arrependimento. 
    Até mesmo faz uma concessão surpreendente: Deus quer ouvir as razões do povo, ainda que não haja, mas se propõe a ouvir sua confissão de verdadeiro arrependimento.
    E é o único que pode transformar a condição do povo. O texto abaixo apresenta essa proposta, expondo a paciência de Deus em receber a sua confissão, predispondo-os ao arrependimento. 

      "Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas. Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã".

Isaías 1,16-18

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O pesadelo de Abrão
   
   "E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele".  Gn 15:12
    Entre entender e não entender com clareza as promessas de Deus, de que foi alvo, Abrão altercava com o Altíssimo, sempre procurando referenciais para as certezas que não tinha.
   Em mais essa vez, Deus as repetiu. Mas Abrão não via nexo entre elas, avaliando que a sua condição pessoal em nada apontava para as concretizações que deduzia.
    Mesmo assim, as Escruritas assinalam que ele creu em Deus o que, para o Altíssimo, significa justificação, em todos os sentidos. 
    Uma vez, pelo próprio Altíssimo, atestada a fé, é imputada justiça ao que crer. Mas isso não impede que pesadelos assaltem os que creem.
   Aliás, é bom que creiam: a superação dos pesadelos virá, cedo ou tarde. Nessa conversa-crise entre Deus e Abrão, o Altíssimo falava do cumprimento das promessas antecipadamente feitas ao patriarca. 
    Mas Abrão não entendia a amplitude delas. Deus usava a vinculação étnica dele com os descendentes que nem tinha, como prova física concreta, para dizer que a bênção que o patriarca não enxergava, com clareza, alcançaria, não somente sua família de DNA mas, família de fé, todas as famílias da terra.
    Não antes sem pesadelos. Muitos, pelos quais o próprio povo que dele descendeu vivenciou, ao longo da história. Para mencionar dois, na antiguidade, os exílios das 10 tribos do Norte, capital Samaria, em 722 a. C., sob os assírios.
    Do mesmo modo, o das tribos do Sul, capital Jerusalém, em 587 a. C., pelos babilônios. E, já na chamada "idade moderna", inclua-se o quase extermínio sob a opressão nazista, no período que medeia 1933 a 1945. Haja pesadelos.
    O salmista, num dos pequenos cânticos de romagem, Salmo 126, relembra que "quando o Senhor restaura a sorte, ficamos como quem sonha". Não há como evitar os pesadelos. 
    Assim como não há como evitar que, pior do que pesadelos, a realidade nua e crua nos avassale com tragédias sem nenhuma lógica ou justificativa, como foi na covardia de Caim.
     Ao ser humano cabe transformar pesadelos em realidade. Esta é a avaliação das Escruritas: "E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente". Gn 6,5. Essa é a realidade. 
    O pesadelo de Abrão foi constatar que mesmo o povo de Deus atravessa esse deserto. Mas Deus lhes restaura a sorte e ficamos como quem sonha. "Restaura, Senhor, a nossa sorte". Sl 126,4.

