sábado, 15 de novembro de 2025

A igreja em duas orações

 ²⁰ "Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; ²¹ a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. ²² Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; ²³ eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim." João 17.

    Vamos abordar um trecho da oração de Jesus. Porque por ele podemos observar o que de mais relevante ele pede ao Pai a nosso favor.  Qual o valor do rogo de Jesus ao Pai a nosso favor?

   Podemos refletir sobre isso: 1. que valor tem uma oração de Jesus?; 2. somos o alvo dessa oração; 3. qual, então, o conteúdo dela a nosso favor?

    Jesus está orando não somente pelos apóstolos, mas também "por aqueles que vierem a crer nele", Jesus, pelo testemunho do evangelho. E o que, especificamente, pede Jesus?

   O primeiro pedido é que todos os que creem sejam um. Essa é a definição do que é ser igreja. E isso é um milagre somente possível pela ação do Espírito.

   Aos Filipenses, Paulo indica, em detalhes, os termos dessa unidade:

¹ "Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, ² completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. ³ Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. ⁴ Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros." Filipenses 2.

   A comunhão a que Jesus se refere não é senão idêntica à que Ele mesmo mantém com o Pai. No início da oração Jesus já desenvolve a temática dessa comunhão.

   Ele e o Pai compartilham a mesma glória, agora que o Filho cumpriu a missão que o Pai lhe concedeu, os dois, o Pai e o Filho compartilham conosco, que somos a Igreja,  essa mesma glória.

    Jesus afirma, em sua oração, "como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós". Não é nada mais, nada menos o que segue escrito. 

    Radical essa afirmativa. Por ela podemos dizer seja totalmente possível, seja totalmente falsa. Exatamente a transmissão dessa glória comum ao Pai e ao Filho proporciona que sejamos um.

   Paulo sintetisa, em 2ª aos Coríntios, essa realidade, a nós concedida por meio do evangelho:

³ "Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, ⁴ nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. ⁵ Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus. ⁶ Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo." 2 Co 4.

   Deus resplandece, Ele mesmo, em nosso coração, para iluminação do conhecimento de Sua própria glória, e esta vista na face de Cristo. Igreja é o lugar onde vemos, na face do irmão, a rosto de Cristo.

     E em outro texto dessa mesma carta, Paulo vai se expressar àqueles irmãos e a nós sobre o que a igreja promove em termos de santidade e edificação nossa em Jesus:

¹⁸ "E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito." 2 Co 3.

    Todo esse processo, como milagre de Deus, em sua oração, Jesus afirma por que precisa ocorrer, precisa ser verdadeiro. Porque ele, Jesus, cumpriu sua missão no mundo e, nessa oração, como que presta contas a Deus.

   Pois nela também demonstra por que meios e com que finalidade a igreja, tendo em si compartilhada a mesma glória que Filho e Pai compartilham, está no mundo: para que, por ela, vista nela essa mesma glória, o mundo creia em Jesus.

   Somos testemunhas de Jesus, mais pelo que se opera em nós, do que pelo que propriamente falamos. O testemunho de Jesus no e por meio do evangelho será única e cada vez mais autêntico pelo que o mundo enxergar em nós.

   Jesus vai afirmar isso textualmente:

"Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; ²³ eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim."

    Jesus transite sua glória à igreja, que somos nós, com a finalidade de sermos um, como Ele e o Pai o são, sendo então aperfeiçoados nessa unidade, para a evidência, no mundo, do envio do Filho para e por amor.

    Daí a extrema necessidade de diligência para sermos um em e por meio de Jesus:

¹ "Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, ² com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, ³ esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz".  Ef 4.

  E também é por essa causa que, quem agora ora é Paulo Apóstolo:

¹⁴ Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, ¹⁵ de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, ¹⁶ para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; ¹⁷ e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, ¹⁸ a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade ¹⁹ e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. ²⁰ Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, ²¹ a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!" Efésios 3.

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Já faz algum tempo

    Naquela noite surpreendi Regina no 805 da Intendente Magalhães 297, Campinho, Rio, RJ, onde residíamos desde 2 janeiro de 1993, data do casamento. Era agosto e estávamos chegando da estrada.

