segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Pensai nas coisas lá do alto

 "Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus." Coloss. 3:1-3.

    Como assim? Pela Bíblia, ora, ora, de novo ela, os que cremos fomos, lateralmente, "ressuscitados juntamente com Cristo". Por quê? Como assim?

   Porque se isso não é real, nenhuma participação temos em Cristo ou com Cristo. Aliás, fecha o Livro e esquece dele. Vive como se o Livro nem existisse.

    Bíblia não é perfumaria. Não é maquiagem. Acessório. Bíblia é cruz. Ou você toma a cruz e segue Jesus, ou não vai dar para seguir seguindo. Numa linguagem, vai ser Fake.

   Pense. Isso aqui em cima, a "coisa lá do alto". Esse "alto" não quer dizer geograficamente falando, como se fosse latitude/longitude, coordenadas cartesianas, coisa do tipo. Alto, teologicamente falando: coisas de Deus.

   "Pensai nas coisas lá do alto". Está achando vago? Bem, pode até ser uma reação súbita, inicial, até mesmo justificável. Honesta, digamos assim.

   Digo justificável, porque está correto dizer que o infinito, Deus, não cabe, em compreensão, no entendimento do finito, quem, qualquer um de nós. Portanto, "pensai nas coisas lá do alto" precisa de um critério.

   E como a pirmeira lição para se entender a Bíblia é "Bíblia interpreta Bíblia", sem ir longe, aliás, no próprio contexto desta carta aos Colossenses, Paulo dá pistas sobre o que significa.

   Duas afirmações anteriores: "Ele (Jesus) é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação" (1:15) e a outra "porquanto, nele (Jesus), habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (2:9).

   Então, Deus tem rosto. Para "pensar nas coisas lá do alto", há um rosto, há um homem, no meio do caminho, cujo nome é Jesus. Logo, as coisas não são tão vagas quanto parece.

    Quando, então, confrontamos as "coisas lá do alto" com "as que são aqui da terra", optando por aquelas, não sigfica alienação. Ao contrário, retorno ao original. E o que garante que é assim é uma terceira afirmação, nesse diálogo de textos.

    "...pois, nele (Jesus), foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra" (1:16). Pensar nas coisas lá do alto é retornar à matriz, à ideia original. Para o ser humano tornou-se tão natural o arremedo, que falar sobre o retorno ao divino, ao que procede do alto, ao que está "oculto, com  Cristo, em Deus", é visto como alienação.

    As coisas da terra são as do impacto frontal com nossa realidade. Estamos dentro delas. Seu código e compromisso nos abarcam. Muito difícil não reagirmos, automaticamente, a elas, esquecendo-nos de qualquer outro recurso.

   A proposta do texto é dizer que há uma "vida oculta juntamente com Cristo em Deus". Nada mais alienante, diríamos, ou místico, que, no contexto moderno, torna-se até aceitável.

    Mas será a vida real com os valores do alto. A vida do mundo com os valores do céu. Não é oculta, no sentido místico (ou mítico), mas no sentido do valor dela. A gente quando não guarda dinheiro escondido no colchão, guarda por senha, porque tem valor.

   A vida oculta com Cristo em Deus guarda o valor. E a vida daqui é regida por ele, valendo, como diz o texto, para quem está ressucitado em Jesus Cristo. Para esses, buscar "as coisas lá do alto" não significa alienação ou misticismo. Mas os valores que regem a vida do dia a dia.
 
     Os valores de Cristo regem a vida dos que nele fomos ressuscitados. Os que buscam em Jesus os valores que regem a vida que se vive.


    

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