sábado, 18 de janeiro de 2020

Posição

       Muito interessante dizer que, nos primórdios de toda a criação, o Espírito de Deus pairava. A questão aqui é sua posição. Cremos ser Deus o Pai, ser Deus o Filho e ser Deus o Espírito Santo.
      Não são três deuses. E cada qual tem sua personalidade distinta. Mas são o mesmo, assim como íntimos em sua relação. 
      Deus revelou-se no Filho. É de sua (de Deus) natureza revelar-se todo. Não se pense, a seu respeito, que ocultou de Si ao se mostrar no e pelo Filho. 
     Em algumas de suas atitudes, diria eu até nas essenciais, Deus é radical: ama de modo radical e incontido, definitiva e indistintamente, todos. 
     Oferece, do mesmo modo radical, a todos e toda a sua graça. Para salvar, de uma vez o faz, na dependência da obra que realiza no e pelo Filho. 
    Não economiza em salvar. Não dá e retoma. De uma vez. Mas é necessário crer, única e exclusivamente, na obra do Filho. Dependência total da obra do Filho para a salvação.
    Salvação do quê? Salvação é radical. É a diferença entre estar/não estar em Deus. Ou, se preferir definir assim, estar ou não estar Deus em você. 
     Um Ser como Deus que assim, radicalmente, se revela, guarda confidências. Não saber de Deus, não significa que não tenha se revelado todo. 
    Porque não cabe em nossa compreensão. Não O abarcamos, do mesmo modo que Ele a tudo abarca. Mas o Espírito o sonda, dEle tudo sabe, nada do Espírito Deus esconde (e nem poderia).
    Em Sua individualidade, tom principal de Sua personalidade, é ser o Espírito aquele que a tudo sonda e, como denuncia as Escruritas, até as "profundezas de Deus".
     E também de todos os homens. Paulo Apóstolo, ao se referir a esse atributo delineador da personalidade do Espírito, compara à mesma qualidade que, no homem, tem seu próprio espírito.
     O Apóstolo afirma que, do mesmo modo quanto à personalidade de Deus, o Espírito a sonda e Deus dele nada esconde, do seu próprio humano espírito, dele o ser humano nada esconde.
    Pecado é a tentativa do homem em violentar e tentar esconder do seu próprio espírito seu erro. Esconder de si mesmo tudo que lhe é vil. Tentativa vã.
    E o próprio Espírito de Deus também tudo sabe e tudo sonda em toda a humanidade. Vive para aproximar Deus dos homens/mulheres, visto conhecer os desígnios de Deus, assim como toda a mazela humana.
     A delegação do Espírito é que Deus e homem experimentem comunhão. O Espírito anseia e pulsa por efetivar essa comunhão. Talvez seja por isso que Tiago tenha dito, em sua epístola, que por nós anseia com ciúmes esse mesmo Espírito. 
     Somente o Espírito de Deus pode desvendar a nós mesmos nosso íntimo. E nos fazer cessar dessa fuga desenfreada a partir de nós para longe de nós mesmos. Não há essa rota de fuga.
     Cessou seu esforço. Ninguém consegue fugir de si mesmo. Exilar-se de si. Uma prisão. A não ser que o Espírito venha habitar em você, libertando, por trazer a intimidade de Deus para comunhão contigo.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Reunião de Planejamento - Agenda

Reunião de Planejamento

     Caros irmãos: realizamos a primeira Reunião de Planejamento do ano. Algumas agendas ficaram marcadas até o Carnaval e outras serão compromisso permanente:
1. Agendas até o Carnaval:
1.1. A irmã Cravina está verificando a possibilidade de realizar, ainda em janeiro, o 1o Curso de Culinária. A culminância será o MasterChef Quinari: um domingo de almoço na chácara com receitas preparadas pelas mães.
1.2. Retiro de Carnaval: neste ano, haverá 2 (duas) noites na chácara: as crianças chegarão na manhã de sábado de Carnaval e voltarão a casa na segunda, após o café da manhã. 
 1.3. Conselheiros para o Retiro: teremos cerca de 15 crianças do bairro e mais as da igreja. Precisamos de, pelo menos, 4 (quatro) Conselheiros. Eles receberão orientação, manterão contato antecipado com seus aconselhandos e previamente vão orar pela vida dessas crianças.
1.4. Pontualidade nas Programações da Igreja: conversamos sobre a importância de apego à Bíblia, para quem deseja mudança e maior dedicação neste ano. A Igreja oferece a você: (A) Escola Dominical, domingo, às 18h; (B) Culto "A Igreja vai a sua casa", todas as terças, às 19h30; (C) O púlpito aos domingos, sempre após a Escola Dominical. NÃO DEIXE DE SER PONTUAL E COMPAREÇA. 
1.5. Revistas de Escola Dominical: para as crianças, na chácara, na igreja também e para jovens e adultos deveremos adotar, para que haja um roteiro fixo de conteúdos, bem como aproveitamento no estudo, em casa, durante a semana.
1.6. Reforço Escolar: já agendado, para 1o de fevereiro, o primeiro Reforço Escolar de Língua Portuguesa. Desejamos ajudar as crianças a progredir e se sentir motivadas em seus estudos. 
1.7. Desafio 12 dias no ano: além da ida quando há eventos, desejamos que cada família agende idas à chácara. Para tanto, responda ao questionário postado no grupo, ajudando a identificar seu talento, a fim de avaliar no que será útil em sua aplicação às necessidades desse ministério. 

