segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Sequidão de estio

 

       O Salmo 32 define a radicalidade do pecado e os estragos em seu portador. O problema é que todos somos portadores desse mal. O Salmo inteiro, expressa, em termos democráticos, sem isentar nenhum vivente, esse tour existencial de experiência. 

    “Bem-aventurado", "confessei-te o meu pecado", "todo homem (ou mulher) piedoso(a) te fará súplicas", "alegrai-vos no Senhor" indicam o alento que, didaticamente, o salmista deseja transmitir, especificando, nessa experiência comum, o jogo aberto com Deus na expressão dessas mazelas. 

     E não poupa pormenores mais sórdidos, fazendo veemente advertência, caso sejamos tentados, a menosprezar a principal lição transmitida. "Calar os pecados", "mão que pesa dia e noite", "não seja como o cavalo ou a mula", "muito sofrimento terá de curtir o ímpio", esta parte, tão real quanto a anterior, deve ser evitada e, para tanto, o salmista compartilha conosco sua lição.  

      Sequidão de estio, tirada da vida prática a metáfora, caracterizada pela estação da seca, exprimindo a condição interior de quem não encara de frente, dia a dia, a triste realidade do pecado em sua própria vida. Mas com Deus, até em sequidão de estio há frutos. Lendo Números aliás, desde o Êxodo, conferimos as "estações da rebeldia" nos conflitos de Israel com Deus, pelo deserto.

        Quase duvidamos de Oseias, quando diz que o deserto foi o namoro de Deus com o povo escolhido. Afirma que ali Deus lhes falou ao coração. Sequidão de estio com Deus é ouvir a voz dEle ao coração. Significa experimentar o Seu amor e esperar os frutos. Significa ser, por Deus, amarrado com cordas de amor.

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