terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Gratidão à família Mamed

      Melhor seria dizer, gratidão a Deus, pela família Mamed. E pelo que ela representa como dádiva de Deus a nós. Estivemos juntos, numa semana intensa, 680 + 680 quilômetros depois.

      Isso só para contar ida e volta de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, AC. Sem contar, ou melhor, pondo na conta os 4.150 + 4.150 da distância, ida e volta, Rio de Janeiro a Rio Branco, via Vitória.

     Aliás, é uma história na qual vitória é o mínimo para se contar. Porque se abrem diante de nós os projetos de Deus. Nem vou usar a palavra sonho, por causa do desgaste semântico, quer dizer, de seu significado, tantos usos a ela atribuídos.

    Uso aqui projeto. Porque Deus os executa e o seu principal é a cruz de Jesus Cristo, onde nos encontramos com Deus, para a parceria em todos os projetos dEle. É Amós quem diz:

     "Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas". Amós 3:7. Deus nada faz sem que nos envolva. O risco é querermos fazer algo sem envolver Deus ou algo no que ele não esteja envolvido.

     E nós, com a família Mamed, eles representando a Congregacional da Aliança, em São Gonçalo, RJ, e nós a Igreja Evangélica Fluminense, por meio de sua Congregação no Acre, apresentamo-nos a Deus para o Seu projeto. Cuidado aqui: quero dizer que todos estamos incluídos, entenderam, igrejas?

    Bem definiu o irmão Júlio Cezar Mamed em sua mensagem: missões é a busca de Deus por intensificar relacionamentos. Busca essa da qual Jesus, o Filho, é modelo. E esse irmão ilustrou falando de Jesus e da mulher samaritana.

    A família Mamed, em Vitória, sempre em vitória, relacionou-se com o idoso José Loureiro. Ora, santa coincidência, ele nasceu em São Gonçalo e tinha em Tarauacá, AC, em meio ao nosso percurso, um cliente.

    Na primeira manhã em Cruzeiro, ora, não vive bem quem nunca viu o sol nascer bem na curva do Juruá, nessa manhã encontramos seu Zeca, guardião zeloso de memórias suas e do museu do prédio do antigo Fórum, bem ali, na 'acrópole' em Cruzeiro do Sul.

     Muito nos divertimos com a história do juiz Dr. Jovino de Araújo Luz que, curiando da sacada do Fórum, brechou uma professora só de boa, numa escola ali, coladinha ao prédio, tendo largado em sala de aula seus alunos, para exatamente curiar na porta da escola. Mandou chamá-la ao seu escritório, para uma conversa.

     E tantas outras histórias, como as várias que envolvem todos os comerciantes ali do cais, vendendo seus produtos que vem e vão pelo rio Juruá, a gente que por ali passa, ali merenda, ali compra seus bens, pelos labirintos do mercado, mercado de peixe, no de carne e ainda no de farinha, essa sim, essencial.

      Rosane, meio apupunhada, ficou sonhando, isso sim, com o tacacá, assustada com o gosto recente do esposo pela pupunha. Pensou até que ele tinha ficado abirobado, mas logo descansou, quando eu confirmei que é assim mesmo: quem come uma, enfileira todas as outras.

     Fomos ver Evile no SEST/SENAT, menina de ouro, dali de Mâncio Lima, município pertinho, que veio trabalhar em Rio Branco, mas retornou a Cruzeiro para fazer prova e concorrer com mais três numa entrevista em que se saiu vitoriosa.

     Depois uma esticada à casa de Getúlio, irmão do motorista, para ouvir sobre suas idas, fosse por voadeira, fosse por avião a Marechal Taumaturgo, onde trabalha, município mais distante dentre esses do entorno do Vale do Juruá.

     Histórias de sua moto veterana, que tem com ele 27 anos, o tempo em que sou missionário no Acre. E do gol ganho num bilhete premiado da casa de material de construção onde se supriu para construir a casa onde mora. Além de histórias da própria cidade, entre outros causos compartilhados.

     Fomos apresentados ao açaí, ali no calçadão defronte ao Hotel Mandari, onde pernoitamos. Virou lei não dormir sem, antes, lambuzar-se na frutinha arroxeado-escuro. Dia seguinte, fomos a Mâncio Lima. A conversa da família Mamed foi com David, mestiço indígena irmão em Cristo e líder na educação de escolas indígenas no município.

