domingo, 11 de junho de 2023

Absurdo

"Por essa razão, ajoelho-me diante do Pai, do qual recebe o nome toda a família nos céus e na terra. Oro para que, com as suas gloriosas riquezas, ele os fortaleça no íntimo do seu ser com poder, por meio do seu Espírito, para que Cristo habite no coração de vocês mediante a fé; e oro para que, estando arraigados e alicerçados em amor, vocês possam, juntamente com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus. Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós, a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre! Amém!" Ef 3,14-21.

   Paulo define, para os efésios, neste trecho de sua carta, o que poderia ser classificado como o absurdo da fé. Porque supõe ser possível ao que crê ser, em suas próprias palavras, "cheio de toda a plenitude de Deus".

   O detalhe da menção do apóstolo é ter escrito não apenas "cheio da plenitude", mas acrescenta "toda": "cheio de toda a plenitude de Deus". E seria lógico para o ser humano escolher que plenitude de Deus escolher.

   Mas aqui Paulo se refere ao amor. É pleno de amor que devemos ser. Assim Deus espera. E nela oração o apóstolo indica o modo de acesso. Começamos dizendo que não há nenhuma outra modalidade de acesso.

   E tão sensível e vital, na vida do crente e da igreja que, posteriormente, na carta a Éfeso, no Apocalipse, Jesus cobra de Éfeso a perda do amor. Indica como única solução retonar a essa vivência.

   E o vocabulário usado é como se fosse uma (re)conversão: "Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio", Ap 2,5a. E caso não retornasse, quem sabe o que seria "mover do lugar" o candelabro, que se refere à igreja.

   Em prirmeiro lugar, Paulo se põe de joelhos e ora. Oração equivale a falar com Deus, em resposta à palavra de Deus. As Escrituras afirmam que Deus fala, nós afirmamos que ela é a palavra de Deus e, como resposta, a oração é nossa resposta a Deus.

   Esaa oração de Paulo se dirige a "toda a família de Deus sobre a terra". Em Ef 2, ele afirma essa nova condição dos salvos e do sentido de ser igreja: "Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus".

   Portanto trata-se de uma oração que revela um traço permanente, para toda a família, para todas as igrejas, para todos os salvos. Não se trata de possuir as Escrituras ou as promessas de Deus, mas de demonstrar como são dádivas de Deus a fé.

    A oração de Paulo demonstra esse caminho para a plenitude de Deus. Assim como é necessário ler 1 Jo 4,7-21, a fim de que se conheça a natureza desse amor, como nos chega por meio de Jesus e como se torna a marca distintiva de ser cristão.

    A Trindade opera naquele que crê. Por meio do Espírito, Cristo habita e é formado em nós, Paulo indica isso em outra carta da prisão, em Cl 1,27-28: "A ele quis Deus dar a conhecer entre os gentios a gloriosa riqueza deste mistério, que é Cristo em vocês, a esperança da glória. Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo."

    Paulo indica amor como alicerce. E pede que sejam compreendidas as dimensões de Deus, quando menciona quatro delas, exatamente para indicar que não ha limites, seja para compreender o amor "que excede todo o entendimento", assim como caminhar com Deus dentro desses limites não tem limites.

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