domingo, 6 de novembro de 2022

Jesus, o exegeta do Espírito

 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. [...] Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito." Jo 14:16,17 e 25-26.


    Podemos nos referir a Jesus cono o exegeta do Espírito, ou seja, aquele que descreve quem é o Espírito Santo e qual será o seu ministério nos salvos.

   Não há, nas Escrituras, ninguém que revele, com maior exatidão, quem é o Espírito Santo e como vai agir na igreja. Na conversa íntima com os apóstolos, no contexto da última Páscoa, ao instituir a Ceia do Senhor, Jesus apresenta aos apóstolos essa, assim chamada, terceira Pessoa da Trindade.

    Pelo menos, em linhas gerais, três atribuições da identidade do Espírito, Jesus apresenta nos capítulos 14, 15 e 16 do Evangelho de João.

1. O Espírito Santo é aquele que nos ensina todas as coisas, Jo 14,25-26:

   Com a mesma autoridade de Jesus. O Espírito tem acesso a tudo o que o Pai e o Filho têm e compartilham, Jo 16,13-15. Por isso Jesus pode afirmar, sobre o Espírito, o que afirma sobre Si mesmo.

   Assim como disse que está conosco todos os dias, até a consumação do século, Mt 28 20, afirma que o Espírito Santo está conosco e está em nós. Para Paulo, em Ef 3,16-17, é dessa forma que Cristo habita em nós.

   E do mesmo modo que Jesus é Mestre, Jo 13,13, e o próprio Jesus afirma que Deus ensina, Jo 6,45, também o Espírito nos ensina, sem perda ou acréscimo.

    Muito interessante notar que esse era o principal mistério do Espírito na congregação do deserto, o povo de Israel, em toda a época em que Deus com ele trabalhava para que cumprisse sua vocação, Ex 5,19-20. Neemias, em sua oração de confissão, destaca esse ministério, Ne 9,19-20.

2. O Espírito Ssnto testemunha e dá testemunho de Jesus, Jo 15,26-27:

    A principal missão da igreja, At 1,8. Os apóstolos desejavam, e esse é um equívoco recorrente, que Deus interviesse para resolver o problema político de submissão de Israel a Roma.

   Jesus reforçou a natureza de reino de Deus, sobre o qual havia falado nos 40 dias entre a ressurreição e a ascensão, At 1,1-3, indicando que cabia a igreja testemunhar Jesus.

   Esse intervalo de tempo é escatológico, Mc 1,14-15, e a identidade da igreja pode estar associada à rejeição dela, do mesmo modo como Jesus foi rejeitado, Jo 15,24-25, e como ocorre com a igreja em At 5,32 e 40-42.

   Mas não do modo como ocorre nos dias de hoje, sem autenticidade expressa, nem defesa ou apologia dela, e ainda envolvimento espúrio com a política.

3. O Espírito Santo é aquele que guia a toda a verdade, Jo 16,12,15:

    Para que Jesus pudesse dizer que é, para nós, caminho, verdade e vida, precisou indicar o Espírito Santo como aquele que permite que essa verdade se cumpra em nós.

    O Espírito guia a toda a verdade, e essa verdade é Jesus, ele glorifica Jesus, o Espírito nos vivifica, como afirma Paulo em Rm 8,11, assim como Jesus já afirmou que Ele está em nós, daí estarmos no caminho.

    O Espírito nos atende em nossa santificação, pois a nossa luta contra o velho homem somente acontece em parceria com Ele, Gl 5,16-17, assim como o amor de Deus somente em nós é derramado por meio do Espírito, Rm 5,5.

   E é o Espírito que permite à igreja edificar a si mesma, na harmonia e suprimento dos dons, 1 Co 12,4-7. Fica bem claro que não há, sem a mediação do Espírito em nós, fundamento e efetividade da identidade e ministério da igreja.

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