segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Bendize, minha alma

 Por que a alma deve bendizer ao Senhor?

   Por que alma? Por saber quem na verdade somos. Se não conseguimos nos subverter definitivamente, a alma prossegue sensível para dizer quem somos na verdade.

Bendize, alma, mas não esqueça nenhum só (olhe vem o uso do indefinido). Mas será chamar de benção as que são verdadeiramente bênçãos.

Bênçãos pessoais 

 1. Conta as bênçãos. E uma delas,  é contablizar os pecados, para saber de onde Deus nos tirou. Quais são,  então,  esses benefícios?

1.1. Perdoa todas (veja bem o pronome indefinido) as nossas iniquidades e Sara essa enfermidade (ver Isaías 53 e Romanos 8): o pecado é  a única enfermidade que "amamos";

1.2. Quem redime a vida da cova. E não pense que se trata de atrasar a ida para o cemitério. Puxa, como desejei isso para meu pão e minha mãe,  e Regina para o país dela. Pelo menos, para depois do culto dos 90 anos. Mas do sentido de cova relacionado ao modo de vida herdado após a expulsão do Éden, errante em relação à árvore da vida.

1.3. E que coroa de bênçãos pela velhice afora, mantendo a qualidade de vida,  em lucidez e ganho espiritual. Definitivamente, prosperidade não é ganho financeiro. A coroa é graça e misericórdia (amor). Graça é o que permite a Deus,  sem peço, dar, conceder e amor regula o Seu envolvimento conosco.

Bênçãos gerais

1. Faz justiça;

2. Julga todos os oprimidos;

3. Manifestou a Moisés e 

4. Aos filhos de Israel seus caminhos;

Quem Deus é:

3. Misericordioso (amoroso), compassivo, longânimo, assaz benigno;

3.1. O que isso significa: 

3.1.1 Não repreende perpetuamente/nem conserva para sempre a sua ira;

3.1.2.  Não nos trata segundo os nossos pecados/nem nos retribui consoante as nossas iniquidades;

3.1.3. Qto o céu de alteração da terra é gde a sua misericórdia (amor) para com que os temem/Qto dista por Oriente do Ocidente assim afasta de nós a nossas transgressões/Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem.

4. O que Deus sabe

4.1. Nossa estrutura que é pó;

4.2. Nossos dias como a relva e a flor do campo 

4.3. Contrasta com isso a Sua misericórdia (amor) de eternidade/ e justiça sobre 

4.3.1 Os que o temem/o os filhos dos filhos 

4.3.2. Para os que guardam Sua aliança/os que lembram seus preceitos e os cumprem

5. Onde Deus está, onde habita Is 57,15

6. Quantos e quem bendizer-lHe o nome:

6.1. Anjos

6.2. Exércitos e ministros 

6.3. Todas as obras em todos os lugares.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Aula de amor em 1 João 4

 A toda hora é urgente falar de amor. Não porque nos declaramos especialistas no assunto. Seria plena prepotência. Mas porque é essencial.

  Conhecer, praticar, refletir sobre ele. Interessante Paulo afirmar que excede todo o entendimento. Mas que conhecer esse amor é ser tomado "de toda a plenitude de Deus".

  Afirmar  isso só tem duas saídas: ou é uma loucura, ou plenamente factível. Por constar nas Escrituras, e somente nela consta, tem toda a credibilidade.

¹⁹ "...e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus."Ef 3.

  Em João 15 Jesus dá uma aula sobre amor. O contexto é a última Páscoa (e primeira Ceia), ensejo do texto da videira. E João, apelidado "apóstolo do amor", também dá aula em sua 1 João.

  Qual o origem do amor? Deus, porque somente existe nEle. Mas pertence à essência do amor ser compartilhado. Deus o faz no Filho. Mas não existe amor periférico.

⁷ "Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. ⁸ Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor."   1 Jo 4.

  Nem simulação de amor. Ou dissimulação de amor, ou seja, hipocrisia disfarçada. E somente tem amor quem recebe o Filho.

¹⁰ "Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados." 1 Jo 4.

  Porque amor só existe pela dádiva do Filho, batizados no Filho e exercido na igreja, para efetiva ação de desdobramento no mundo.

