Naquela noite surpreendi Regina no 805 da Intendente Magalhães 297, Campinho, Rio, RJ, onde residíamos desde janeiro de 1993. Era agosto e estávamos chegando da estrada.
Havíamos deixado em casa, em Campo Grande, o pastor Paulo Leite e Julimar, hoje pastor e na época seminarista. A ideia era eu, que avançaria adiante, 60 km à frente, então levar Nilson Braga, o outro pastor, até ao lado de lá da Baía de Guanabara, em Niterói, pela ponte.
Passei em casa, porque era certo que eu cochilasse na volta, sob as luzes amareladas da ponte Rio-Niterói, então Regina seria minha garantia. Deixamos Nilson em casa, manobrando o Santana 2000 sob os pilotis da garagem do prédio onde ele morava.
Pois na manobra do carro, ainda debaixo daquele teto baixo, compartilhei com Regina que vinha, desde a viagem e pelo que constatei em Rio Branco, desejando que fôssemos para lá. Evidente que soltei como um balão 🎈 de ensaio.
Aguardei a reação. Ela disse que achava ser meu estilo empolgar-se e diluir, com o tenpo. Mas eu redargui, mas Regina, e se eu não esmorecer? Então a gente vai, ela disse.
Era essa a mulher. Sempre foi. E ainda é. Será sempre. Dali viemos, voltando ao Campinho, certamente, comentando as coisas da viagem. De como rumamos, cedo, pela manhã, saindo de Campo Grande do Rio, indo pernoitar em Mineiros, GO, no primeiro dia de jornada, quase 1500 km.
Dia seguinte, rumanos para o mais adiante possível. Alcançamos Vilhena já à noite. Estávamos no Norte, fronteira MT/RO, onde paramos para abastecer. As luzes parcas da época caracterizavam bem nossa estranheza e a novidade prévia de todo deslumbramento.
Sugeri dormirmos ali. Porque eram cerca de 21h, ora, para que arriscar? Já sabíamos que a rodovia era rica em buracos. Quatro passageiros, carro potente para aqueles dias, estimulava avançar, mas a estrada era uma incógnita.
3 X 1 o placar de continuar. Riram de mim, por desejar dormir tão cedo. Eu disse que não era isso, mas jantar e relaxar, para não priorizar as incertezas. Jantamos e o placar nos jogou na estrada. E os buracos daquela noite 🌙 eram do tipo panela, como classificados.
Queríamos 80/h, porque logo percebemos que 100 seria impossível. Mas eram panelas após panelas. Eu tentava, porque estava no carona, na frente, apontar onde via as panelas, para ajudar o motorista.
Não era tão possível assim, como a gente queria. Eram só solavancos. Então talvez 60/h. Ficava, então, o dilema: correr mais é maior risco, de menos aumenta o tempo de estrada. E eu só repeti unas duas vezes: "Não era mesmo melhor dormir em Vilhena?"
Foi quando dois solavancos mais prementes, logo percebemos que o pneu da frente fora, para logo ao descer perceber que o traseiro também foi. Estatelamos. O que fazer. A ideia era alcançar Pimenta Bueno, uns 190 km à frente. Gorou.
Deus não dorme, naquele exato momento parou um caminhão Toyota, desses miúdos, em cima do qual foram Paulo Leite e Julimar, sem problemas de panelas, a uns 100/h, carregado dois pneus furados de volta a Vilhena.
Eu e Nilson ficamos assuntando num dia de agosto de 1993, selva de lado e outro, apertando a estrada, noite alta em algum lugar a uns 40 km de Vilhena, adiante em direção a Rio Branco. Chegamos a Pimenta Bueno umas 2h30 do dia seguinte. Pernoitamos num hotel cheirando a barata.
Cheganos Rio Branco, à casa de Nelso e Josilene Rosa, num domingo. Era por volta das 12h (da noite) como diz o acreano, para nós eram 2h, biologicamente falando, fomos dormir 2h depois, para colocar em dia a conversa.
Está e tantas outras conversas, nos meses finais de 1993, embalaram a rotina do casal. E ainda nesse mês de agosto, não se sabia, ainda, e na foto acima, então está contido, que há 8 pessoas, pois Isaac aguardava 6 meses mais para nascer.
E no domingo, no Tancredo Neves, acordamos às 6h30, fomos a uma colônia (pequeno sítio, em carioquês), na direção de Porto Acre, pertencente à mãe dessa menina lá em cima, extrema esquerda da foto, para realizar a Escola Dominical.
Todo esse clima contribuiu pqra a decisão. Difícil dizer como veio todo o fascínio. Tão menos difícil dizer, como saber ou tentar descrever a evolução do pensamento da esposa, etapa a etapa, desde a rotina de, um dia, com minha mãe empacotarem todo o Ap do Rio para pôr num caminhão no rumo de Rio Branco, cerca de 4200 km depois.
A foto acima representa uma dessas etapas. A da primeira visita dela à cidade. Foi a despedida no antigo aeroporto, com o avião ✈️ marca Varig atrás. Já vão 30 anos, em janeiro deste ano, que aqui estamos.
Até neto já temos. Há uma história. Pode ser contada. Um rio de memórias ainda em curso. Época mesmo de se debruçar sobre reflexões. Nesta altura da existência, estão os efeitos.
Não restaram dúvidas de que Deus nos enviou para cá. Incontáveis as bênçãos recebidas. E vivemos na expectativa de mais bênçãos ainda. Na expectativa das etapas que virão. Porque a vida eterna, que anunciamos em Jesus, cumpre etapas sem fim.
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