quinta-feira, 22 de junho de 2023

Esquina do(da) Esperança

   As duas avós se encontram nesta foto. Uma mais compenetrada, blusa e saia claras, canta meio séria, a outra, ao microfone, é toda contentamento.

   Hoje estivemos nesse local. Mas essas duas avós faltaram: estão juntas, no céu. Luzia, chamada quinta-feira passada, seu primeiro culto no céu, no dia do aniversário do Acre, o qual tanto amou e pelo qual sempre orou. 

   Para quem acredita, não nelas, somente, mas na Bíblia, principalmente, livro que elas não largavam. E no testemunho que sempre transmitiram, estão, sim, em casa. Porque terminaram aqui seu ministério. "Na casa de meu Pai há muitas moradas, vou preparar-vos lugar". Jesus. 

   Porque elas, sim, sempre acreditaram e pregaram todo o tempo essa fé. Luzia, como Dorcas, fazia anotações. Aquela, por quantas famílias orava, esta outra, quantos sermões pregasse.

   Luzia nasceu para os lados de Brasileia, na colônia Nazaré, filha de Erundina Santana e Sabino. Quem conta é seu primo Levi. Ele, a partir de 5 anos, e o irmão menor, por volta do 1,5 ano, foram criados por ela, pois perderam sua mãe.

   Mais tarde, quando ela já residia em Rio Branco, com o marido Biloia Morais, Levi, agora com cerca de 16 anos, novamente veio morar com eles. Era na Rua Rio Grande do Sul, a maior da cidade, beirando o rio, seguindo das cercanias da UFAC Centro, onde está o Colégio de Aplicação, até alcançar a Baixada da Sobral.

    Mas as barrancas do rio Acre a reclamaram de volta, e a rua desabou em dois pontos. Os moradores, então, foram deslocados para um bairro recém-criado e de nome inspirador para eles, o Esperança.

   E é lá que na foto encontramos as avós. A irmã Luzia inciou seus cultos em janeiro de 1993, no mês em que casei, lá no Rio de Janeiro. Ainda não sabia que viria para o Acre, dois janeiros adiante, em 1995.

   E o primeiro casal que visitei na cidade, em 12 de outubro de 1993, no bairro onde hoje resido, desde 2002, foi o casal Joaquim e Ligia, esta a filha de d. Luzia, irmã de Odinei e Amarildo.

   Caminhamos, Regina e eu, ela buchuda de 3 meses, de Isaac, desde o PS, pela Nações Unidas, até o bairro Estação, de onde se desce em direção ao Manoel Julião. Ali conheci o casal e as crianças, 30 anos mais novas, em relação a hoje, Isabel e João Marcos.

   Este já lhes deu uma neta, Isabela que, como a tia Isabel e eu mesmo, aniversariamos em 6 de maio. Vitória, a caçula, hoje presente no culto, nessa época nem era nascida.

   A irmã Luzia era firme nas orações. Levi, esse primo que por ela, a vida toda, foi abrigado em família, sempre que por ali passava, oravam juntos. Saudavam-se um ao outro, com alegria, e punham-se a orar juntos. A casa era um ponto de esperança no Esperança. Para todos. Para qualquer um.

   O irmão caçula de Luzia, Geminiano, é pastor em Goiás. Aliás, assista ao vídeo de seu testemunho, lá ao final deste texto. Ele e Luzia não  cessavam de se falar. Numa carta carinhosa, como sempre são todas, assim se expressa, escrevendo com sua 'letra de forma':

    "GOIÂNIA, 2/2/2017, 5ª FEIRA.
OLÁ, MANA! TE AMO MUITO, TÁ? VOCÊ FOI, É E SEMPRE SERÁ MUITO IMPORTANTE NA MINHA VIDA, APESAR DA DISTÂNCIA GEOGRÁFICA QUE NOS SEPARA. ESTAMOS SEMPRE JUNTINHOS PELOS LAÇOS SANGUÍNEOS E PELOS LAÇOS ESPIRITUAIS. GRAÇA E PAZ! SALMO 133:1"

    "Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos". Sim, muito unidos esses irmãos. Há uma coleção dessas cartas. Geminiano sonhava em ter sua irmã perto dele. Mas essas duas avós tinham mais essa virtude em comum.

   Qual era? Nunca se afastariam de seu recanto, fosse sua casa, fosse sua congregação. Igreja, com tudo o que lhe diz respeito, era o ambiente delas. Fazia gosto de ver. E queriam trazer mais gente, cada vez mais gente, para a igreja. Igual Jesus.

    Hoje um grupo grande de gente esteve presente. Pelas fotos, veja abaixo, a gente percebe. Três pastores, Nelson Rosa, que ajudava, sempre que podia ou era convidado, nesse culto das quintas-feiras, eu e Amoroso José Bento, um arquivo vivo de memórias, feijoense das beiradas do Envira.

    Hora certa para começar, hora certa para se encerrar. Sem cansar os assistentes. Muita gente da vizinhança, pessoas de várias igrejas, a irmã Luzia era assim sociável. Até a meninada da escola em frente de sua casa sabia a hora de beber sua água geladinha.

    Ligia divertiu-se com a mãe, ao saber que o garrafão extra de água era para a emergência de atendimento aos alunos. Até o gari sabia a hora certa que recolher os sacos, quando ela não perdia a chance de demonstrar toda a simpatia. E nunca deixar de anunciar Jesus.

   Uma das avós, de março a junho de 2016, também esteve no hospital, lá no Rio de Janeiro, passando por UTI, cirurgia e enfermaria. Esta, também de março a junho deste ano, em Rio Branco, enfrentou a mesma barra.

    E o Senhor as tomou para Si. Por isso, por tanto e por tudo seja bendito o nome do Senhor. As avós que gostavam de cultos, de hinos, de Bíblia, de gente de igreja, de falar de Jesus a outros tantos, agora estão cara a cara com Ele, como sempre prometeu, e como elas, que creram nessa fé de que sempre tetemunharam.

    Eu até ia esquecendo de dizer que Luzia era viúva de Alonso. Procure o texto sobre ele aqui no blog, no link abaixo das fotos. A outra avó era minha mãe, também evangelizadora, junto com meu pai. Agora, todos juntos, como sempre proclamaram ser real. Essa a fé, santíssima, de uma vez por todas a nós entregue.

    Luzia acolheu e dela fez uma constante festa, repartindo por todo o canto, principalmente naquela casinha de esquina, de um bairro de tão sugestivo nome.

    Porque nela a boa nova do evangelho sempre foi proclamada. A casa de Luzia sempre foi um lugar de Esperança. 




Dia de culto em memória 
e ações de graça.



Aqui, ao fundo à esquerda, o primo Levi, ao lado dele, o Pr Amoroso e, acima, pastores Cid Mauro e mais acima Nelson Rosa.


A filha Lígia ora, em gratidão, pelas ajudadoras na internação de sua mãe. Ao fundo, à esquerda, a filha Vitória e Joaquim, genro da irmã Luzia.

Memórias de seu Alonso, esposo de Luzia:

 (Leia e clique na setinha, parte inferior da página do blog, para ler a continuação em mais dois textos):


Vídeo do Pr Geminiano, irmão de d. Luzia, testemunhando a fé deles dois:

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