⁴¹ "Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. ⁴² Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada." Lc 10.
Maria faz uma escolha e, com ela, demarca uma preferência que Jesus ressalta como ideal. Ele a caracteriza como pouco, uma só coisa e uma boa parte que não será tirada.
O contexto indica que a escolha de Maria foi "quedar-se assentada aos pés de Jesus, ouvindo-lhe os ensinamentos". Pois é esta escolha de Maria que a define dentro das características descritas por Jesus.
Vamos ressaltar quatro mulheres das Escrituras que se encaixam, cada uma dentro de sua época e no seu contexto, nos mesmos moldes da escolha de Maria.
Débora deveria ter sido a única esposa do rei Davi. Caso assim fosse, ele teria cumprido a norma que consta em Deuteronômio 17:
¹⁷ "Tampouco [o rei] para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem multiplicará muito para si prata ou ouro."
E foi ela que evitou, por sua sabedoria e dependência de Deus uma chacina de todos os homens da fazenda de seu marido, que havia decidido não contribuir com o sustento dos valentes de Davi, a única brigada armada que defendia Israel, no tempo da loucura de Saul: 1 Sm 25:
²⁶ Agora, pois, meu senhor, tão certo como vive o Senhor e a tua alma, foste pelo Senhor impedido de derramar sangue e de vingar-te por tuas próprias mãos. [...] ²⁹ Se algum homem se levantar para te perseguir e buscar a tua vida, então, a tua vida será atada no feixe dos que vivem com o Senhor, teu Deus".
Rute foi uma mulher que, em segredo, fez uma escolha manifestada no momento certo. Não poderia fazê-lo antes, muito provavelmente pressionada por sua cultura. Mas no momento da despedida de sua sogra Noemi, ela declarou sua fé:
¹⁶ Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. ¹⁷ Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. ¹⁸ Vendo, pois, Noemi que de todo estava resolvida a acompanhá-la, deixou de insistir com ela." Rt 1.
A declaração de Rute não foi uma opção por Noemi, apenas apego ou amizade, não foi pela cultura ou religião de sua sogra, mas foi uma opção consciente por Deus. E tudo o mais em sua vida decorreu dessa opção.
Aqui aprendemos que não devemos fazer opções "em nome de Deus", numa simulação de consagração, mas devemos fazer as opções de Deus, aquelas que Ele coloca diante de nós. O padrão e a providência de Deus são a melhor escolha.
Ana também foi animada a fazer a melhor escolha, a escolha decorrente da fé. Era hostilizada por sua companheira de matrimônio, ainda que no contexto do culto do tabernáculo.
Mas venceu pela oração. A sinceridade do esposo ajudou-a a optar pelo modo divino de enfrentar as provações. Com ela, aprendemos que Deus tem sempre, para nós, a melhor escolha. 1Sm 1:
²⁶ E disse ela: Ah! Meu senhor, tão certo como vives, eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, orando ao Senhor. ²⁷ Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a petição que eu lhe fizera. ²⁸ Pelo que também o trago como devolvido ao Senhor, por todos os dias que viver; pois do Senhor o pedi. E eles adoraram ali o Senhor."
E devemos usar os recursos a Sua disponibilidade para superar nossas provações. As decisões de Ana foram todas elas sábias, aos olhos de Deus, deixando-nos lições permanentes.
Maria, mãe de Jesus, tinha consigo um modo de absorver desafios, analisar situações a sua volta, assim como agir com sinceridade e transparência que marcam a sua personalidade.
A escolha dela não foi palpite aleatório. Mas o fato dela concordar reflete sua lucidez diante dos desafios de fé. Estava em dia com sua vida de comunhão. Era uma mulher cujo feitio constava nas Escrituras.
Foi sincera com o anjo, que ouviu dela o mesmo questionamento que ouviu de Zacarias. Mas este falou num tom que revelava incredulidade, enquanto Maria num tom que transparecia sinceridade.
⁵¹ "E desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso. Sua mãe, porém, guardava todas estas coisas no coração. ⁵² E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens." Lc 2.
Por isso se tornou cumprimento vivo de profecia. E por isso foi entregue a ela a educação do Filho de Deus. Jesus não nasceu pronto. Como nós, passou por todas as etapas de educação de qualquer criança.
E Maria foi o melhor modelo de mulher e mãe para esse menino prodígio. Seu modo de "guardar as coisas no coração", como Lucas sempre menciona, revela sua prudência, sabedoria e eficiência no agir.
Todas essas mulheres agiram com sabedoria em sua vida. Fizeram a melhor escolha. Buscaram em Deus recursos para agir segundo a vontade de dEle.
Como Maria, irmã de Lázaro, todas tipificam escolher a melhor parte, que nunca lhes será tirada.
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