segunda-feira, 5 de junho de 2023

Alguém assim

  E Deus chama Isaías. Mania do Altíssimo de chamar tantos. Aliás, chamar todos. A conversa com Caim foi um chamado.

  Do mesmo modo que, consta, na viração do dia, como está lá no Gênesis, do último dia no paraíso do Éden, ele procurou o casal.

  Imagino essa gana de Deus por chamar o homem e a mulher. Sim, claro, fê-los a Sua imagem, "à imagem de Deus os criou, homem e mulher os criou".

   Mas homem e mulher se tornaram manchas, como diz Moisés em seu poema: "Já não são seus filhos, e sim suas manchas". Pouco ou nada restou dessa semelhança.

   Progressivamente perdida. Determinantemente depravada. Por isso Deus chama. Agora é Isaías que afirma: "Vinde e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como escarlata ou carmesim, se tornarão como a neve ou como a lã".

    Que assunto pode Deus querer com o homem? Romântica visão. Ora, não se deve menosprezar o estrago feito pelo pecado no ser humano.

   Só pra começo, exatamente, deixa de ser humano. Agora é Davi que ajuda, quando alude, em seu salmo, que "um abismo chama a outro abismo". Somente sendo muito hipócrita para não se reconhecer isso no ser humano.

   Seguido de todo o cinismo. Do não reconhecimento disso. João, no seu Evangelho, indica o grau de necessidade de que uma Pessoa da Trindade é que convença o ser humano de seu pecado.

     Não por refinamento de expediente. Não. Ao contrário. É pelo apego do ser humano a essa condição. Pervertidamente apegado.

    Mas exatamente o Espírito Santo. Bem, não seria outra melhor designação. Difícil acreditar que, de outro modo, alguém se converteria.

   Pensar no interesse de Deus em chamar qualquer um, chamar todos, para arrazoar. E sobre pecado. Pensar que haja interesse do Altíssimo pela condição humana pós-queda.

    Porque quando imaginamos, e só imaginamos, por causa da sublimidade da Pessoa, que Deus, nem por avaliarmos que seja Sua obrigação, por força do ofício, salvar do pecado, mas pessoa a pessoa, Ele tem interesse.

  Compartilha com ela, pacientemente, misericordiosamente, condescendentemente Ele se debruça e busca diálogo, afeição, proximidade. É Seu feitio.

   E se fez homem. Nada mais perto. E ainda mais perto, deu-se a Si mesmo em sacrifício. E pelo pecado. Ainda mais, batiza nEle quem crer. Do mesmo modo como Se deu, aceita nossa entrega.

   A isso Ele, e somente Ele, chama amor. João enxergou e sintetizou: Deus é amor. E um poeta qualquer desses nossos assim se expressou: "amar alguém assim como eu". 

Por amor - Grupo Elo:

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