sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Sutilezas do Espírito

"Prosseguiu ele e me disse: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel: Não por força nem por violência mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos." Zacarias 4:6.

    Algumas versões usam "poder" no lugar de "violência" para essa tradução. Porém, como poder, nas Escrituras, é vocábulo usado para ações de Deus, de modo geral, o uso de violência aqui estabelece a distinção essencial.

  O Espírito age por poder, mas nunca por violência. Esta é característica distintivamete humana. Daí compreender-se que, se o Espírito age, nunca será por ou com violência.

  Por vezes a violência, em nós, não aparece de forma explícita. Aliás, por mais doloroso que possa parecer, ou até despropositada a comparação, seja implícita ou explícita, é sempre violência.

   Jesus mesmo, quando, de forma didática, aborda o "Não matarás", no sermão do monte, assim chamado, indica como idênticos o assassinato, assim como a detração. O que significa dizer que a violência pode ser vista, filmada, ou apenas subentendida, perceptível.

   Impossível detração sem depreciação. Quem pratica, diminui o outro. Sutil na condição humana. Talvez seja mais próprio dizer inato à condição humana.

   Na história da tentação primordial, ou seja, nas pistas que os textos em Isaías e Ezequiel dão de que um anjo qualquer, ao inverso do Filho, tomou como usurpação o ser igual a Deus, evidente que houve esboço de violência, detração contra o Altíssimo, com frustrada tentativa de Sua depreciação.

   Típico do ser humano. Violento, explícita ou implicitamente. Ao contrário do que recomenda Paulo, como exortação de Cristo, considerar o outro superior a si mesmo. Detração é esse inverso. Depreciar, rebaixar, diminuir, pôr sobre foco ou como foco de depreciação.

   No texto de Zacarias, de propósito, o destaque é o humilde começo. Com Deus, a grandeza está no mínimo. No pequeno. Para que o poder, a graça e o efetivo resultado seja e tenha a honra de participação do Altíssimo.

   Há sutileza na ação do Espírito. Deus se esvazia de Si, para assumir, no Filho, a condição humana. O Espírito se esvazia de Si, porque tem como tarefa precípua glorificar o Filho. E este, por sua vez, sobre ele as Escrituras afirmam:

   "Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos." Marcos 10:45.

   Sutilezas do Espírito. Não por força, nem por violência. Esvaziar-se pelo outro, parece ser uma característica individual da Trindade, assim identificada. Assim como uma sugestão permanente e voluntária na ação do Espírito.
   

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