   Havíamos deixado em casa, em Campo Grande,  o pastor Paulo Leite e Julimar, hoje pastor e na época seminarista. A ideia era eu, que avançaria adiante, 60 km à frente, então levar Nilson Braga, o outro pastor, até ao lado de lá da Baía de Guanabara, em Niterói, pela ponte.

   Passei em casa, porque era certo que eu cochilasse na volta,  sob as luzes amareladas da ponte Rio-Niterói, então Regina seria minha garantia. Deixamos Nilson em casa, manobrando o Santana 2000 sob os pilotis da garagem do prédio onde ele morava.

   Pois na manobra do carro, ainda debaixo daquele teto baixo, compartilhei com Regina que vinha, desde a viagem e pelo que constatei em Rio Branco, desejando que fôssemos para lá, eu como pastor, ela como a esposa.  Evidente que soltei como um balão 🎈 de ensaio.

     Aguardei a reação. Ela disse que achava ser meu estilo empolgar-se e diluir, com o tempo. Mas eu redargui, mas Regina, e se eu não esmorecer? Então a gente vai, ela disse.

   Era essa a mulher. Sempre foi. E ainda é. Será sempre. Dali viemos, certamente, comentando as coisas da viagem.  De como rumamos, cedo, pela manhã,  saindo de Campo Grande do Rio, indo pernoitar em Mineiros, GO, no primeiro dia de jornada, cerca de 1450 km corridos.

   De como alcançamos Vilhena, no segundo dia à noite, cerca de quase 1300 km depois, fronteira MT/RO, jantamos, não concordaram comigo que ali pernoitássemos, então seguimos, estouramos dois pneus nos buracos-panela e Deus nos socorreu, tendo chegado aprazíveis a Pimenta Bueno, às 2h30, e pernoitado no hotel com cheiro de barata.

   E num domingo daquele agosto de 1993, finalmente chegados ao Acre, no naquela época Conjunto Tancredo Neves, da Vila Ivonete, às doze horas, meia-noite em acreanês, seriam 2h da manhã em nosso horário biológico de Brasília, conversamos até 2h da madruga, para deitar nessas 4h biológicas e acordar às 6h30 acreanas, para a Escola Dominical, na colônia (sítio, em carioquês) da mãe da menina lá à extrema esquerda da foto.

   Chegamos eu e Regina ao Campinho, eu contando essas histórias, demo-nos um abraço de saudade, pernoitamos em paz, apenas a esposa anotando um pequeno atraso de dois ou três dias na rotina mensal das mulheres. Acordamos e era domingo.

   E embora fosse 1993, fomos à Igreja Congregacional de Cascadura, com o Santana emprestado e, ao chegar, estranhamos a desorganização do pequeno estacionamento interno, à frente do templo. O rosto de Lídia Costa apareceu por detrás da porta semiaberta alertando com desespero a mim e a Regina: havia tiroteio no morro do Fubá, esse mesmo defronte à igreja.

    Domingo atípico. E a semana também, porque a esposa, 7 meses de casados, andava com uma meio gastura estomacal. Resolvemos fazer um consulta, pelo plano Golden Cross dela. A médica girou em torno de uma gastrite, talvez, algo parecido, indicando uma endoscopia.

   Nunca feita porque, quando o casal já saía, despedindo-se, uma intuição a alertou e ela perguntou se éramos recém-casados. Mediante a reposta afirmativa, então prescreveu um certo exame sanguíneo que, duma vez, desconfirmaria qualquer dúvida.

   E foi assim. Num ajuntamento na antiga casa da Vila Valqueire, com grande parte da família reunida, confirmamos que a esposa agora estaria na espera do mais novo agregado, que seria (e, pela graça de Deus é) o primogênito (e agora esposo e pai) Isaac.

   Somava-se a essa espera a expectativa da mudança para o Acre. A ideia inicial era para julho de 1994, logo adiada para janeiro de 1995, pois o menino chegaria em abril, o que ocorreu no dia 21 desse ano de 1994, sendo muito em cima da hora uma viagem assim, aos 3 meses de vida.

    E cada família de avós entendia e processava de um modo distinto essa ideia de mudar para um lugar tão remoto e distante, na visão deles. Tomados por essas considerações, foi que planejamos, no feriado de 12 de outubro daquele ano de l993 virmos, eu e a grávida esposa para conhecer a Rio Branco daqueles dias.