    Conhecemos Mariozan, muito eficiente chefe do Núcleo de Ensino da Secretaria de Educação do Estado do Acre. Com ele, visitamos uma escola e a mãe, Célia, e o irmão, Eric, de Evile. E a tarde continuou a ser ganha com d. Lenita, a mãe de Gecer, nosso experiente e estradeiro motorista.

     Um banquete e outra aula de relacionamento com Deus. Uma vida como aula e um banquete feito com todo amor. Histórias da gente, do povo e da família de Shel e Shenha, apelidos de família de Gecer e Gecilene. Com direito a uma pelada, treino do time de Giles, outro irmão, meia-atacante, bem no campinho society do vizinho ao lado.

    Com o destaque da amiga  de d. Lenita, de 13 anos, que a acompanha à noite, em casa, Yasmin, menina inteligente, espiritual e lúcida com a vontade de Deus em sua vida e os planos que Deus certamente tem para ela. Filha de Dayna, lindo nome e linda mãe, irmã de Pedro. Yasmin é modelo do que desejamos para tantas crianças da Amazônia.

     Entendemos como missões a ansiedade de Deus por relacionamentos, compartilhada conosco, que somos chamados à parceria com Ele. Como Jesus e a samaritana. O Filho dizia exatamente o que agradava ao Pai dizer e ouvir.

    Quanta gente vimos carente dessa conversa, desse contato, dessa aula de teologia. Jesus começou falando sobre água, até falar sobre revelação do Verbo de Deus, conversão, perdão do pecado e verdadeira adoração.

     Ali pode-se falar sobre farinha, sobre pesca, pupunha, açaí, buriti, ou que outra palmeira for, sobre ida e vinda, sobe e desce rios, sobre crianças indígenas, sobre dignidade humana, nas ruas de Cruzeiro, para menores e dependentes químicos.

     Há histórias bonitas, há outras doloridas, há realidade viva, ao nosso dispor, como desafio. 1360 km, ida e volta, Rio Branco-Cruzeiro do Sul, via Mâncio Lima e Guajará, no Amazonas. Abre-se um novo painel. Enquadra-se um novo desafio. Gente encontrando gente.

     Lições de vida. Vida pulsante. Quem vai se colocar, como Jesus, disposto para a conversa e o compartilhar das verdades de Deus e de vida, somos cada um de todos nós. Passa à Amazônia e ajuda-nos.

     Há uma pergunta? Se a famiia Mamed está disposta? Ou se Deus vai enviá-la a esse campo? A resposta pode ser sim. Mas pode ser não, porque vão para outro campo. Porque quem vai para a Amazônia é você e sua família.

    Ou a resposta pode ser também sim, Deus vai enviá-los e a você também. O desafio é de todos nós e está posto. Está posto desde que Jesus subiu à cruz e desde que fomos unidos a ele, pelo Espírito, em sua morte e ressurreição.

     A viagem dos Mamed nos ensina a atender o chamado, que é de todos nós. Nunca entenda obediência como contrariedade à tua vontade. Embora nossa acomodação carnal sempre deseje não obedecer.

     Considere obediência adaptação e atenção à vontade de Deus, que é boa, agradável e perfeita. Paulo define que "um morreu por todos, logo, todos morreram. E os que vivem, não vivam mais para si mesmos".

   Essa é a escolha: nunca mais viver para si mesmos. Senão para Jesus, que por nós morreu e ressuscitou. Enfileire os nomes e vá se acostumando: Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, no entorno, Porto Walter e Marechal Taumaturgo, por barco ou avião. Fechamos o Vale do Juruá.

      E na rota dos 680 km, avia os nomes, em sua distância de Rio Branco: Bujari, 30 km; Sena Madureira, 140 km; Manoel Urbano, 230 km; Feijó, 360 km; Tarauacá, 420 km; com mais 260 km, a família Mamed chegou a Cruzeiro do Sul. Guarde esses nomes. Há benção para você, em cada cidade dessas. Como tem havido para mim e minha família, há 27 anos.

     
      


3 comentários:

  1. Muito legal esses "causos" conversa boa, gente simples mas feliz! Terra Boa e generosa! Deus é Bom!

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  2. Sim. Apaixonante. Uma vida só é pouco para tanta descoberta e tanta beleza.

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  3. Como nós amamos o Acre, eu e meu pai! Lembro-me de orarmos juntos tantas vezes por esse Estado! É maravilhoso saber da possibilidade da Família Mamed servir ao Senhor em Cruzeiro do Sul. Ainda há tantas possibilidades, tantas necessidades! Por aqui, seguimos orando, acabei de anotar a lista de cidades! Obrigada por compartilhar conosco esse relatório! Abraços para todos !!!

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