terça-feira, 25 de outubro de 2022

Castelo Forte

      

     "Castelo Forte", Ein feste Burg ist unser Gott, em alemão (Fortaleza Poderosa é o nosso Deus) um dos hinos preferidos da tradição Protestante, considerado o “Hino de Batalha” da Reforma Protestante, pelo efeito produzido no apoio à causa reformista.

   John Julian indica quatro teorias sobre sua origem, segundo: 

1. Heinrich Heine: foi cantado por Martinho Lutero e seus companheiros, quando entraram em Worms em 16 de abril de 1521, para a Dieta; 

2. K.F.T. Schneider: foi um tributo ao amigo de Lutero, Leonhard Kaiser, executado como um mártir protestante, em 16 de agosto de 1527; 

3. Jean-Henri Merle d'Aubigné, cantado pelos príncipes luteranos alemães, quando entraram em Augsburg, para a Dieta em 1530, na qual a Confissão de Augsburgo foi apresentada; e 

4. de que foi composto em conexão com a Dieta de Speyer (1529), na qual os príncipes luteranos alemães apresentaram o seu "protesto" ao Imperador Carlos V, que queria reforçar o seu Édito de Worms (1521).

    O mais antigo hinário em que aparece é o de Andrew Rauscher (1531), sendo provável que ele figurasse no hinário de Wittenberg, de Joseph Klug, de 1529, do qual não existe cópia. 

   Seu título era “Der xxxxvi. Psalm. Deus noster refugium et virtus (Salmo 46. Deus é o nosso refúgio e fortaleza). 

   É provável que tenha figurado no Hinário de Wittenberg, de Hans Weiss de 1528, também extraviado, o que reforça a ideia de que fora escrito entre 1527 e 1529, já que os hinos de Lutero eram impressos imediatamente após serem escritos.

   Sem dúvida, Lutero possuíra o hinário dos morávios, Ein Neu Gesengbuchlein (Um Novo Hinário), editado por Michael Weiss, em 1531. 

  Testemunha do martírio dos anabatistas e conhecendo sua hinologia, concordava com eles que o cântico do culto deveria ser congregacional, e não somente dado ao clero. Por isso, pensava em coletâneas de hinos para a congregação e corais no seu próprio idioma.

   Em 1524, ele se expressou:

   “Desejava, seguindo o exemplo dos profetas e anciãos da igreja, dar salmos alemães ao povo, quer dizer, hinos sacros, para que a palavra de Deus pudesse habitar entre o povo por meio do canto também”. 

   Portanto, procurou outros músicos que com ele se unissem, para providenciar essa nova modalidade de cânticos.

   Exemplo foi o mui hábil Johann Walther que, em 1524, publicou o primeiro de muitos hinários: Geistlich Gesang Buchlein (Caderno de Cântico Espiritual), no prefácio do qual, Lutero escreveu:

  "...que o cantar de cânticos espirituais seja agradável a Deus, não é escondido de qualquer irmão [...] sendo reconhecido por todos e pela cristandade universal. São Paulo também afirma em I Co 14, e ordena aos Colossenses que cantem salmos e cânticos espirituais ao Senhor, nos seus corações, espalhando a Palavra de Deus e o ensino de Cristo por toda a terra, praticados de toda a maneira. Como um bom começo e para encorajar aqueles que possam fazer melhor, eu e outros temos ajuntado certos cânticos espirituais com o intuito de espalhar e dinamizar o Santo Evangelho, que agora, pela graça de Deus, emergiu de novo, gloriando-nos de que Cristo é a nossa Fortaleza e Cântico, não conhecendo nós nada para cantar ou dizer senão Jesus Cristo nosso Salvador, como Paulo diz em I Co 2.”

   Neste hinário, Lutero reuniu muitos hinos e salmos, adaptando as músicas das missas para que expressassem a fé bíblica. Aproveitou também melodias folclóricas do seu povo, que fossem apropriadas para cultuar a Deus, não associadas a letras impróprias.

    Ele disse “Não pretendo deixar para o Inimigo as melhores melodias!”. O bom gosto dele e musicalidade, o estudo cuidadoso da Palavra, provido de fé, concederam idoneidade na escolha da música certa para o culto. 

 Quando Calvino afirmou que somente se deveriam cantar Salmos, entre outros que diziam não se usassem outras modalidades de músicas, Lutero replicou:

   “Não sou da opinião de que, pelo evangelho, todas as artes devessem ser banidas e lançadas fora, como alguns fanáticos querem que creiamos. Quero ver todas as artes, principalmente a música, no serviço daquele que as criou e no-las deu. A música é a bela e gloriosa dádiva de Deus [...] A música transforma os homens em pessoas mais gentis, mais autocontroladas e mais razoáveis.”

   Uso do hino por grandes composotores:

1. João Sebastião Bach tomou-o como tema básico da sua cantata nº 80; 

2. Beethoven dele fez um cânon para vozes masculinas; 

3. Meyerbeer usou-o em sua ópera “Huguenots”; 

4. Mendelssohn utilizou-o em sua Sinfonia da Reforma; 

5. Wagner, na célebre “Marcha do Imperador”, que escreveu para comemorar o vitorioso regresso do Imperador Guilherme, após a Guerra Franco-Prussiana; 

6. Debussy apresentou-o no nº 3 de suas peças a dois pianos, intituladas “Em preto e branco”.

   Isto para só citar as principais apropriações deste renomado Coral de Lutero. Foi traduzido para várias línguas, sendo que a tradução em língua portuguesa é da autoria do professor Eduardo Von Hafe, que trabalhou no Porto, Portugal, datando de 1886.





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