   Rodamos por aqui,  com Nelson Rosa, para conhecer a escola municipal Samuel Barreira, no Bosque, onde ele lecionava Ensino Religioso e cantava com os alunos no horário do intervalo. 

  Tudo a pé. Percorremos, ele, eu e a grávida de 3 meses, a pé, da antiga Ocidental Center, próxima do antigo PS hoje novo prédio, pela Av Nações Unidas, beirando a cerca farpada do 7⁰ BEC, descendo pela Estação,  na rua da irmã Edgines, para alcançar o casal Joaquim e Lígia, residindo na época no bairro Manoel Julião, onde hoje residimos, desde 2002.

   Deve ter completado uns 4 km. Há uma foto de nós no antigo templo de madeira do Tancredo Neves, onde também ficamos hospedados, casa pastoral colada a ele. Por fora, construíram o antigo templo de alvenaria, hoje já demolido, dando lugar a uma nova construção.

   Mais fotos de um primeiro tacacá, na Praça da Revolução, no Centro da cidade, e outra numa pizzaria hoje não mais existente, onde um grupão da igreja reuniu-se a nós para celebrar a inusitada visita.

   Esta a historieta da foto acima. Despedida no aeroporto, quase perdemos esse voo, tranquilo que o povo estava, sem aflição em nos despachar. Eu, Regina e Isaac, com 3 meses de ventre, acomodados no nosso assento, já no interior do Varig, a gente via lá, isolada, no meio da pista, a nossa bagagem.  Nosso atraso havia alcançado despachadas todas as demais.

   Não sei se foi por isso, chegados ao Rio, nossas malas não haviam vindo no voo. Naquele tempo, vinha-se pipocando aeroportos até São Paulo. Lá, aguardava-se um voo internacional proveniente do Chile. Nele havíamos embarcado. Para descobrir que nossas malas haviam embarcado no voo seguinte.

   Ainda bem que pudemos resgatar após a chegada do voo chileno seguinte, assim havia nos informado o atendente Varig. Aventuras pelo Acre, há mais de 30 anos atrás. Isso já faz algum tempo.

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Etapas sem fim

   Naquela noite surpreendi Regina no 805 da Intendente Magalhães 297, Campinho, Rio, RJ, onde residíamos desde janeiro de 1993. Era agosto e estávamos chegando da estrada.

   Havíamos deixado em casa, em Campo Grande,  o pastor Paulo Leite e Julimar, hoje pastor e na época seminarista. A ideia era eu, que avançaria adiante, 60 km à frente, então levar Nilson Braga, o outro pastor, até ao lado de lá da Baía de Guanabara, em Niterói, pela ponte.

   Passei em casa, porque era certo que eu cochilasse na volta,  sob as luzes amareladas da ponte Rio-Niterói, então Regina seria minha garantia. Deixamos Nilson em casa, manobrando o Santana 2000 sob os pilotis da garagem do prédio onde ele morava.

   Pois na manobra do carro, ainda debaixo daquele teto baixo, compartilhei com Regina que vinha, desde a viagem e pelo que constatei em Rio Branco, desejando que fôssemos para lá.  Evidente que soltei como um balão 🎈 de ensaio.

     Aguardei a reação. Ela disse que achava ser meu estilo empolgar-se e diluir, com o tenpo. Mas eu redargui, mas Regina, e se eu não esmorecer? Então a gente vai, ela disse.

   Era essa a mulher. Sempre foi. E ainda é. Será sempre. Dali viemos, voltando ao Campinho, certamente, comentando as coisas da viagem.  De como rumamos, cedo, pela manhã,  saindo de Campo Grande do Rio, indo pernoitar em Mineiros, GO, no primeiro dia de jornada,  quase 1500 km.

   Dia seguinte, rumanos para o mais adiante possível.  Alcançamos Vilhena já à noite. Estávamos no Norte, fronteira MT/RO, onde paramos para abastecer. As luzes parcas da época caracterizavam bem nossa estranheza e a novidade prévia de todo deslumbramento.

   Sugeri dormirmos ali. Porque eram cerca de 21h, ora, para que arriscar? Já sabíamos que a rodovia era rica em buracos.  Quatro passageiros, carro potente para aqueles dias, estimulava avançar, mas a estrada era uma incógnita.

