domingo, 30 de julho de 2023

O sermão da alegria

 "Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor." Salmos 122:1.

   O salmo que associa alegria ao ato de ir à casa do Senhor. A primeira pergunta seria sobre o que é "alegria".

   Há várias razões por que se alegrar. Desde a simples euforia até razões mais fundamentais da alegria.

  A Bíblia menciona outras situações em que alegria tem esse fundamento. Como, por exemplo, no Salmo 1, quando toda a alegria ou muita alegria está associada a meditar na Lei do Senhor.

   Não meramente meditar, mas no efeito da troca de situações de risco flagrante, pelo hábito de pôr em prática, no dia a dia da vida, o que ensina a Lei do Senhor, evitando os "grupos de risco" dos ímpios, pecadores e escarnecedores, imitando e até assimilando seu mau exemplo.

   Outro Salmo é o 100, no qual há um convite a celebrar o Senhor com alegria. Todas as terras devem celebrar. Somos convidados a servir ao Senhor com alegria, como modelo a todas as terras. E exatamente nos ensina como devemos nos apresentar na casa do Senhor.

   "Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome." Salmos 100:4.

   Neste trecho, há como que uma exortação a que, pelas portas da casa do Senhor, entremos com gratidão, com hinos de louvor, louvando o nome do Senhor e bendizendo o seu nome. Até que ponto nossa sensibilidade, como crentes, ou a ausência dela, habilita a considerarmos exatamente assim nosso ingresso pelas portas da casa do Senhor?

  Há certos desdobramentos e certas motivações de alegria. O próprio salmista, em outro trecho, diz "Sabei que o Senhor é Deus, foi ele quem nos fez e dele somos".

   Há então três razões que são "saber", "ser" e "pertencer" ao Senhor. E ainda o salmista encerra, indicando mais três razões: "Deus é bom, eternas são sua misericórdia e sua verdade".

   Podemos, então, afirmar que, na casa do Senhor, somos exortados a refletir sobre nossa identidade, que está, definitivamente, associada à identidade de Deus.

   Deus não é algo fora de nós, mas também não é um ídolo inventado por nós, mas dEle vêm as bênçãos, como essas de saber-se dEle, ser em função dEle e pertencer a Ele.

   A outra parte do versículo, Sl 112,1, menciona a casa do Senhor. Desde muito cedo, na história de Israel, Deus deseja preparar uma casa onde o povo residir.

   No Egito, eram escravos. Ali não tinham casa definitiva. Ao sair, no deserto, eram peregrinos, moravam em tendas. Tanto que Deus planejou e orientou Moisés a construir uma tenda, um tabernáculo, como morada de Deus com o povo.

   Casa então significa morada, refúgio, lugar de habitação e segurança. Deus estar presente no meio do povo representava identidade e segurança. O que havia na tenda era tudo o que havia nas tendas de ttodos. 

    Somente que, na Tenda do Tabernáculo, havia um áudio-visual profético que apontava para Jesus. Porque Ele é quem, definitivamente, iria nos habilitar a morar na Casa do Senhor, não nessa tenda terrena de nossa peregrinação, mas na celestial e eterna.

   Então, vir à casa do Senhor, é reconhecer que Ele habita entre nós, que todos somos conduzidos por Ele, que nossa casa definitiva é onde ele está, que Ele segue conosco todo o tempo.

   Claro que o Novo Testamento revela que Deus habita em nós, que somos um edifício construído e onde o Espírito Santo habita e que o próprio Jesus e o Pai exortam a que, uma vez guardada a Sua palavra, o Pai e o Filho habitam em nós.

   Mas a salvação não é individualista. As bênçãos de Deus não vêm seletivamete, somente para alguns, senão para todos. A casa do Senhor é o lugar que nos ensina que Deus habita no meio de Seu povo.

   Por isso o salmista generaliza: "somos o seu povo, rebanho do seu pastoreio". Somos então chamados à alegria. E não apenas a uma euforia passageira. A alegria do Senhor é a que contagia todas as demais alegrias da vida.

   Embora e ainda que Jesus tenha nos prevenido que o mundo é um lugar de aflição e que, num certo sentido, para o encontro com o Senhor, a tristeza de Deus, no arrependimento, apareça primeiro, a alegria do Senhor prevalece em nosso viver.

    Não como uma obrigação, mas como um resultado. Justamente, em Ne 8,10, quando o povo de Israel reconstruía suas moradas, os muros da cidade e o seu Templo, Neemias exortou o povo a confiar no Senhor, reconhecendo que alegria no Senhor é a nossa força.

    Para sempre a alegria está associada ao Senhor, está associada a esta casa, está relacionada a todos os passos de nossa vida, ainda que haja provações, como afirma Tiago:

"Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos.". Tg 1,2-8. Amém.

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