domingo, 13 de novembro de 2022

A Oração Sacerdotal e a identidade da igreja - 1

"Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti", João 17:1.

    Jesus se dirige diretamente ao Pai. Por isso a chamamos de oração. E será sacerdotal, na medida em que, como num relatório de sua missão, realiza pedidos pela continuidade dela.

    Como tem diante se Si a cruz, roga ao Pai que seja com Ele nessa suprema hora. E encara a cruz como decisiva, tanto para a Sua glorificação, que será vencer, assim como para a do Pai, que tudo nela deposita como expectativa.

    Na cruz, definitivamente, céus e terra, regenerados, se encontram. Como diz o autor de Hebreus, tudo o que o céu herda, por ela é santificado. Nos dois versículos seguintes Jesus resume sua missão, até ali, cumprida, já com  a certeza da vitória na cruz, que a legitima.

    Jesus afirma que, pela autoridade recebida do Pai, já havia conferido vida eterna a todos os que o próprio Pai lhe havia concedido. E declara o que seja vida eterna: "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." João 17:3.

    E volta a mencionar o sentido do que seja a glorificação do Filho e do Pai: a obra realizada pelo Filho glorifica o Pai e agora, diante da cruz e da vitória nela, o Filho será restaurado à glória que sempre teve.

   E como tática reincidente do evangelista João, ele vai esmiuçar, com detalhes, essa obra realizada e completada por Jesus em sua missão, qual seja:

1. Ter manifestado aos que do Pai recebeu, aos seus cuidados como Filho, o nome do Pai, ou seja, a identidade do Pai, por meio da Palavra que eles têm guardado;

2. Pois a essa altura da missão, têm reconhecido a identidade entre o Pai e o Filho porque, tendo recebido a palavra de Jesus, acolhem a palavra e creem que Jesus provém do Pai, enviado por Ele.

    Então, nessa altura de sua oração, Jesus passa a rogar por eles, primeiramente aqueles apóstolos, assim como por toda a igreja, e isso nos inclui. E se configura não somente a identidade do Filho com o Pai, mas a nossa identidade com eles, e isso se chama igreja:

    Jesus, ao mencionar: "...ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e, neles, eu sou glorificado", Jo 17:10, reparte com a igreja tudo o que recebeu do Pai e arrisca-se a afirmar que nela será glorificado.

   O primeiro rogo do Filho é guardar, no nome do Pai, os que ficam no mundo, já definindo sua identidade, "para que eles sejam um, assim como nós", v. 11c.

   Jesus argumenta que, enquanto presente entre eles, no nome do Pai, concedido ao Filho, foram guardados, protegidos e não houve perdição, exceto para o filho da perdição, segundo consta nas Escrituras.

   Perdição não é determinação das Escrituras, nem do Pai e nem do Filho. Perdição é não aceitar o nome do Pai e nem do Filho, não aceitar a glória do Pai e nem a do Filho e, principalmente, negar para si mesmo a cruz do Filho, a única a dar acesso ao nome e à glória desse nome.

    Jesus especifica do que guardar: do mal que, como Ele mesmo, a igreja vai enfrentar no mundo. Precisam se alegrar, porque vão assistir à morte, ressurreição e retorno de Jesus ao Pai. E porque, tendo acolhido a palavra de Jesus, quanto maior sua identidade com Ele, mais serão odiados pelo mundo.

    "Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo." João 17:15-18.

   Jesus argumenta com o Pai:
1. A igreja não é para ser tirada (ou se retirar) do mundo;
2. Deus guarda a igreja do mal (a não ser que perca a sua identidade de ter o Pai - e o Filho - como pastor);
3. A igreja não é (nem deve buscar ser) do mundo (como Jesus nunca o foi) mas está no mundo, para dar continuidade à missão de Jesus Cristo;
4. A igreja deve se permitir ser santificada pela palavra de Deus, este é um rogo de Jesus;
5. A igreja é enviada ao mundo por Jesus, do mesmo modo que Jesus foi enviado ao mundo pelo Pai: o mesmo envio, a mesma identidade.

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