   3 X 1 o placar de continuar. Riram de mim, por desejar dormir tão cedo. Eu disse que não era isso, mas jantar e relaxar, para não priorizar as incertezas.  Jantamos e  o placar nos jogou na estrada. E os buracos daquela noite 🌙 eram do tipo panela, como classificados.

    Queríamos 80/h, porque logo percebemos que 100 seria impossível. Mas eram panelas após panelas. Eu  tentava, porque estava no carona, na frente, apontar onde via as panelas, para ajudar o motorista.

   Não era tão possível assim, como a gente queria. Eram só solavancos. Então talvez 60/h. Ficava, então,  o dilema: correr mais é maior risco, de menos aumenta o tempo de estrada. E eu só repeti unas duas vezes:  "Não era mesmo melhor dormir em Vilhena?"

  Foi quando dois solavancos mais prementes, logo percebemos que o pneu da frente fora, para logo ao descer perceber que o traseiro também foi.  Estatelamos. O que fazer. A ideia era alcançar Pimenta Bueno, uns 190 km à frente. Gorou.

   Deus não dorme, naquele exato momento parou um caminhão Toyota, desses miúdos, em cima do qual foram Paulo Leite e Julimar,  sem problemas de panelas, a uns 100/h, carregado dois pneus furados de volta a Vilhena.

   Eu e Nilson ficamos assuntando num dia de agosto de 1993, selva de lado e outro, apertando a estrada, noite alta em algum lugar a uns 40 km de Vilhena, adiante em direção a Rio Branco. Chegamos a Pimenta Bueno umas 2h30 do dia seguinte. Pernoitamos num hotel cheirando a barata.

   Cheganos Rio Branco, à casa de Nelso e Josilene Rosa, num domingo. Era por volta das 12h (da noite) como diz o acreano, para nós eram 2h, biologicamente falando, fomos dormir 2h depois, para colocar em dia a conversa.

   Está e tantas outras conversas, nos meses finais de 1993, embalaram a rotina do casal. E ainda nesse mês de agosto, não se sabia, ainda, e na foto acima, então está  contido, que há 8 pessoas, pois Isaac aguardava 6 meses mais para nascer.

      E no domingo, no Tancredo Neves, acordamos às 6h30, fomos a uma colônia (pequeno sítio, em carioquês), na direção de Porto Acre, pertencente à mãe dessa menina lá em cima, extrema esquerda da foto, para realizar a Escola Dominical.

   Todo esse clima contribuiu pqra a decisão. Difícil dizer como veio todo o fascínio. Tão menos difícil dizer, como saber ou tentar descrever a evolução do pensamento da esposa, etapa a etapa, desde a rotina de, um dia, com minha mãe empacotarem todo o Ap do Rio para pôr num caminhão no rumo de Rio Branco, cerca de 4200 km depois.

   A foto acima representa uma dessas etapas. A da primeira visita dela à cidade. Foi a despedida no antigo aeroporto, com o avião ✈️  marca Varig atrás.  Já vão 30 anos, em janeiro deste ano, que aqui estamos.

   Até neto já temos. Há uma história. Pode ser contada. Um rio de memórias ainda em curso.  Época mesmo de se debruçar sobre reflexões.  Nesta altura da existência, estão os efeitos. 

   Não restaram dúvidas de que Deus nos enviou para cá. Incontáveis as bênçãos recebidas. E vivemos na expectativa de mais bênçãos ainda. Na expectativa das etapas que virão.  Porque a vida eterna, que anunciamos em Jesus, cumpre etapas sem fim.

FACETAS DE UMA VIDA

 

Graça e paz

Comunicamos que partiu para o Senhor, há poucos momentos, o meu sogro - Pr. Ezequiel Fragoso Vieira. Beirava 93 anos de idade e 70 de ministério. Pastoreou a Igreja Cristã Evangélica em Itapipoca (Norte do Ceará), e as nossas igrejas em Belo Jardim (PE), Cachoeira e Boa Viagem (CE). Deixa viúva D. Emivanete, após 65 de vida conjugal e cinco filhos. Louvamos a Deus pela sua vida preciosa e pelo seu frutífero ministério. Nosso abraço fraterno.

