domingo, 8 de setembro de 2019

Olhai a flor da pitangueira

       Doença crônica é persistente. Não se cura num curto espaço de tempo. E talvez nunca se cure. Minha mãe carregava consigo uma doença crônica. Mas não morreu por causa dela.
      A Bíblia denuncia uma doença crônica que todos carregamos conosco, cuja morte é efeito colateral. Só que, nesse caso, ela define a cura. É o único livro que define como doença, único livro que indica a cura.
      Sim, morte, porque defuntos são de total e inteira confiança. Antes de você criticar o Altíssimo, por ter instituído a morte como o fim da trajetória do pecado, no ser humano, considere que quando for um defunto, você será alguém de inteira confiança. 
      Pois a nossa condição humana, como portadores dessa doença crônica, com todos os seus efeitos colaterais, não nos permite enxergar beleza à volta. Quem viu que a pitangueira floriu?
      No seu tempo. As mangueiras também floriram. E isso é prenúncio dos frutos. As cigarras estão zoando. E cai chuva temporã. A natureza segue seu curso.
     E o ser humano segue o seu próprio. O único ser que se divorcia da natureza. Esse é mais um sintoma de sua doença. A natureza segue um curso, o homem outro, contrário. 
     Ainda depende, direta e indiretamente, dela. Mas a cobiça se tornou seu principal motor. Dadivosa, a natureza poderia, com sobra, suprir-lhe o sustento. Mas o homem entrou em desequilíbrio consigo mesmo, com o outro e com ela.
     Esse tripé do conflito humano drena toda a sua energia. A vida do homem no planeta não segue mais o curso que a natureza ensina. Por isso não enxerga nela os sinais de vida.
     Na perda desse equilíbrio, reside o descaminho na terra. A cegueira para a flor que nasce. A surdez para o passarinho que canta. A insensibilidade para o outro.
     A falta de amor. As compensações para suprir a falta de vida vicejante. Por exemplo, a religião, com seu culto, sua ortodoxia, seus rituais e todo preconceito contra quem inventou outra diferente. 
     Jesus pensava e agia diferente. Olhaí os lírios no campo, que não trabalham ou fiam, mas nem Salomão lhes ultrapassa em beleza. E não estejais ansiosos de coisa alguma.
     Deve ser a ansiedade que nos impede de olhar à volta. Gratidão a Deus por nos ensinar a olhar, ouvir, enxergar, sentir e cheirar a criação.

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