quarta-feira, 5 de julho de 2023

Assunto teológico

   Fortuito. Na leitura bíblica do dia, mesmo porque, já há dois domingos, venho repetindo, no e do púlpito de minha congregação, que a Bíblia é, toda e autenticamente palavra de Deus.

   Por um lado, para alguns, pode soar caduco. Para a minha imagem, sem problemas, pois já, já começo a ficar. Mas espero, ainda assim, repetir, até não mais poder, essa afirmação acima.

   Queiram ou não admitir. Então hoje me coube ler Romanos 7. Leituras eventuais que estou procurando fazer, não sem antes, repetir, para mim mesmo, "estou lendo um recado de Deus". 

   Ou ainda, "o sujeito que escreveu isso, acreditava plenamente no que dizia". E por aí. Pois Romanos 7 me soou como uma análise obrigatória de minha personalidade.

   E, por extensão, refleti, uma análise de todas as personalidades. De cada uma delas, admitam ou não. A começar pelo próprio autor do texto que, aliás, inclui-se em sua autodefinição.

   E, diga-se, não é um análise enxuta. Para dizer pouco, é muito depreciativa. Eu nem diria que se trata de uma psicanálise, talvez seria mais próprio dizer, se existisse o termo, uma teologizanálise.

   Não dá para avançar, lendo as Escrituras, sem incorporar esse capítulo à experiência comum de cada um. Ainda que se tenha começado por outra parte dela, obrigatório sempre será chegar a esse Romanos 7.

   Descer fundo a essa percepção. Textos atrás, falei de uma herança que herdamos da serpente, aquela do Gênesis (ou o dragão do Apocalipse, se preferirem). Pode chamar do que quiser.

   Sejam figuras mitológicas, literárias, enfim, há um fundo de verdade nessa designação. Mas o que deixam transparecer, seja a narrativa do Gênesis ou a apocalíptica do Apocalipse, é que a verdade, por detrás, está claramente explícita por Paulo Apóstolo em Romanos 7.

    "Miserável homem (ou mulher) que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?", Rm 7,24.

   Este trecho pode ser assumido como síntese de toda a perícope. Herança da serpente. E pelo que Jesus afirma, sobre o Espírito Santo prometido, somente este pode convencer alguém de que essa descrição aplica-se a todo e qualquer ser humano.

    Portanto, uma teologizanálise geral e específica, ao mesmo tempo, democrática, ainda que se admita ou não. Não há como prosseguir qualquer leitura proficiente das Escrituras sem passar por esse texto.

   E quem convence dessa condição é, assim denominada, a terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo, prometido e já derramado por Jesus Cristo. Esse termo "derramado" signjfica isso mesmo, acessível, sobrando, sem restrições, distribuído a todos.

    Admitido ou não, esse é o único meio de acesso a todos os demais benefícios das Escrituras. Por incrível que pareça, essa é a primeira sessão de análise. Aliás, as Escrituras estão aí para indicar a única cura possível para esse mal. Aliás, esse é o mal.

    Há uma cruz nesse caminho. É o principal anúncio das Escrituras. Sua parte mais antiga, o Antigo Testamento, AT, promete-a, e o Novo Testamento, NT, a parte mais recente, indica-a. 

   E a personagem principal das Escrituras, do mesmo modo, prometido, no AT, e indicado, no NT, foi quem nessa cruz foi dependurado. Por isso o capítulo 8 da carta aos Romanos afirma:

   "... porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me libertou da lei do pecado e da morte." Rm 8,2.

    Isso mesmo. O terno é este: libertação. A herança maldita da serpente, dela somente é possível se livrar uma vez, melhor, de uma vez libertos pela lei do Espírito. 

    São três leis: a lei do pecado, a lei da morte e a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus. Esta última, a mais forte e definitiva. 

   Não é o psicanalista que vai te convencer disso. Esse assunto é teológico.

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