domingo, 30 de outubro de 2022

Isaías 5,1-7: mas que videira?

    Somos ramos da videira. Significa dizer que estamos ligados a Jesus. Efetivamente somos tratados pelo Pai, o agricultor. O texto coloca o Pai como o operário da vinha.

   Tão linda, tão esperada e tão cuidada que o menestrel, o trovador de Isaías 5 descreve, em poesia, o cuidado com que o dono da vinha a aguarda. O fruto pretendido é esse que se espera da igreja.

   Vós já estais limpos. Estamos, por definição, limpos. Mas o Pai, continuamente, limpa-nos. Limpar do pecado é outro trabalho, a gente até deve dizer, trabalho limpo que Deus realiza.

    O Espírito Santo que, como indica Jesus, convence do pecado, da justiça e do juízo, operando na conversão, também opera continuamente na santificação.

   E do mesmo modo, como indica Paulo, há luta contra a disposição carnal, para que o fruto do Espírito apareça, no processo da santificação ocorre esse mesmo embate. Como ocorre renúncia de si mesmo, para que a conversão se concretize, na santificação ela continua a ocorrer.

   Porque agora, num certo sentido, somos novo homem, nova mulher, mas noutro, ainda existe, atua e resiste o velho homem, a velha mulher. E esse homem natural, como define Paulo, na carta aos Coríntios, rejeita qualquer sugestão do Espírito Santo.

   O homem natural não aceita as coisas do Espírito, porque lhe são loucura. Já identificamos em nós essa rejeição? Taí algo que não depende de psicoterapia: deve ser natural e agenda permanente de todo cristão.

   Permanecer em  Cristo, para que o fruto apareça, passa antes por esse processo de faxina. Um processo que se dá conscientemente, por meio do convencimento em acolher a palavra de Jesus.

   É ela que desperta para a fé, assim como instrui, promovendo o grau de opção consciente e escolha pelo que agrada a Deus. O velho homem está impregnado, na sua consciência, por tudo que contamina, e sua escolha natural não é aquilo a que o Espírito Santo confere total preferência.

    Com que grau de lucidez fazemos nossa autoanálise? Em que grau damos preferência ao que o Espírito Santo sugere? Lembremos que o que Ele sugere deverá ser aceito, não sem antes exercermos renúncia.

    Paulo, aos Gálatas, denuncia que o Espírito é contra a nossa natureza carnal e ela é contra o Espírito. A insistência aqui em mencionar isso não é dar cartaz, como se pudesse ser dito, a esse trabalho pesado do processo de santificação.

   Mas sim ressaltar que algo em nós que rejeita tudo o que o Espírito Santo sugere precisa estar  em constante controle, somente possível em parceria com o Espírito Ssnto. E numa guerra sem tréguas. Esse é o lado guerrilha da vida cristã.

    O resultado, a cada vitória, é a glorificação em nós, na igreja, do nome de Deus. Porque os frutos são resultado do trabalho do operário da videira, a a vinha, que Deus desejava que fosse Israel, agora Ele a tem configurada na igreja.

   Está descrita nessa fala de Jesus o trabalha realizado pelo Agricultor, pormenorizadamente o que realiza em Sua vinha, quem é o tronco e quem são as varas e, agora sim, o fruto que se espera. A igreja é essa que dá os frutos que Deus espera do trabalho que realiza em sua vinha.

    Há beleza, há poesia, há fruto como resultado detalhado desse empenho. E nossa participação é o alvo da palavra de Jesus registrada. O texto nos indica o modo como se opera a santificação. Somos parceiros de Deus nela.

    Essa parceria se configura no mandamento do amor, concedido por Jesus. Amor não é dom, é fruto do Espírito. Como diz Paulo aos Romanos, derramado em nosso coração pelo Espírito. Em profusão.

    Porque dom é opcional. Pois a igreja, como corpo de Cristo, complementa-se nos dons que lhe são concedidos pelo Espírito. Uns recebem alguns, outros recebem outros. Mas o fruto é para toda a igreja.

   E o amor é mandamento. Essencial na santificação. Porque amor é reflexo da identidade da igreja com Deus. E amor não se modula por preferência ou escolha prazerosa, mas amar como Deus ama.

   E Deus amava inimigos Seus, que éramos cada um de nós, e foi nesse tempo que Deus concedeu Jesus para morrer pelos inimigos. Por isso o nosso modelo de amor, deve ser exercido como Deus o exerce.

   E a dádiva de Jesus em sua morte, confere aos servos o status de amigos, em função da intimidade que Deus revela manter com a igreja: tudo quanto ouço de meu Pai, vos tenho dado a conhecer, afirma Jesus.

    Na conclusão de sua fala, Jesus faz a síntese:
"Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda." João 15:16.

    E em Sua síntese, reforça os resultados do fruto da vinha, grande e permanente expectativa do Pai, em relação à santificação como parceria:

1. Amai-vos, intensamente, uns aos outros;
2. A igreja não é mundo, está no mundo, por isso sua identidade é ser rejeitada por ele: portanto, vai amar intensamente os que a odeiam;
3. Haverão de rejeitar, do mesmo modo, as obras que ela realiza;
4. Termina com a menção de que o Espírito Santo, como prometido, será o agente dessa santificação. Assim como garante a identidade e o ministério da igreja, por meio de seus frutos.

    

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