quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Deus e o diabo na terra de Jó

 "É sem motivo a fé de Jó?"

    Essa foi a pergunta de Satanás a Deus. Queria provar ser fraude em Jó tudo que se dizia dele. Torturado por perdas, haveria de ficar comprovado. 

    Há muitos, aliás, no Brasil, sem conta, que colocam os bens acima de tudo. Até mesmo e displicentemente acima do caráter que não têm. 

    Que dizer acima de pessoas. Certamente na vida de Jó a perda de toda a família foi a maior. O maior bem de Jó e sua maior riqueza eram filhos, filhas, esposa, servos seus, enfim, pessoas. 

   E o que lhe proporcionava essa opção de valor era sua fé. Esse valor somente se obtém por fé. Uma fé sem fingimento, como destacou Paulo ter Timóteo, a mesma de sua mãe e avó.

   Mas Satanás apostou que diante das perdas, ele perderia também a "fé", que o danado supunha ou queria provar ser frágil ou mesmo falsa. Perdeu. 

    Mas não pensemos que foi uma aposta entre compadres. A humanidade não é fruto do acaso e nem videogame para diversão sideral. 

   Claro que os bandos que atacaram as fazendas de Jó, o cataclisma que derrubou sobre os filhos e filhas a casa e as demais pragas que lhe tiraram a saúde tudo estava sob a permissão de Deus. 

    E também Deus não é tentado pelo mal, portanto não cedeu à sugestão de Satanás, que tem como agônica e permanente missão provar que, por detrás da fé, há interesses inconfessáveis e fraudulentos. Perdeu.

    Com Jó, perdeu. Deus mesmo é o motivo da fé. Compadres são Deus com todo o que crê. Compadres velhos conhecidos eram Deus e Jó. Aliás, são, eternamente.

    Fé resiste toda e qualquer prova. Ela só aumenta. Sofrimentos como esses se cumprem, espalhados por todo o canto. Sofrimento não vem de Deus, mas está associado à condição humana.

   Um dia não mais haverá nenhum tipo de sofrimento. Mas, por enquanto, nesta vida e nesta nossa condição, são-nos comuns. A fé também para eles é socorro, solução e termo. Porque a fé tem um único objeto. 

   Pode-se dizer que o sofrimento é aleatório. E até seu sensível reconhecimento também depende da ação misericordiosa de Deus no homem. Por exemplo, era por amor que Jó considerava sua família bem maior do que suas posses.

    Mencionamos aqui quem inverte esse valor. Isso é maior sofrimento. Porque torna alguém e todos à volta objeto de sua cobiça. Mas somente assim entende-se sensível quem se submete à misericórdia que é o amor de Deus. 

    Mal maior é não compreender o motivo da fé. Não era mercado, matéria de troca ou interesseira a fé de Jó. Era sem fingimento. Autêntica. Não escolhemos sofrimento e perda. Mas fazem parte de nossa existência, intimamente associada a pecado e sofrimento.

   Mal maior é enfrentar sem fé. Mal maior é ser um promotor de perda e sofrimento. Pecado é perda total. É sofrimento maior. É sinistro cujo seguro de vida, literalmente, está com Jesus. Grátis.

    No início da criação, como imediato recurso após a queda do casal primordial, Deus prometeu a Si mesmo que seria ferido pelo único sofrimento que é vicário, qual seja, no lugar de todos os outros e remédio definitivo para todos eles. 

    Podemos até desviar os olhos diante do pavor que nos proporciona ver, na face de Jesus,  todo esse sofrimento estampado, como anota Isaías, Jesus, "homem de dores, que discerne o que é  sofrimento e de quem escondemos nosso rosto".

   Mas Jesus é cara limpa. E na sua face vemos o rosto de Deus. Este é o motivo da fé, único recurso que nos resta entre a queda e a total redenção. Porque sem fé, é impossível agradar a Deus. 

    Veja o reflexo da glória de Deus na face de Jesus. Veja no rosto de Jesus o sorriso de nossa maior saudade,  que é sua companhia. E a certeza de que o sorriso de todos os que creem, um dia, vão se encontrar juntos, morando na cidade cujo nome Ezequiel indica como última legenda de seu livro: "o Senhor está ali".

      Este é o único motivo da fé.

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