   Autenticidade de amor somente uma vez garantida por Deus. Exercida pela comunhão com o Filho, no contexto da Igreja, para ação fora dela, no contexto do mundo.

¹¹ "Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. ¹² Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado." 1 Jo 4.

  E é ação do Espírito em nós. Se somente amor só existe em Deus, é-nos concedido no e pelo Filho, só atua em nós e, por meio dele, autenticados filhos de Deus por suporte único de ação do e pelo Espírito.

¹³ "Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito.

  A igreja de Jesus está no mundo, nele aparece e dá testemunho verdadeiro de sua identidade com Jesus por amor, vivenciando e demonstrando esse amor no mundo.

¹⁴ "E nós temos visto e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo." 1 Jo 4.

   No amor, somos aperfeiçoados em Deus, nEle permanecemos, testemunhamos sem medo no mundo, mantemos confiança no Senhor e amamos o mundo, como Deus assim amou.

  Não existe outro tipo de amor. Não existe intensidade de amor. Não existe seletividade no amor. Existe amor. E, não sendo amor, trata-se de ódio.  E isso é fora de Deus.

¹⁹ Nós amamos porque ele nos amou primeiro. ²⁰ Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. ²¹ Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão." 1 Jo 4.

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Mendigos de amor

 Há uma imagem recorrente que todos os que cruzam as ruas de meu bairro, Manoel Julião, ou do bairro vizinho, Conquista, conhecem.

  De uma moradora de rua, meia altura,  esquálida, às vezes nua, pelo menos da cintura para cima, uma vez dei com ela sentada no asfalto, bem onde o ônibus faria a curva, temi por ela.

  Mas segui meu curso no meu carro. Todos fazemos assim. E já a deparamos várias vezes. Não sei o nome dela. Deve ter um apelido. Todos nós nomeamos ou apelidamos.

   Como o tema de minha insônia de hoje foi amor, pensei nela como mendiga e resolvi escrever sobre mendicância de amor. Por quantos será amada essa moradora de rua?
  
   Aqui em casa, quando a congregação estava aqui, havia o Anjo. Esse eu que apelidei.  Porque eventualmente aparecia, como ocorre com os anjos. Ele tinha um modo todo dele, meio rouco, meio gutural de dizer: "Pastô". Terá sido um anjo, disfarçado, eu pensei?

² "Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos." Hb 13.

   Pedia comida, um trocado, certa vez pediu agasalho e até um lençol, noutra vez. Também circulava nessas redondezas. Certa vez, eu soube que havia morrido. Ah, sim: eles também morrem.

   Mendigos de amor. Dívida de amor. Bem, de dívida de amor se vive, basta ver o versículo que segue, mas de mendigar amor, será que também se vive?

⁸ "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei." Rm 13.

   Dívida de amor todos temos. Mas não somos mendigos. Esses andarilhos são.  Esse povo de rua, muitos outros, zanzando por minha cidade, são mendigos de amor.

   A gente acha que não é mendigo de amor.  Porque mencionamos "Deus" toda hora.  Deus é nosso status.  Caramba, como sabemos de Deus uma porção de coisas!

  Olha, quem esbarrar conosco vai conhecer de Deus um montão de coisas, sim, porque de Deus sabemos muito. Bem, imitar Deus é outra coisa. Também, não vamos exagerar. Mas esse outro versículo que segue, atrapalha nossa acomodação:

¹ "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; ² e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave." Ef 5.

  Há outro, mais um versículo da Bíblia que diz que Jesus "andou por toda a parte" em amor, evidentemente. É no sermão de Pedro, na casa de Cornélio:

³⁸ "... como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele". Atos 10.

   Andar em amor, definitivamente, não é fácil. Mas em relação a Deus, não se mendiga amor. Veja bem, aprendamos isso: em nós não existe, em mínima ou autêntica medida, nenhum amor.

  Nosso amor é "amor de Efraim" (ou de Judá, dá no mesmo: nulo). Mais este versículo:

⁴ "Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa." Os 6.

  Somente Deus é fonte de amor. E somente amamos, porque Ele nos amou primeiro (desculpe te cansar com tantos versículos):

¹⁰ "Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados." 1 Jo 4.

