segunda-feira, 14 de novembro de 2022

A identidade da igreja e a Bíblia - 1

 

  Fatores externos, assim como internos afetam a igreja na luta por manutenção da sua identidade. A Reforma Protestante, há 505 anos, foi um exemplo marcante e uma guinada história na recuperação dela.

    Pois até a Igreja Católica, de onde ocorre a ruptura, em busca da identidade, admite argumentos de Lutero. Como o seguinte, "Ecclesia Reformata et Semper Reformanda est” (Igreja reformada sempre se reformando), com o qual devemos concordar, argumento este que não pode ser abandonado.

1. Um dos primeiros fatores, este interno, do qual a igreja não pode se afastar, e foi a principal causa e alavanca da Reforma, é a fidelidade às Escrituras. Esta fidelidade não pode, apenas, ser afirmada, mas vivida.

   Dizer da Bíblia que é inspirada pelo Espírito, "homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo", 2 Pe 1,19-21, só se torna válido para a Bíblia aberta e em uso. É fundamental o conhecimento dela, sua vivência prática e espiritual e a pregação. Assim Deus instruiu Josué, que o pôs em prática, Js 1,7-8.

   Paulo a Timóteo, que segue, segundo testemunha o próprio apóstolo, seu exemplo, faz recomendações semelhantes, 2 Tm 3,10-11 e 16-17. Josué foi, em relação a Moisés, o que Timóteo representou para Paulo. Ambos ancorados nas Escrituras. A igreja atual dispõe do púlpito, das escolas dominicais, que M. Porto Filho denominava "a escola da igreja", e do estudo bíblico.

   Como vêm senso priorizados? Púlpito inteligente, com suporte dado ao pastor? Igreja atenta e sedenta, com o espaço e qualidade da mensgem preservados? Estudos bíblicos frequentados na mesma porcentagem do culto dominical?

   E a escola dominical? Falida? Alguém pensa numa outra opção? Sim, até a escola tradicional, pública ou privada, em escala diferente, estão em crise. Mas alguém pensa em fechá-las ou em aperfeiçoá-las? Pois a quantas vai a escola da igreja?

   Não basta. Como está a vivência da famiia com a Bíblia em casa? Cultos Domésticos estão fora de moda? A Bíblia, como nos foi tradicionada, apela à imaginação. O seu próprio texto tem sido atacado pela tradição de teologia liberal, há 100 anos vigente.

   Esse descrédito pelo aspecto histórico do texto, milagroso e de autenticidade da autoria e tradição manuscrita foram postos em questão. Há resposta à altura, por uma apologética consciente e consistente, por parte da igreja? Ou falta å igreja esse conteúdo? Como a igreja terá acesso a essa defesa?

    Época da igreja iniciar campanhas por bibliotecas. Época para promover clubes de leitura. Aprender a explorar com inteligência crítica os recursos da Internet. Porque não será supervarizando-a ou sobrecarregando-a de informação "evangelista" que vai cumprir o seu papel e missão identitária no mundo.

    Mas no contato pessoal. Jesus era homem do contato pessoal. Homem da rua. Discorria do reino para todo o nível social de pessoas. Convocou pescadores da classe de Pedro e André, que somente tinham redes, e Tiago e João, filhos de um empresário da pesca, Zebedeu.

    Chamou zelotas radicais, como Simão, que acreditava na força e na guerrilha contra Roma, e o colaboracionista Judas Iscariotes, amigo de judeus influentes, ligados a Roma, entregando Jesus a eles.

    Chamou ex-curruptos convertidos, como Mateus, entre outros menos conhecidos ou mencionados, como Tedeu, Natanael e Tiago, chamado Menor, mas todos embriões da igreja que somos, tendo aprendido e sendo exortados ao apego à palavra, com Jesus aprenderam missões, "apóstolo" significa quem é enviado, deram continuadade ao ministério do Mestre, como Atos testemunha de uma igreja "perseverante na doutrina dos apóstolos".

     Jesus era homem das ruas. A igreja está fora das ruas. A igreja está distante das Escrituras. A igreja está apática ao mundo. Em que proporção ela tem cumprido o seu ministério?

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