FACETAS DE UMA VIDA

      Nesta tarde sombria, o Pastor Ezequiel Fragoso Vieira "contemplou os céus abertos", à semelhança de Estevão e, seguro pelas mãos do Bom Pastor, "atravessou o vale da sombra da morte, sem temer mal algum", como cantou o inspirado poeta Davi.

     Poderíamos compará-lo a alguns heróis da fé, entre outros:  Como Abel, pois "depois de morto, ainda fala..."; Como Abraão, "chamado, obedeceu", deixando o aconchego da casa paterna, nos rincões ensolarados do sertão cearense, a fim de se preparar para o sagrado ministério;

       Lembrava Moisés, reconhecido como "O homem mais manso da terra";

       Qual João Batista, o pregador nos desertos da Palestina, levou a "preciosa semente, andando e chorando", por muitos lugares do seu campo de atividade, durante muitas décadas;

        Igualava-se a Barnabé, "homem bom, cheio de fé e do Espírito Santo";

        Imitando o Mestre Amado, "era manso e humilde de coração".

        Nasceu no município de Pombal, PB., em 16 de dezembro de 1933, filho de Cícero Fragoso Vieira e D. Maria Vieira de Andrade.

        Estudou em nosso Seminário no Recife, sob a direção do Rev. Paulo Davidson, que o batizara em sua igreja de origem, 1951-1955. Licenciado na Convenção Regional reunida em Macaparana, PE, 1956. Consagrado na Convenção seguinte, 1957, na Igreja Pernambucana.

         Pastoreou a Igreja Cristã Evangélica de Itapipoca (CE), cooperando com os missionários da União Evangélica da América do Sul, entre eles o Rev. Percy Bellah,  e as nossas igrejas em Belo Jardim (PE), Cachoeira e Boa Viagem.

        Deixou viúva D. Emivanete da Silva Vieira, com quem casara, aos 04 de fevereiro de 1960. Cinco filhos, seis netos e dois bisnetos.

       Legou-nos uma "formosa herança", na linguagem do Salmo 16: Um exemplo de vida e um paradigma de pastor.


12.11.2025

Júlio Leitão
(Genro).
Construiu e pastoreou o templo desta
Igreja em Boa Viagem, CE. 
Visitei-a em 1993..

terça-feira, 11 de novembro de 2025

O menino rei e um poema perdido - 2

 ¹ "Tinha Josias oito anos de idade quando começou a reinar e reinou trinta e um anos em Jerusalém. ² Fez o que era reto perante o Senhor, andou em todo o caminho de Davi, seu pai, e não se desviou nem para a direita nem para a esquerda." 2 Cr  34.

   Um menino de 8 anos que se torna rei, com a declaração de firmeza de conduta, diante do Senhor, começa a explicar por que o poema do profeta Jeremias adquire tanto destaque.

   Desde Davi, mais por causa da fama dele do que, propriamente, por sua fidelidade, não se via um rei como esse. Ainda adolescente de 16 anos, sua prioridade foi tão crucial quanto rara: 

³ "Porque, no oitavo ano de seu reinado, sendo ainda moço, começou a buscar o Deus de Davi, seu pai; e, no duodécimo ano, começou a purificar a Judá e a Jerusalém dos altos, dos postes-ídolos e das imagens de escultura e de fundição." 2 Cr 34.

   Essa disposição por buscar a Deus, mais adiante na história de Josias, vai também se refletir em seu apego às Escrituras de seu tempo, denominada Livro da Lei. 2 Rs 22.

¹⁰ "Relatou mais o escrivão Safã ao rei, dizendo: O sacerdote Hilquias me entregou um livro. E Safã o leu diante do rei ¹¹ Tendo o rei ouvido as palavras do Livro da Lei, rasgou as suas vestes."

   E os altos a que o texto se refere, são o maior vexame deixado por herança idólatra por Salomão, mais famoso em ter sido sábio do que por sustentar, por toda a vida, a verdadeira sabedoria de Deus.

   Pois Josias vai consertar, derrubando esses altos, que foram altares e templos erguidos, por capricho, aos ídolos das últimas esposas de Salomão.

