terça-feira, 12 de novembro de 2019

"Rogo-vos, pelas misericórdias de Deus"" - Romanos 12,1-2 - Parte 1

    "Juro por Deus". Quando menino, e isso vai até a virada anos 50/60, essa fala encerrava toda polêmica. Era um rogo. Quem afirmava, queria credibilidade a seu favor.
    Paulo usa um recurso parecido, mas em tudo diferente, quando diz: "Rogo-vos, pelas misericórdias de Deus". Ele não está simplesmente rogando, ou seja, fazendo um veemente pedido em seu próprio nome.
    E também não está usando o nome de Deus como se fosse apenas uma instância maior, à qual se apela para emprestar credibilidade no que se está empenhado, como na sentença de meu tempo de infância. 
    Ele pede que se leve em conta o que Deus, por sua misericórdia, é capaz de realizar e, com empenho e de modo essencial vai fazer na e por meio de Sua igreja. A esta comprou pelo seu próprio sangue, em Jesus Cristo. 
     O rogo é dirigido a nós. Pede em veemente súplica compreendermos a dimensão do que segue como indispensável à identidade e função precípua da Igreja.
    Ele, portanto, roga, porque Deus vai realizar, pela misericórdia que O move e do modo como age, o que Paulo nos indica como essencial, nossa resposta ao agir diferencial de Deus em Sua Igreja, corpo de Cristo.
    "Pelas misericórdias de Deus". As versões modernas já optam por traduzir "misericórdia" por "amor". Deus é amor. Age somente em e por amor. Por isso Paulo antecipa, no seu rogo, que o que vai pedir está condicionado ao amor de Deus.
     Deus concede que sejamos, no e por Seu amor capazes de fazer o que, como igreja, temos missão e identidade específicas para realizar. Trata-se do que Deus deseja que façamos e do modo como nos supre a fazer.
    Em amor. Por amor. Pois o amor, que só existe, no seu estado original, em Deus, Ele mesmo nos concede, para que aprendamos a amá-lo, consequentemente a nós mesmos e ao outro, agindo sempre por meio desse amor. 
    Voltados para Deus e para a nossa missão como igreja, agora regenerados na identidade do Pai, na linguagem de Pedro Apóstolo, co-participantes da natureza divina, efetuamos nosso próprio aumento, como diz Paulo Apóstolo aos Efésios.
     Pelas misericórdias de Deus é que ele derrama Sua graça. E esse é o efeito dela em nós. O que segue, pela leitura de Paulo, compõe o rogo a que somos estimulados, em amor, a assumir, de modo absoluto e irrestrito, como fruto da graça de Deus.

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