segunda-feira, 19 de junho de 2023

Azedume de Lameque e a depressão de Deus

 Aos 182 anos, Lameque gerou um filho. Deu-lhe o nome de Noé e disse: "Ele nos aliviará do nosso trabalho e do sofrimento de nos­sas mãos, causados pela terra que o Senhor amaldiçoou", Gn 5,28-29.

    Uma das maneiras de entender, proporcionalmente, essas idades da gente dessa era, é dividir por 10. Então, Lameque, quando nasceu Noé, tinha seus 18 anos.

   Bem novo para ser pai. Duas coisas deduzimos de sua breve fala, preservada nessa lista genealógica, deveras econômica em seus comentários.

   Ele punha expectativas no filho, porém tremendamente consciente de que viviam uma época muito difícil. O jovem pai chega a diagnosticar, como reflexo de seu tempo, que somente poderia ser maldição divina.

    Talvez Lameque exagerasse nessa sua avaliação. Mas não estava longe da verdade. Nem analisando seus dias, nem quando projetou que seu filho, em sua existência, seria um diferencial entre os demais.

    Porque logo a seguir, na parte seguinte da história, o que Deus avalia e constata é que a maldade só se multiplicava e que o coração do homem (e da mulher) era continuamente mal.

    Ler que Deus diminuiu os dias dos homens e das mulheres, que bloqueou uma ação mais franca do Espírito neles, que se arrependeu de os haver criado e que isso pesou-Lhe no coração, falta somente anotar que isso foi uma depressão de Deus.

   Olhar à volta e ver toda a maldade humana, em seu requinte, quantidade, frieza, impunidade, detalhe e cinismo, foi pouco Lameque deduzir que só pode ser maldição divina. Idêntico aos dias de hoje, como Jesus indica em Mt 24,36-39.

   Lameque resvalou. Tiago diz que Deus não pode ser tentado pelo mal. Lá adiante, com toda a traição, idolatria e prostituição, não de estranhos, mas de Israel, o povo escolhido, Deus diz que não é homem, para se irar tresloucadamente.

   Vai amarrar a si Seu povo com cordas humanas, cordas de amor. E quanto à maldição, Paulo esclarece que o Pai tornou seu amantíssimo Filho maldição, para resgatar todo o planeta de debaixo da maldição.

    Um a um aquele, todo aquele e aquela que crer. Somente Deus tem o antídoto para a maldade humana. Mas esse remédio passa pela morte e ressurreição do Filho, se e somente se nEle, em Jesus, batizados, pelo Espírito Santo, na Sua, do Filho, morte e ressurreição.

   Deus derramou o Espírito Santo. Deus derrama amor no coração de todo o que crer. Noé foi pregador da justiça, esta que vem pela fé no nome de Jesus. O menino, filho de Lameque, encontrou graça diante de Deus.

    Foi íntegro todo o tempo. E, como Enoque, aprendeu a andar com Deus. Nessa terra, não que Deus a tenha amaldiçoado, mas debaixo da maldição que se coloca o homem e a mulher sem Deus, o Filho se fez maldição, para que a benção da justificação pela fé alcançasse quem e qualquer que crer.

    Deus disse haja luz. E a sombra que turvou a beleza da criação, tornando manchas homem e mulher, originalmente poemas de Deus, essa história se renova e se mostra, de novo, bela. Como foi a criação que, desde recém-nascido, Noé recebeu de seus pais.

    Como foi bela a opção e a biografia de Noé. Como é belo andar com Deus. 

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