  Não somos mendigos de amor. Porque Deus, pelo Espírito, derrama amor em nossa vida. Vejamos em Romanos 5. Mas esse amor se manifesta, aparece, no que e quando?

⁵ "Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado."

  Mas se esse amor derramado por Deus em nós não transborda de volta,  como dádiva, em tudo e por tudo o que fazemos, fazendo por amor, estamos em falta.

  Devemos amor. Retorne às Escrituras, no versículo de Paulo, acima neste texto. A ninguém devamos coisa alguma. Mas dívida de amor é permanente.

   Caso não vejamos amor em nossas vidas, somos como esses moradores de rua, vagando sem amor nesse mundo carente.  Lembrei do perfume de Cristo. No caso, perfume de amor.

¹⁵ "Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem."  2 Co 2.

  Para, da próxima vez, parar meu carro, aproximar-me dessa anônima moradora de rua, perguntar seu nome, caso haja em sua mente espaço e lucidez para dizer, e sentir dela o perfume.

  Mendigos de amor. Será que o somos?

domingo, 3 de agosto de 2025

Agir segundo a verdade do evangelho

 ¹⁴ "Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos". Gálatas 2.

  Quando repreender? Até mesmo a nós mesmos? Paulo, desta vez na carta aos Corintios, adverte que devemos ter acurada percepção para nos avaliarmos a nós mesmos.

³¹ "Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. ³² Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo." 1 Co11.

  E Hebreus vai corroborar, afirmando que, junto com a autenticidade de filho de Deus, está agregada a certeza e necessidade da disciplina.

⁹ "Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos? ¹⁰ Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade."
Hb12.

   No caso da congregação em Antioquia, onde estavam, ainda no século I, os apóstolos Pedro e Paulo, tornou-se necessária e urgente essa pública repreensão de um deles, no caso, de Paulo a Pedro.

   Independentemente do peso de autoridade, que ambos possuíam em igual proporção, porém, após esse ocorrido, certamente geraram-se comentários e ressalvas, mas Paulo não somente não se importou com isso, como decidiu imortalizar a pública exortação no texto de sua carta aos Gálatas.

  Porque não proceder corretamente segundo a verdade do evangelho é razão urgente e mais do que suficientemente justificável a uma exortação pública.

   Na frente de todos Pedro dissimulou, então perante todos Paulo o denunciou. Sejamos cuidadosos para não avaliar errado, seja este texto, seja a oportunidade, modelo e modo de exortação.

  Conceito e preceito, na Bíblia, caminham juntos, mas necessita discernimento um do outro. O preceito aqui é exortemo-nos uns aos outros, sempre, sem esmorecer.

  O conceito é façamos com sabedoria, autoridade e sensibilidade, sem expor desnecessariamente o outro. Não pensemos ter, para gasto impróprio e inoportuno, a mesma autoridade de Paulo.

   Mas aprendamos o significado de não agir segundo a verdade do evangelho, extraindo cada passo dessa prevenção vital do incidente em Antioquia, magistralmente, pelo Espírito, aproveitado na descrição paulina.

¹⁷ "Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores" Gl 2.

  Somos, por definição, pecadores. Por isso há o risco recorrente e sempre presente de não agir segundo a verdade do evangelho. Esse foi o flagrante de Paulo na vida de Pedro, aqui explícito.

  ¹⁶ "...sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado". Gl 2.

   A justificação pela fé é a única maneira de se ver livre da imposição do pecado. Crer é depositar única e exclusivamente em Deus a capacidade de se ver livre da ação do pecado em si mesmo.

    ¹⁹ "Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; ²⁰ logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim."  Gl 2.

   Somente o processo místico, ou seja, divino e não humano de redenção,  expresso nessas palavras de Paulo, podem tratar no ser humano e nele e dele livrar do efeito e presença do pecado.

   Pedro dissimulou, quer dizer, disfarçou o pecado, mas nunca pôde evitar a sua presença. E somente o viver pela fé em Jesus, que significa estar com Ele e nEle crucificado, tendo Sua presença no viver, impede que, de novo, o pecado prevaleça.

   Proceder, continuamente, segundo a verdade do evangelho, segue cada uma dessas etapas. Crer, ser justificado por fé, o que representa estar crucificado com Cristo, e somente viver e escolher o que e como se vive pela fé. 

sábado, 2 de agosto de 2025

Pelo sim, pelo não

 Costuma-se, pela não familiaridade com o texto ou por decidida intenção, desmerecer a Bíblia, frequentemente acusada culpada de males diversos.

