quinta-feira, 20 de julho de 2023

Quanto à mulher

 ²⁸ Quanto à mulher, deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens:

²⁹ Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?!
³⁰ Saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele.
João 4:28-30

    Quanto à mulher. Tudo o que se pode dizer dessa mulher. Ou tudo o que se pode dizer de todas as mulheres. Ou ainda das mulheres que seguiram e seguem Jesus.

   Esta foi surpreendida com o maior dos encontros possíveis. Inesperadamente. Providencialmente.

   Jesus conduziu o diálogo a partir do mais simples, direto e óbvio. Água, o que os dois procuravam. Não devia haver preconceito. Um dos mais dolorosos recalques.

   Jesus, tanto quanto ela, tinha sede. Ela podia suprir o Mestre, este poderia supri-la: ela com a água que podia dispor. Jesus, com a que somente ele tinha para oferecer.

   Ela afirma sobre a água de que dispunha que o poço era secular, concedido pelo patriarca Jacó. Pergunta, pois, comparativamente, se e onde Jesus poderia dispor da água que prometia.

   Ela volta à polêmica inicial, de que judeus e samaritanos vivem disputando o que é, de si mesmos, o mais importante.

   Jesus eleva o tom, para definir de que água está falando. Afirma sobre ela ser água viva e tem como consequência uma fonte perene e eterna.

   Jesus, com suas palavras, queria que a mulher compreendesse o diferencial do que somente ele tem a oferecer. E como isso transforma a vida de quem recebe.

   Jesus é o único que pode devolver à vida a eternidade. E, com esse dom, fazer florescer uma nova vida, desde já, uma "fonte a jorrar para a vida eterna".

   Numa outra vez, Jesus já havia dito: "No último e mais importante dia da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva". Jo 7,37-38.

    Falou assim a uma multidão. Aqui fala a uma mulher, de modo pessoal. E o que isso, figuradamente, significa, é receber o Espírito Santo, como já desmonstrara a Nicodemos.

   E Jesus prossegue revelando-se à samaritana, demonstramdo como, com todo o cuidado, desvelo para si mesma a mulher.

   Tira-lhe o peso do desgaste das relações frustradas. E da maneira amorosa como faz, enseja que ela lhe pergunte se é profeta.

    Mas o que pensa do que seja ser profeta, de novo, remete a mulher à polêmica da religião e confronto entre judeus e samaritanos. Onde adorar? Aliás, o que é adorar.

    Uns dizem isto, outros aquilo. E vem a afirmação fundamental de Jesus, que extrapola religião e, até mesmo, ortodoxia: Deus procura verdadeiros adoradores.

   Estava no ponto dela mencionar o Messias. Também não se sabia o que ela pensava dele. Mas certamente punha nessa expectativa grande esperança.

    E Jesus faz o que veio para fazer. Revela-se à mulher. Eu sou. Falo contigo. Exatamente neste ponto chegam os discípulos.

   Ela não mais é a mesma que havia encontrado Jesus. O que surpreende, é ter largado o cântaro, razão primeira de sua ida ao poço.

   Não combina muito com o jeito feminino ou com sua personalidade esquecer, distrair-se, a não ser que outro valor maior tenha sido posto em destaque. E, ao chegar de volta, denuncia o encontro que teve, motivando seus companheiros a conhecer Jesus.

   Ela fazia, exatamente, o que Jesus recomendava aos apóstolos fazer, ou seja, incorporar à sua vivência. Descobrira o maior valor de sua vida.

   Agora tinha dentro um rio a jorrar para a eternidade. Jesus, enquanto isso, abria os olhos aos discípulos, porque, do mesmo modo que a mulher, emperravam no preconceito histórico de richas entre judeus e samaritanos, agregado à fala de Jesus com uma estranha suspeita.

   A mulher cumpria, por si, toda a expectativa que Jesus ensinava aos discípulos estar vigente. Desde o início de seu ministério, Jesus anunciava "estarem brancos os campos" para a ceifa.

   "Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, proclamando o evangelho de Deus. "O tempo é chegado", dizia ele. "O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam no evangelho!" Mc 1,14-15.

   A ceifa já teve seu início. Jesus foi o primeiro a anunciar o evangelho de Deus. O apelo principal provém dele. A urgência Jesus demonstrou aos discípulos por meio de sua conversa com a samaritana.

   E ela, demonstrando ter aprendido, convocou sua turma, seu círculo de amigos, todos homens. Permitiam-se essa intimidade é iniciativa dela.

   E vieram, e constataram, por si mesmos, tratar-se do Messias. E o convidaram a trazer aos demais sua mensagem. Conduziram-no à cidade, onde ficou por mais dois dias.

   Jesus transforma o distanciamento em aproximação. Surpreendente. Paulo afirma que somos aproximados pelo sangue de Cristo. Após sua ressurreição, somos nós a fazer o que ele mesmo fez e nos ensinou a fazer.

   Como a mulher,
   

   

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