quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Santo, Santo, Santo

 

    Os textos bíblicos estão dados. Por trás deles, os homens que os escreveram, como Tiago mesmo diz, homens como nós, apenas portadores, no passado, de uma tarefa já encerrada.

     Os textos são como sentinelas, arautos ou atalaias: estão aí como referenciais. Advertência de que Deus fala. E, da forma mais direta possível: "homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo", tendo depois falado da forma mais completa e plena possível, pelo Filho, "a quem constituiu herdeiro sobre todas as coisas".

     Então, falar dos textos bíblicos pode soar repetitivo. Pode até ser. Mas estão dados para isso mesmo: ser lidos e relidos. E assim constituir-se o nexo de que a fé vem pelo ouvir, e ouvir a palavra de Deus. Sendo necessário compreendê-los em suas inter-relações, pois seu alvo principal é apontar para Jesus.

     Mesmo textos do Antigo Testamento. Isaías afirma que viu o Senhor. João evangelista afirma que ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus unigênito, Jesus, que está no seio do Pai revela Deus. Isaías ouve os querubins falando Santo, Santo, Santo.  Paulo afirma que Jesus nos apresenta, diante de Deus, santos, inculpáveis e irrepreensíveis.

      Isaías ouve de Deus "quem há de ir por nós?". Jesus proclama à Igreja "Ide". O que o Antigo Testamento promete, em Cristo o Novo Testamento anuncia como já cumprido. Entre outras deduções a partir da visão de vocação desse profeta.

    As abas das vestes de Deus, na visão de Isaías, enchiam o templo. Este é, em termos programados, um recorte de tudo quanto está fora dele, que a Deus pertence, e representa o lugar onde adorar o Deus invisível, que está em toda a parte. Ao mesmo tempo Deus está/não está no templo.

    Isaías vai contestar, na profecia, o culto oferecido no templo. Em sua visão, enxerga, sim, Deus e todas as vestes brancas, que representam a santidade dEle. Por isso, avalia-se perdido, porque sua língua, pecado capital descrito por Tiago, em sua epístola, é principal vício de Isaías.

     Mas Deus resgata o profeta no específico de sua carência, purificando-o. Reserva seu lugar no culto e providencia sua vocação. Desperta nele a carência do envio e detalha a mensagem de que será portador. O profeta tem sua linha mestra de ministério. 

    Notável é ter ouvido Santo, Santo, Santo. E também a angústia da trindade em querer saber quem, por eles, está disposto a ir. Ide. Imagine se fosse a vocação de Jesus. Ele é modelo de vocação. De santidade. De ministério. Razão de ser de toda a vocação. Para ele e por ele são todas as coisas. Antigo e Novo Testamento apontam para ele.

      No Antigo, benção anunciada. No Novo, benção realizada. Há ministério de profetas e ministério de apóstolos. Na igreja, todos são profetas e apóstolos. Jesus é profeta e apóstolo por excelência. Daí que sejamos, em Jesus, na mesma autoridade, profetas e apóstolos. Somos quem há de ir. Há uma angústia na trindade. Dela somos cumprimento de vocação. 

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