quinta-feira, 3 de junho de 2021

Memórias de seu Alonso - 3

 

Parece que há duas filhas, Fantina e Lourdes, desse Coronel Cordeiro (ainda bem), que circulava fardado em Brasília (Brasileia, não confunda), nos tempos áureos de seu Alonso, por aquelas bandas, que nasceu, em 1935, bem coladinho à casa dessa personagem pitoresca. E, para completar, era uma rua bem próxima à igreja católica, denominada rua da Encrenca, sendo assim de boa vizinhança.

O Pe. Paulino Baldassari, famoso em Sena, chegou a passar por Brasileia, antes de ficar famoso em Sena, falecido perto dos 90 anos ou mais. Seu Alonso foi sacristão dele, nessa época de sua passagem por lá, e foi casado por ele em 1957, justo no ano de meu nascimento. Houve uma discussão, entre Joaquim e Alonso, se foi esse padre que construiu a Sé, em Brasileia, mas seu Alonso confere que já havia igreja erguida. Bem, pode ter ampliado, quem sabe.

Quando Alonso chegou a Rio Branco, tempo ainda do bispo Dom Giocondo, falecido em desastre aéreo, em 1971, ele auxiliou na construção da Catedral da cidade. Mas era uma antiga, situada onde hoje é a Galeria Meta, ali, a lado da antiga sede do Colégio Meta, na Epaminondas Jácome, na beira do Rio. Houve uma primeira visita dele, em 1954, agora o ano em que meus pais casaram.

Agora, sim, a Catedral, essa que hoje existe, estava sendo erguida, com o Mestre de obras Luiz, projetos do Pe. Andre Sicarelli, sob o episcopado de Dom Giocondo Maria Grotti. Alonso ganhou uma máquina de costura Singer, das melhores, da mesma marca da que minha mãe tinha, da parte do bispo, como ajuda de custos por seu trabalho. Detalhe, era uma máquina de estimação, porque a profissão anterior do bispo era ser alfaiate.

Seu Alonso trabalhava como carpinteiro, mas chegou a efetivamente construir, devido ao seu progresso na profissão. Onde é o Cine Acre, de Waldir Pinheiro, é construção dele. Do mesmo dono, o Rio Branco Hotel, assim como os dois edifícios da cabeça da ponte nova, construções dele, Edifício Pedro Luiz, um deles. Incluam a sede do DerAcre, em meio ao descampado, ponham em sua conta também. Raimundo, João e o mais novo, Manduca, eram sócios no hotel que Alonso também ergueu e filhos do Luiz Pedro, que deu nome ao edifício acima citado.

Havia terminado o Hotel, em 1967, ano que fui morar no Meier (em que nasceu pessoa muito especial, mas cala a boca), estava construindo o edifício, em 1968, ano em que fiz o Admissão, com a Profa Cleuma, com quem frequentemente converso, veio o mais velho deles, seu Raimundo, que morava em Belém, e era sócio da Fábrica Aliança. Ficavam num quarto do Hotel, onde havia uma empregada que os servia, quando, certo dia, o amigo que veio em sua companhia desceu à obra.

Apresentou-se como Engo. Civil, Manoel Nogueira Filho, vindo com o Raimundo, dono da empreitada, para construir o Dpto de Estrada de Rodagem do Estado do Acre. Vendo você trabalhar aqui, falei com o Raimundo, João e Manduca para que, quando for iniciar as obras, levar você comigo, mesmo porque você conhece todos os operários aqui. Está combinado, eu falei com ele e ele libera.

Bem, Alonso respondeu, ele liberando, vou, porque tenho um contrato com ele para erguer o edifício. Mas se ele liberar, eu vou. Assim ficaram amigos, visto que o quarto de hospedagem era bem ali, de onde o engenheiro apreciava o trabalho de seu Alonso, até que certo dia ele sentenciou: vamos começar as obras. Foram à Construacre comprar o material e construíram o Deracre lá, no isolado do descampado.

Terminada a obra, foi quando o Dr. Nogueira lhe ofereceu tomar o livro de assentos dos funcionários, convidando Alonso a integrar o rol, como o primeiro deles, visto que esse próprio engenheiro seria o chefe. Mas Alonso só disse “Não, quero isso nada, doutor: vou voltar e terminar o prédio do homem”, no caso, o Edifício Pedro Luiz, de seu Raimundo. Ora, eu comecei, não vou deixar em meio de viagem. E não adiantou o Nogueira argumentar que já havia solicitado seus serviços ao Raimundo. Rodagem, para seu Alonso, era varar varadouros, de Assis Brasil até Rio Branco. Rodagem em estradas, definitivamente, não era com ele.

 

 

 

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