sábado, 27 de maio de 2023

Humildade? Talvez.

"Senhor, o meu coração não é orgulhoso e os meus olhos não são arrogantes. Não me envolvo com coisas grandiosas nem maravilhosas demais para mim." Salmo 131,1.

    Postura sincera. Singela, também. Essa economia de palavras bem definem a simplicidade do salmista.

   É fácil presumir que, nas coisas de Deus, pela elevação típica da Pessoa, será necessário, então, grandiloquência para se referir e Ele.

   E difícil pôr em prática esse despojamento. O orgulho humano é sutil. Na relação com Deus, as coisas são no nível da obrigatoriedade. Amor? É mandamento.

    Não existem "níveis" de amor. Somente intensidade. Que também é única e a mesma, em todas as possíveis situações. Então, por favor, obedeça, sem esperar uma medalha 🥉 de "honra ao mérito".

   Conhecimento de Deus? Sim, é teológico, literalmente: porque se Ele não se revelasse, ninguém nada saberia. E se, uma vez revelado, se não houvesse assistência do Espírito, nada seria entendido.

   Não entendido e jamais aplicado na vivência. Segundo as próprias Escrituras, "o que tens, que não tenha sido recebido? E se recebestes, por que te glórias, como se assim não fora?", 1 Co 4,7.

    E de novo, como as próprias Escrituras costumam repetir, Jesus, orando, menciona: "Graças te dou, ó Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondestes estas coisas dos sábios e entendidos, e as revelastes aos pequeninos", Mt 11,25.

   Não é justificativa para a preguiça. Para dizer que os burros são mais espirituais. Nem Salomão, em sua sabedoria, isentou-se de burrice. Uma vez velho, não agiu como tantos outros, nas Escrituras, mas promoveu marketing de sem-vergonhice misturada à idolatria.

   Ser humilde não é fácil. Como afirma Tiago, "Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará", Tg 4,10. Quer dizer, esse "Ele", que exalta, é Deus. E no eixo correto.

   Ou como Paulo, quando afirma que fomos salvos de nossa própria vaidade: "Assim, eu digo a vocês, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na vaidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento do seu coração." Ef 4,17-18.

   Basta seguir a sequência acima, dos argumentos de Paulo, para compreender que a vida sem Deus é que proporciona "vaidade dos pensamentos", "entendimento obscurecido", "divórcio da vida com Deus", "vida na ignorância" e "coração endurecido".

   Esse é o corolário. Quer dizer, o cordão sequencial de elementos presentes na vida de quem despreza o conhecimento de Deus. Por isso seria ridícula a postura de soberba diante de Deus.

   O que também não significa dizer que não se cresce no conhecimento de Deus. Segundo exorta Oseias, "conheçamos e prossigamos em conhecer". Seja teológico, sim, todo o tempo.

   Teo = Deus e logos = palavra, por extensão, estudo. Porém, mantenha-se humilde. Dependente de Deus. Paulo reitera, "a nossa suficiência vem de Deus", 2 Co 3,5. Vaidade é coisa de descrentes.

    Aprendamos a ser humildes. É algo difícil, visto que nosso "homem natural", também conhecido como "velho homem", aliás, bem acreano o adjetivo "véi", como se diz aqui, somos um abismo de vaidade. Isso é carnalidade, ou seja, tentativa de uma autonomia (veja a etimologia deste termo), uma vida sem Deus.

   Deixemos, então, de ser velhacos. Aprendamos, com Cristo, a ser humildes. Na Trindade, Deus se esvazia, para se tornar homem, nasce o Filho, que se reduz a servo, para nos salvar, o qual envia o Espírito, que não enaltece a si mesmo, mas vem para enaltecer o Filho. 

    Seja essa a nossa vocação. Se você estiver fora de ser humilde, será autônomo, vivendo uma vida à parte da Trindade. Provavelmente, nem crente, verdadeiro convertido, ainda não é. Humildade, nem talvez.

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