      Acompanhe a Agenda da Igreja. Não deixe que os dias se escoam, na continuidade deste ano, sem que você renove o seu compromisso com Deus. Abraços. 

      Pr Cid Mauro.

sábado, 4 de janeiro de 2020

A não ser que

    Sobre a existência ou não de Deus, há uma contradição básica. Os que nEle não acreditam, acusam-nos de sermos dependentes da resolução de nossas fragilidades. 
    Acreditaríamos em Deus, porque o divino resolveria, em vida, nossos problemas insolúveis e, ao fim, solveria a própria morte.
    Ora, não vemos assim Deus solucionando todos os problemas do crente. Aliás, se  Bíblia é reconhecida como o livro, por excelência, da fé,  logo a primeira história não apresenta essa finalidade utilitarista reclamada pelos ateus. 
   Ao contrário, contando a história de Caim e Abel, mostrando que a fé deste de nada adiantou para evitar que o próprio irmão o matasse, definitivamente, um marketing horrível, logo de cara, para a fé.
   E não é só isso. Se admitimos que o livro está certo e verdadeiro ao descrever uma conversa de Deus com o assasssino, tentando (no bom sentido) dissuadi-lo de sua intenção, deu em nada. 
   Donde se deduz que o argumento de que, em vida, crê-se, em Deus, na expectativa do livramento de apertos, ora, generalizando a lição e método acima, não se espere muito. 
   Sem falar na opção de Deus que, ao invés de prevenir o "seu chegado" Abel, procurou o gente ruim, na tentativa de convencê-lo a mudar de ideia, talvez, mais ainda, a se converter. 
    Abre-se, então, outro leque de argumentação, desta vez sobre a opção divina. Poderíamos até refletir, pelo menos provisoriamente, com a cabeça de Caim. Eu, me converter? A um Deus que, caso alguém, traiçoeiramente, prentenda me assassinar, não serei antecipadamente prevenido. 
   De novo, um péssimo marketing para a fé, pelo menos, para quem diz que os que creem, fazem-no na expectativa de auferir vantagens do Deus. Acho esse argumento pueril.
   Bem, então, previamente já sabendo que, entre as vantagens de se crer, definitivamente, não consta um seguro total de vida sem custos, resta saber se, ao final, pelo menos com relação à morte perdurará alguma vantagem.
    Pelo menos,  com relação a Abel, ficam os elogios que a Bíblia lhe dedica. Já é uma vantagem. Morto, ainda fala. Resta saber o que Abel fala. Certamente, nunca será dizer que, por seu "meu chapa" de Deus, um tremendo "gente boa" e nutrir uma fé que agradava ao Altíssimo, essa mesma fé nunca dirá que lhe garantiu integridade física. 
    Caso alguém avalie ser vantagem elogios póstumos, pode até adotar fé. Se acha que, definitivamente, somente para isso a fé serviria. Mas, e com relação à própria morte?
    Descartado o argumento de que atentados à vida, doenças, carestias, injustiças, em geral, serão obstaculizadas pela fé, resta saber, então, se há garantias em relação à morte.
    Bem, o ponto central da fé, na Bíblia, é a ressurreição de Jesus. Portanto, os que creem, como primeiro ponto de fé, descansam nessa certeza. Mas vejam bem, não é o medo da morte que conduz à fé. 
     Ela não depende de dados estatísticos, como num "controle de qualidade" ou teste de utilidade ou funcionalidade. 
      Os que creem, estão conscientes de que crer não traz vantagens imediatas, como imunidade a desastres e fatalidades, ou ainda, uma vez verificada, em vida, essa não disponibilidade da fé restaria, pelo menos, a ida ao paraíso, depois da morte.
      Respeitosamente, afirmamos que, de nada entendem da promessa bíblica sobre a fé aqueles que a avaliam como salvaguarda, enquanto em vida, e passaporte para o paraíso, após a morte. Não, desculpem: vocês não entendem nada de fé. 
    "Sem fé é impossível agradar a Deus". Não. Esta afirmação não se trata de uma imposição divina. É porque cremos para agradar a Deus. Só isso. Em resposta a Sua graça e ao Seu amor para conosco. 
    Não cremos para escapar de bala perdida, doença terminal ou acidente fatal no trânsito. Mesmo porque, pelo menos em relação a essas fatalidades, cito nominalmente crentes que foram por elas acometidos. 
    Definitiva e, finalmente, você não entende nada de fé. A natureza dela é agradar Deus em resposta a Sua graça e ao Seu amor. Achamos graça em Deus. Por isso cremos nEle. Não há o tipo de vantagem que você atribui. 
     Não há o tipo de troca pretendido, que só cabe dentro do seu senso de avaliação. Nunca vai entender.  A não ser que, um dia, creia.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Contarei tudo que puder - 1


