terça-feira, 23 de agosto de 2022

Estações pela Bíblia - Hebreus - Introdução

   A maioria dos livros da Bíblia apresenta uma Introdução em seu início. Quando não, seu próprio começo soa como se o fosse.

   Por exemplo, interessante é o modo hebreu de nomear os livros do Pentateuco. Ao selecionar uma das ou a primeira palavra, já se constitui numa dica do assunto neles constante.

   Hebreus inicia-se, de modo magistral, convidando a se continuar lendo, afirmando, em linhas gerais: "Deus fala". Sempre falou e, por último, last, but not least, falou por meio do Filho.

    Quem é esse Filho? O anônimo autor responde: ele é a "expressão exata" do ser de Deus, sustenta tudo por Sua palavra e, fundamental, após ter-nos purificado de nossos pecados, está à direita do Pai.

    Síntese magistral da Pessoa e propósito do Pai e do Filho, apresentação ao leitor das duas principais personalidades do que segue escrito e introdução do que segue exposto, em sequência lógica, por todo o restante da Carta.

    Interessante é ler a Bíblia estabelecendo pontes de sentido com outras de suas partes. Isso porque para isso é que foi escrita. Quando supomos que se trata de uma coleção fechada, canônica, de tamanho e autoria definidos, é fantástica essa afinidade de temas entre seus escritos.

   Evidente que nos referimos ao que é central no Livro todo. Que se manifesta, nessa introdução, aqui mencionada, na menção de "depois de ter feito a purificação dos pecados", um dos temas, senão o principal em toda a Bíblia.

   Nesta Introdução, o autor de Hebreus nos remete ao Evangelho de João. Porque João expressa o Filho em sua grandeza e identidade com o Pai. Dizer ser o Filho "expressão exata" do ser de Deus, equivale, em João, dizer que Deus tem o Verbo, é o Verbo e que o Verbo se fez carne em Cristo.

    Assim como João, que já nos remete ao Gênesis, também linka com essa introdução, quando lemos que se refere ao Filho como "sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder". Esse texto se refere à participação de Jesus na Criação.

    Porque quem sustenta todas as coisas, terá de se medir desde o início, como seu referencial. E aqui lembramos outro trecho, agora de Paulo aos Colossenses, quando menciona que Cristo, em relação ao Pai, "é a imagem do Deus invisível".

    E continua: "tudo foi criado por meio dEle e para ele. Ele é antes de todas as coisas e nele tudo subsiste". E adiante em sua argumentação, "nele habita corporalmente toda a plenitide da divindade".  E assim se passeia pelas Escrituras.

   E se fôssemos falar sobre o segundo ponto aqui destacado, que é "ter feito a purificação dos pecados", todos os livros da Bíblia apresentam uma antecipação para esse clímax, ou a descrição precisa desse fato, do modo como as Escrituras o interpretaram.

   Como tarefa de casa, leia toda a Carta aos Hebreus. O autor vai detalhar o modo dessa personagem, aqui referida como Filho, não deixar de ser Jesus, e como as Escrituras, do Antigo e Novo Testamento, focam e interpretam sua Pessoa.

    E elas, as Escrituras, fazem-no de modo exclusivo. Não há outra fonte fidedigna que aborde, sobre o Filho, essa identidade com o Pai e a obra específica que realizou.

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