⁴ "Sendo [Salomão] já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o Senhor, seu Deus, como fora o de Davi, seu pai." 1 Rs 11

   Está posta a diferença entre a fidelidade de Josias à intimidade com Deus e o desvio de Salomão, tomado Davi como modelo dessa fidelidade ao Senhor. Ele tinha seus defeitos, mas foi intransigente frente à idolatria. 

   Na faxina nominal, altar por altar idólatra, ídolo por ídolo, Josias encontrou uma cova diferente das demais. Porque ele mandava desenterrar os ossos dos profetas idólatras e os queimava sobre seus altares, profanando-os.

    Mas o túmulo diferente era do profeta que, anos e anos antes, havia anunciado que Deus haveria de levantar Josias. Que linda profecia, um rei fiel haveria de reinar e cumprir com fidelidade a vontade do Senhor.

¹⁷ "Então, [Josias] perguntou: Que monumento é este que vejo? Responderam-lhe os homens da cidade: É a sepultura do homem de Deus que veio de Judá e apregoou estas coisas que fizeste contra o altar de Betel. ¹⁸ Josias disse: Deixai-o estar; ninguém mexa nos seus ossos. Assim, deixaram estar os seus ossos com os ossos do profeta que viera de Samaria."  2 Rs 23.

    Como Hebreus fala de Abel, podemos falar do profeta que anunciou sobre Josias e também deste mesmo rei: depois de mortos, ainda falam e ensinam fidelidade ao Senhor.

domingo, 9 de novembro de 2025

A 🌳 árvore no meio do jardim

 ²⁵ "Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam". Gn 2.

   Estar nu e não se envergonhar significa uma condição anterior à queda. O casal estava no jardim do Senhor.  Foi o lugar previamente preparado por Deus e concedido como moradia a Adão e Eva.

    Houve um período, de tempo indeterminado, costumeiramente denominado "Dispensação da Inocência", sobre o qual a Bíblia diz pouca coisa.

   A legenda acima indica, em regra geral, uma condição em que nudez não tinha a marca da malícia e do mercado que adquiriu no mundo atual.

    Não foi e nunca será pecado. Porém a malícia assumida pela queda contaminou tudo na origem. A definição paulina de pecado é a que mais esclarece:

¹³ "Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno."  Rm 7.

    Deus reuniu num lugar só o deleite e perfeição da natureza. Não há como negar sua beleza. Os sons do jardim, o cheiro, as formas, o toque e o sabor.

    O que a natureza tem a oferecer desenhava-se diante do casal. A perfeição de Deus refletida em Suas obras.  Era o perfeito ambiente do Salmo 19.

¹ "Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. ² Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. ³ Não há linguagem, nem há palavras,  e deles não se ouve nenhum som; ⁴ no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo." Sl 19.

    A marca de Deus perdura na criação, porém no homem e na mulher outra marca, esta negativa, a marca do pecado passou a existir após a queda do primeiro casal. Dt 32:

⁴ "Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto. ⁵ Procederam corruptamente contra ele,  já não são seus filhos, e sim suas manchas; é geração perversa e deformada." 

     Mais do que somente os benefícios da vida no jardim do Senhor, do qual, ao casal, foi concedido cuidar e guardar, sair dele representou perda da comunhão com Deus.

²⁴ "E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida." Gn 3.

      A grande perda representou o bloqueio definitivo para alcançar a árvore da vida. Era ela que estava no meio do jardim. Eva ter mencionado, no diálogo com a serpente, que a outra árvore é que estava nessa posição,  foi grave equívoco:

² "Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, ³ mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais." Gn 3.

      Já operava em Eva o engano,  esse mesmo que transmitiu, como sugestão, ao esposo. A presença do casal no jardim, recebido como herança visava, antes de tudo, ensinar aos dois que o mais importante era desejar para si o caminho da árvore da vida.

⁸ "E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado."  Gn 2.

      Desejar a árvore da vida, mais do que a do conhecimento do bem e do mal, pouparia ao homem a experiência do pecado, assim como ensinaria o modo de, definitivamente, vencer o mal. Inverter a importância da duas foi o início da queda na primeira tentação.

  ⁹ "Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal." Gn 2.

   Mas o caminho para a árvore da vida está aberto. Porque Jesus, por meio de Seu sacrifício na cruz, tornou possível a restauração do ser humano.