Infância no Interior
  Introdução:
        Com muita emoção e profunda gratidão inicio, hoje, dia 24/09/94, precisamente às 6 (seis) horas e 21 (vinte e um) minutos a contar para o meu querido filho (porque as bênçãos do Senhor Eterno e Pai Celestial são tão numerosas...). Sim, tudo que puder contar, porque não sou daqueles que ficam aguardando a segunda bênção, pois são tantas, que se tornam impossíveis de ser mensuradas. 
         Quero fazer ressaltar nesses meus escritos o desejo de testemunhar do meu Senhor e Salvador, Jesus Cristo,  que me reconciliou com o Pai Celestial e me ensinou a amâ-lo com toda a minha alma, entendimento e força, e me fez sua testemunha. Sempre apreciei e admirei a escritura do Profeta Isaías 43,10: "Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais e entendais que eu sou o mesmo; antes de mim Deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá." E não posso interromper por aqui a Santa palavra do Senhor amado, e com a devida vênia transcreverei a escritura de Isaías 43, além do verso 10 (dez) até o verso 13, e assim continua o Eterno a falar: "Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador. Eu anuncie, e eu salvei, e eu o mostrei, e Deus estranho não houve entre vós; portanto vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor. Eu sou Deus; também de hoje em diante, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?".
          Não estou escrevendo autobiografia. Nem teria condições para tal. São apenas alguns dados de minha pessoa de servo do Deus Eterno, que quero deixar para o meu filho Cid Mauro,  a seu pedido. Possivelmente ele viu, com a inteligência que o Eterno lhe deu e como pastor e professor que é, queria escrever algo mais tarde sobre seu pai, que serviu de veículo do Pai Celestial para trazê-lo a este mundo! Há uma palavra de nossa língua portuguesa que sintetiza tudo o que quero dizer: GRATIDÃO! Profunda gratidão ao Senhor da Glória que fez por mim tudo que tentarei relatar ao meu filho Cid Mauro.

Onde mesmo?