  Talvez o mais veemente, e agora, com justiça, seja a insistente faculdade dela de confrontar o ser humano com o seu próprio mal. 

  Se estamos certos de que, realmente, assim procedem as Escrituras, com efeito, torna-se então compreensível a razão de tanta antipatia.

   Porque,  pergunta-se, quem impunemente deseja ver-se, insistentemente, confrontando com sua autoria maligna?

   Encontramos, entre outras, a seguinte afirmação do próprio Jesus:

²¹ "Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, ²² a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. ²³ Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem." Mc 7.

   Críticos liberais do texto das Escrituras costumam duvidar de que tudo o que nelas constam, como tendo sido dito por Jesus, efetivamente o foi. Mas eles definem um certo critério.

  De que, muitas vezes, o mal dito (note-se bem o espaço entre estas duas palavras) é autêntico, por causa da notável sinceridade de Jesus ou pelo teste de que quanto mais estranha soe a afirmativa, mais autêntica.

  Ora, então dizer que todo o mal provém de dentro do ser humano, 100% de chance de autenticidade, até para esses mais céticos.

  E se presta para alguma finalidade, por assim dizer, as Escrituras aceitam, sim, pelo menos essa duas: confrontar com o mal, mas indicar sua definitiva cura.

  Pelo menos. Já em seu início começa por uma aula sobre o mal. Após a rica, detalhada e, por assim dizer, poética narrava da criação, que se encerra com toda bondade, em Gênesis 1:

³¹ "Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia."

     Segue-se a descrição de como nossos pais chamaram, de volta, para dentro de si (e de nós) o caos. O casal, prevenido, desmerece a advertência divina.

  E o caos prossegue seu curso, no primeiro assassinato, pasmem, do primeiro primogênito, Caim, ao próprio irmão Abel.

  Seguem-se assassinatos em família, agora pelo poeta bígamo Lameque, que também matou, por causas fúteis, e ainda compôs versos gabando-se.

  E nessa aula bíblica inicial da maldade, prevenindo e descrevendo o seu efeito, que se espalha na humanidade, chega-se à depressão de Deus por haver criado homem e mulher.

⁵ "Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; ⁶ então, se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração." Gn 6.

   Será sempre de pasmar que algo tão medonho, a ponto de deprimir o próprio criador, não sensibilize o homem de ver, dentro de si mesmo, reconhecido do estrago que promove.

  Sim, o dilúvio foi o desespero de Deus, tentado devolver a terra ao caos.  Mas prevaleceu sua graça, simbolizada na vida de um homem e sua família:

⁸ "Porém Noé achou graça diante do Senhor. ⁹ Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus." Gn 6.

   Não foi o primeiro. Seu bisavô Enoque também andou com Deus. Essa virtude chegou, pela fé, a Noé. A oração de seu pai, ao nascer-lhe o filho, além de desejar nela que fosse profeta, reflete o mesmo pesar de Deus.

²⁸ "Lameque viveu cento e oitenta e dois anos e gerou um filho; ²⁹ pôs-lhe o nome de Noé, dizendo: Este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos, nesta terra que o Senhor amaldiçoou." Gn 5.

   Esse bisavô foi tomado, por Deus, ainda novo, aos 365 anos (mais ou menos 36, numa comparação de 1/10).

²³ "Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos. ²⁴ Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si." Gn 5.

  Deverá,  talvez, tê-lo arrebatado para que não presenciasse o Dilúvio, quem sabe. Seu neto Lameque, pai de Noé, terá morrido em pleno ano do começo da catástrofe.

  Jesus também afirmou que o mundo continua o mesmo.

³⁷ "Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. ³⁸ Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, ³⁹ e não o perceberam, senão quando veio o dilúvioe os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem." Mt 24.

  Maior é o efeito da bondade e da graça de Deus, que sempre vence. Há cura para a maldade. Mas toda a vez em que se tomar das Escrituras, sem remédio paliativo, haverá de se ver, cada um, confrontado com o mal que jaz dentro de si mesmo. E seu antídoto em andar com Deus.