   Cumpriu-se a palavra de Deus, quando havia prevenido Adão que, por sua vez, transmitisse a sua esposa, de que experimentar a desobediência, mais do que, somente, apreciar o fruto, representaria a morte.

⁴ "Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis." Gn 3.

   Portanto, entre a vida e o caminho para a árvore da vida existe a morte. Por isso, Deus enviou o Filho ao mundo, como está escrito aos Romanos:

³ "...enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado". Rm 8.

   Jesus Cristo experimenta a mesma morte de todo ser humano, mas venceu todas as tentações, daí ter sido por Deus ressuscitado em justiça e para justificar todo aquele que tem fé no Seu nome:

   ²⁵ "...o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação." Rm 4.

   Jesus traça a rota e nos devolve ao caminho para a árvore da vida. Já no Antigo Testamento, o profeta Ezequiel anunciou a restauração desse caminho e os efeitos das águas que brotam das fontes desse jardim:

¹² "Junto ao rio, às ribanceiras, de um e de outro lado, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não fenecerá a sua folha, nem faltará o seu fruto; nos seus meses, produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; o seu fruto servirá de alimento, e a sua folha, de remédio." Ez 47.

  E na profecia apocalíptica está escrito que, nesse dia, todos os que creram em Jesus experimentarão o benefício negado aos nossos primeiros pais, em função de sua desobediência.

   Naquele dia todos os que tem a marca da fé,  a marca do sangue de Jesus, pela justiça do Filho, terão franco acesso à árvore da vida. Devolvida ao centro do jardim, preferível entre todas as outras e agora no centro da vida de todo aquele que crê.

¹ "Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. ² No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos." Apocalipse 22.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

O inferno como opção

 ²¹ "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. ²² Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo." Mt 5.

   Jesus demonstra como uma aparente leve ofensa oculta um mal maior. Concorda com Obadias, o profeta do menor livrinho do Antigo Testamento:

¹² "Mas tu não devias ter olhado com prazer para o dia de teu irmão, o dia da sua calamidade; nem ter-te alegrado sobre os filhos de Judá, no dia da sua ruína; nem ter falado de boca cheia, no dia da angústia'. Obadias 1.

     Esse "olhar com prazer" significa intensa alegria íntima, transbordante de prazer pela derrocada do inimigo: essa aparente leve ofensa esconde hostilidade, vingança e revide.

    Daí a sentença ao inferno, porque há ódio dissimulado, quem sabe desejo íntimo de assassinar. Jesus é quem, na Bíblia, mais menciona inferno. Seguem, então, algumas correções dessa ideia.

     Deus nunca envia, mas somente resgata do inferno. No versículo abaixo, registra-se a ação desse transporte:

¹1 "Ele [Deus] nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor". Cl 1.

    Definição de inferno é estar sem Deus,  o que é opção livre de qualquer ser humano.  Por se dizer ateu ou por ser hipócrita ao se dizer crente.

    As Escrituras são o referencial para Deus. E nela Deus sempre procura comunhão com o ser humano que criou. Mas este se perverteu. Então Deus somente aceita comunhão pelo resgate da condição de pecado.

   E isso é radical e somente possível pelo processo que as mesmas Escrituras indicam: batismo na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Somente santificados nesse processo, haverá comunhão com Deus.

   Paulo Apóstolo, em Ef 5, apresenta cinco características de um alienado dessa realidade:
¹² "... naquele tempo, estáveis (1) sem Cristo, (2) separados da comunidade de Israel e (3) estranhos às alianças da promessa, (4) não tendo esperança e (5) sem Deus no mundo."

   Está posta uma vivência com Deus desde esta vida. Se você quiser, considere céu, desde já, a comunhão eterna com Deus. Então a obtenha crendo em Jesus Cristo.

  E mesmo que não se queira, inferno, desde já, é a ausência de comunhão com Deus. A cruz de Jesus Cristo é o trauma suficiente para pagar todos os pecados que existem.

  Mas a negação dela mantém o afastamento em relação à Deus. E esse afastamento não é opção de Deus, mas opção livre, quer dizer, escrava de quem assim decidir. Pois inferno é a definitiva opção pelo afastamento de Deus. Sem Deus no mundo.