quarta-feira, 26 de abril de 2023

O crente Abraão

"Considerem o exemplo de Abraão: "Ele creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça", Gl 3,6.

    A carta aos Gálatas foi escrita num momento sensível. O judaísmo instituído, após seu envolvimento na crucificação de Jesus, quis assimilar o que os apóstolos divulgavam que representou tudo ocorrido.

   Por isso os chamados judaizantes, infiltrados nas igrejas da Galácia, queriam sabotar e anular o resultado do ministério de Paulo Apóstolo.

   Não havia importância sobre o que era dito. Se conseguissem que aqueles novos convertidos assumissem os rituais judaicos, principalmente a circuncisão, sua tarefa estaria muito bem fundamentada.

   Paulo, de modo lúcido, expõe com clareza o que não é uma novidade. E que se, no período anterior à vinda de Jesus, essa ideia era latente, após a vinda de Jesus, tornou-se patente.

   Porque Paulo vai falar da graça, do batismo no Espírito Santo e da justificação, única exclusivamente, pela fé. Pois todas essas características da relação do homem/mulher com Deus sempre foram válidas.

   Antes da vinda de Jesus, a humanidade já era alvo da graça de Deus, a ação do Espírito Santo nos que creram tornava possível neles a conversão e sua justificação, perante Deus, sempre foi por fé.

   Por isso Paulo evoca Abraão. Crer em Deus e, portanto, ser salvo, única e exclusivamente, por fé, sempre foi válido. E Deus escolhe e chama Abraão de amigo para, por ele, firmar esse princípio único e válido para todos.

   Coincidentemente, Abraão é considerado patriarca tanto do Judaísmo, como do Islamismo e ainda do Cristianismo. Isso é sintoma da marca de sua relevância.

   A humanidade toda, praticamente, subdivide-se sob a influência dessas três grandes religiões. Que até quando se digladiavam, entre si, em guerras fratricidas, marcaram a geopolítica do planeta.

   Pois Deus não é nem do Judaísmo, nem do Islamismo e nem do Cristianismo. Elas, essas grandes religiões, representam sistemas soerguidos ao longo de séculos que, de um modo ou de outro, aspiram por refletir uma fé genérica monteísta.

    São sistemas humanos. Paulo pode ser classificado, sim, como um dos destaques do cristianismo, visto que suas cartas refletem a feição cristã. Nessa carta aos Gálatas ele está definindo, exatamente, fronteiras entre a fé cristã autêntica e feições do Judaísmo.

    Mas Abraão não é cristão, judeu ou muçulmano, no sentido de pertencimento religioso. Abraão reprenta uma escolha e vocação de Deus, a qual firma, mais do que sistemas religiosos seculares, o modelo divino de relacionamento com a humanidade.

   Sem dúvida há de cumprir um papel decisivo, o que vagamente reconhecem essas três grandes religiões. Mas, para Deus, esse papel é lúcido, modelar e definitivo porque, para Deus, o justo viverá por fé.

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