quinta-feira, 3 de junho de 2021

Memórias de seu Alonso - 2

 

Como dizíamos, o pai de seu Alonso foi para o seringal em 1945. Era ex-policial da ex-guarda territorial, época da construção simultânea do Palácio, do Quartel da PM, quando a prefeitura atual era ainda uma penitenciária. Ele nasceu em Brasília, que depois passou a Brasileia, em 1935. Quem lutou ao lado de Plácido de Castro, da família de seu Alonso, foi seu avô, o pai de sua mãe, Aurora Umbelina de Lima.

José Bonifácio de Lima, esse o herói, com Plácido de Castro, da guerra acreana de revolução, avô de seu Alonso. Uma tia dele, irmã mais nova de sua mãe, apelidada tia Preta levou, para Manaus, documentos que comprovavam essa milícia do avô. Estão sepultados, pai e filha, em Brasileia, ele falecido em 1952.

Seu Bonifácio era dono de três dos famosos rifles de papo amarelo, tendo morado por muito tempo com o genro, pai do seu Alonso, no seringal, por este ter pedido dispensa da polícia. A maioria dos ex-guardas territoriais foram reaproveitados na PM, quando da emancipação do Estado em 1962. Em 1944, com 9 anos de idade, seu Alonso já começava a cortar seringa com o próprio pai.

Fazendo as contas, começando aos 9 anos e, como ele diz nesta gravação, trabalhando até agora, são cerca de 75 anos ininterruptos de trabalho. Comentou como exorta jovens que ele percebe que não apreciam essa mesma jornada. Seu Alonso passa a narar a jornada que fez, com uma boiada, de Brasileia a Rio Branco, hoje, por estrada, cerca de 280 km, nos tempos áureos, parando para dormir, perguntei onde: ele respondeu, “onde escurecia”.

O caminho era aqueles dos seringais, pelos varadouros, pelos caminhos do escoamento da borracha. Fossem seringais brasileiros, fossem bolivianos, ora, daqui a Cruzeiro do Sul, extremo oeste do Acre (e do Brasil), atuais 670 km de estrada, havia varadouros, comenta Joaquim. Calculava-se o rumo, por esses varadouros, trazendo o gado, de colocação a colocação para que, uma vez declinando a tarde, nela haveriam de pousar.

Vinham serpenteando, ora dentro da Bolívia, ora dentro do Brasil, até que chegassem ao Quinari, apelido do município de Senador Guiomard Santos. No total, 9 dias e nove noites, ainda não existindo, do Quinari a Rio Branco, estrada, mas ainda varadouros. Um dos pontos, dentro da fazenda Palmares, do Engo. Agrônomo Carlos Neves, é a nascente do Iquiri, igarapé este por dentro do qual o gado atravessou, local que hoje abriga a Alcobras, tentativa de uma usina acreana de álcool.

Vinham com burros de carga, aqueles utilizados para puxar a borracha pelos varadouros, e alguns cavalos, tocando o gado, municiados principalmente do rancho, cuja dieta alimentar incluía, é claro, a farinha e a carne seca, fosse de gado, de porco ou ainda galinha frita que, na farofa, durava dias. Vinham Alonso, com dois primos de sua primeira esposa, Pedro Alves, Igor, o irmão, e um cunhado deles, o João Benvindo.

As 11 cabeças eram gado de seu Alonso, e outras restantes dos companheiros, chegando o total a cerca de 25 cabeças. Dessa época, recentemente, seu Alonso encontrou o Sebastião Flores, dos tempo áureos, que conheceu seu Alonso desse tempo em que começou a criar todo esse gado. Seu Alonso lembra e menciona os primeiros patrões, os coronéis dos seringais. Esse, andava fardado, com patente comprada, e contava histórias de uma possível participação na guerra de Plácido.

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