Primeiro dia
    Eu, por exemplo, já passei por 62 viradas de ano.  Evidentemente, das primeiras delas não me lembro. Aliás, as tantas outras também não anotei uma a uma.
    Se eu me debruçar agora, serão detalhes e retalhos. Se bem que, ainda me lembro deste traço da infância, com retalhos bem se faz uma colcha. 
    Mas não quero abordar aqui pedaços de lembranças. Mas sobre o que é igual e diferente nas viradas de ano. Inegável que são momentos emocionantes. 
    E tirante os excessos, a alegria contagiante é franca e plenamente legítima. Jesus, um natural e espontâneo festeiro, fico imaginando, que dificuldade teria para ajustar sua agenda nesses dias.
     O ser humano tem essa profunda necessidade de marcar essas datas com festa, símbolo que são de renovação em suas vidas. Confraternização, gastronomia, música, os fogos de artifício. 
     Mas o que e de que modo, verdadeiramente, vai se renovar? Nós evangélicos costumamos reivindicar uma certa capacidade, à frente dos demais mortais, de perceber e valorizar determinados aspectos da existência. 
    Por exemplo eu, desde pequeno nessa crença, ouvi muitas vezes: "só o crente sabe o que é verdadeira felicidade"; "só o crente sabe o que é verdadeira liberdade, diferente de libertinagem"; "o crente não tem vício: não bebe, não fuma, não transa com a mulher do vizinho" etc.
    Como se o evangelho, conforme a Bíblia o apresenta e como devesse ser entendido se resumisse nesse ser ou não ser desses modos de ser acima, entre outros de natureza semelhante ou mesmo método de conduta. Há quem proceda assim, autointitulando-se ateu.
   Por isso especificamente nesta virada de ano, nesse começo da segunda década do século XXI chega-se a um impasse: despersonalização do que significa "ser crente", tremendo aumento dos "desigrejados", um vexame da marca "evangélico" na mídia média e um grupo de "heróis da resistência" tentando manter a identidade dessa coisa toda dentro das igrejas em crise. 
    Feliz Ano Velho, diz um livro do filho do engenheiro civil e político Rubens Paiva, Marcelo Rubens Paiva. Depois, largando este texto, pesquise sobre a vida dos dois, fundamentalmente lendo esse livro. Aqui desejo usar o seu título, apenas.
    Se Deus existe e você que lê este texto acredita nisso, precisa dar voz a Ele. Porque se Deus existe e é mudo, sem, ao menos, falar Libras, Deus de nada adianta. Mas, se Deus fala, Deus renova. "Farei novas todas as coisas", disse Isaías, um profeta, em nome dEle. 
    Mas como saber que Ele fala? Qual a voz que, sem equívocos, é a Sua? Será a voz das religiões? Talvez. Já foram razão de guerras, genocídios, perseguições, discriminações, fanatismos, fundamentalismos, enfim. Religiosos, mais ainda, "autoridades religiosas", adiantaram-se nas acusações a Jesus e depois não admitiram tê-lo matado. 
    Deus fala pela Bíblia? Também já foi mal usada, quando imposta ou mesmo rejeitada sem motivos. Não é livro nem cristão e nem judeu, embora dela, a pretexto, a humanidade tenha inventado tanto o cristianismo quanto o judaísmo. 
   A humanidade é prodigiosa em inventar religiões. Será que Deus fala pela natureza? Vamos ouvir nela Sua voz ou vamos seguir a ideia "científica" do acaso? A sopa oceânica primordial, em constante mutação, atingida por fenômenos meteorológicos, provocou o surgimento ocasional da primeira molécula. 
    Como dizia Ariano Suassuna, um dia, a molécula disse: "Vou virar célula". Afinal, como localizar a voz de Deus? Será que ele fala no íntimo? Você só pode negar a fé de uma só pessoa: a sua própria. Pode até formar a mesma parceria com outros que não creem. 
    A fé do ateu também é fé. Diferente da outra. Os que creem que Deus existe, também têm seus parceiros de fé. São duas igrejas, com doutrinas diferentes: aquelas dos que têm fé em Deus e a dos que têm fé em não Deus. Cada qual com seus argumentos. Ateísmo, mais um -ismo, não escapa de ser mais uma religião.
      Se Deus existe, para Ele, tudo verdadeiramente, renova-se. Acima, o grupo de "heróis da resistência", ainda dentro das igrejas em crise, creem nesse tipo de Deus. Jesus, certa vez,  perguntou-se se, em seu retorno à terra, encontraria, ainda, fé (aqui, a dos que creem no Deus).
    Quem sabe, quem sabe...
    Deus renova. Ele não precisa de ser renovado. Nós é que precisamos. Caminhamos para a morte. Mais dia, menos dia. Mais ano, menos ano. Eu sinceramente espero que, daqui a um ano, 1° de janeiro de 2021, eu esteja podendo escrever no meu novo modelo de smarth e você esteja aqui lendo. 
   Comecei este ano desejando renovar-me. Não preciso renovar Deus. Ele se renova por Si mesmo. Sua imutabilidade não significa que seja avesso ao novo. Mas busque ouvir sua voz. Para não inventar "Deus". Para não inventar outra religião. Ora, escolha uma dessas que estão por aí.
   Mas cuidado para não fanatizar-se, saindo por aí, falando "em nome de Deus", sem nunca tendo-O ouvido. Mas, onde está mesmo a voz de Deus