quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Estações pela Bíblia - Hebreus 1

     O autor de Hebreus segue com textos das Escrituras que atestam perfil e personalidade do Filho. Esse é o diferencial das Escrituras. Seus autores trabalham numa continuidade entre Antigo e Novo Testamento.

   Particularmente, este autor está pondo em prática do que já afirmou: Deus falou (e fala) de muitas maneiras porém, mais recentemente, última e definitivamente, agora fala-nos pelo Filho.

   Esse é o diferencial das Escrituras. Quem dela se aproxima, deve fazê-lo crendo que Deus nela e por ela fala. Não há outra fonte de palavras de Deus, senão ela. E segue o autor da Carta aos Hebreus apresentando-nos o Filho.

   Cita uma sequência de afirmações de Deus sobre Jesus, ou seja, do Pai sobre o Filho. São textos das Escrituras disponíveis para ele, em sua época. Provenientes do Antigo Testamento, textos escritos por outros homens que, como atesta Pedro, em sua 2a carta, "homens que falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo".

    É crer ou não crer. Caso avalie que soa absurdo ou crédulo por demais, desista. No meu caso, creio. Na primeira fala, Deus atesta que Ele mesmo gerou o Filho, daí se dizer Pai e Filho. E quanto aos que creem, do mesmo modo, a cada um Deus gerou em Jesus Cristo.

    Prossegue agora mencionando, a partir do texto que escolhe citar, uma comparação entre o Filho e os anjos. Por causa de seu público hebreu, pela importância que davam aos anjos. Por meio deles, segundo uma tradição que acalentam, a lei foi entregue a Moisés que, por sua vez, é o mediador do que consideram ser seu maior tesouro.

    Basta lembrar do valor que, na tradição judaica, Moisés e a lei do Senhor possuem. Pois o autor de Hebreus, de propósito, menciona o Filho para demonstrar que, na superioridade incomparável dele, não há para os anjos grau de importância maior. Assim como nem para Moisés, como demonstrará depois, nem mesmo para a lei.

   Para o Filho um trono eterno, enquanto que, aos anjos torna-os como fugidias labaredas de fogo. Metáforas do que é eterno e permanente, sinal do reino de Deus, comparado ao efêmero e ocasional.  Mais do que uma simples polêmica sobre quem é mais ou menos, o objetivo do autor é focar sua ênfase em Jesus.

   Para confirmar sobre o Filho sua superioridade em relação a eles. Conduz a argumentação até o final da perícope, para dizer de Jesus: seu trono é eterno, com cetro de equidade e justiça, o que agrada ao Pai, toda a alegria do Pai em relação ao Filho.

    Presente desde a fundação do mundo, primaz de toda a criação, assenta-se å direita do Pai, posição de honra para quem conquistou o perdão dos pecados, para a glória do Pai, a mesma assumida pelo Filho e concedida à igreja.

    A mesma glória com a qual os anjos sempre adoraram a Deus, sendo ministros a serviço da salvação, como define e última pergunta retórica desse trecho. Desde o Antigo Testamento anunciavam e, como os profetas, ansiavam pela revelação do Filho.

   Como é fortuita a importância dos anjos, deslocada de sua ênfase, assim a própria criação desvanece, do mesmo modo que os inimigos se tornam estrado sob os pés do Filho. Herança maior sempre será a salvação, assim declaram as Escrituras. E o autor anônimo de Hebreus anseia por demonstrar que ela reside no Filho.

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