sábado, 18 de janeiro de 2020

Posição

       Muito interessante dizer que, nos primórdios de toda a criação, o Espírito de Deus pairava. A questão aqui é sua posição. Cremos ser Deus o Pai, ser Deus o Filho e ser Deus o Espírito Santo.
      Não são três deuses. E cada qual tem sua personalidade distinta. Mas são o mesmo, assim como íntimos em sua relação. 
      Deus revelou-se no Filho. É de sua (de Deus) natureza revelar-se todo. Não se pense, a seu respeito, que ocultou de Si ao se mostrar no e pelo Filho. 
     Em algumas de suas atitudes, diria eu até nas essenciais, Deus é radical: ama de modo radical e incontido, definitiva e indistintamente, todos. 
     Oferece, do mesmo modo radical, a todos e toda a sua graça. Para salvar, de uma vez o faz, na dependência da obra que realiza no e pelo Filho. 
    Não economiza em salvar. Não dá e retoma. De uma vez. Mas é necessário crer, única e exclusivamente, na obra do Filho. Dependência total da obra do Filho para a salvação.
    Salvação do quê? Salvação é radical. É a diferença entre estar/não estar em Deus. Ou, se preferir definir assim, estar ou não estar Deus em você. 
     Um Ser como Deus que assim, radicalmente, se revela, guarda confidências. Não saber de Deus, não significa que não tenha se revelado todo. 
    Porque não cabe em nossa compreensão. Não O abarcamos, do mesmo modo que Ele a tudo abarca. Mas o Espírito o sonda, dEle tudo sabe, nada do Espírito Deus esconde (e nem poderia).
    Em Sua individualidade, tom principal de Sua personalidade, é ser o Espírito aquele que a tudo sonda e, como denuncia as Escruritas, até as "profundezas de Deus".
     E também de todos os homens. Paulo Apóstolo, ao se referir a esse atributo delineador da personalidade do Espírito, compara à mesma qualidade que, no homem, tem seu próprio espírito.
     O Apóstolo afirma que, do mesmo modo quanto à personalidade de Deus, o Espírito a sonda e Deus dele nada esconde, do seu próprio humano espírito, dele o ser humano nada esconde.
    Pecado é a tentativa do homem em violentar e tentar esconder do seu próprio espírito seu erro. Esconder de si mesmo tudo que lhe é vil. Tentativa vã.
    E o próprio Espírito de Deus também tudo sabe e tudo sonda em toda a humanidade. Vive para aproximar Deus dos homens/mulheres, visto conhecer os desígnios de Deus, assim como toda a mazela humana.
     A delegação do Espírito é que Deus e homem experimentem comunhão. O Espírito anseia e pulsa por efetivar essa comunhão. Talvez seja por isso que Tiago tenha dito, em sua epístola, que por nós anseia com ciúmes esse mesmo Espírito. 
     Somente o Espírito de Deus pode desvendar a nós mesmos nosso íntimo. E nos fazer cessar dessa fuga desenfreada a partir de nós para longe de nós mesmos. Não há essa rota de fuga.
     Cessou seu esforço. Ninguém consegue fugir de si mesmo. Exilar-se de si. Uma prisão. A não ser que o Espírito venha habitar em você, libertando, por trazer a intimidade de Deus para comunhão contigo.

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