sábado, 25 de outubro de 2025

Os bilhetes de Dorcas

 

Primeiras casas do Velho Brejo, hoje
Belford Roxo, em 1872.

   Morávamos em Cascdura. Típico o nome e o bairro. Nasci em 1957, no HSE - Hospital dos Servidores do Estado.  Coisa de Getúlio Vargas, nem sei se "Estado", aqui, era nacional ou mesmo estadual.

    Foi ali pelos corredores, sim, porque morávamos nos fundos da Mendes de Aguiar 90, ap 101, pai e mãe ensinavam a mim sobre Bíblia, levavam-me, sem falta, dominicalmente à igreja.

  O pai contava histórias bíblicas na sesta, após os almoços, a mãe cuidava de tudo o que representasse compromisso com a igreja. Primeiro, foi a Congregacional de Nilópolis, tenho dela até o Certificado do Rol de Berço.

  Depois, a partir dos 9 anos, foi a Congregacional de Cascadura, até o casamento, em 1993, e o nascimento de Isaac, em 1994. Depois, foi o Acre até hoje. Uma das características de Dorcas, minha mãe, era a sua incansável capacidade.

   Numa fase, com contratos provisórios no antigo Estado do Rio, pois ainda existia a antiga Guanabara, que ocupava o antigo Distrito Federal, quando a capital era na atual Rio de Janeiro,  Dorcas se deslocava até Belford Roxo.

  Antigo Distrito de Nova Iguaçu, Município a partir de 1990, varia hoje de 27 a 57 min o deslocamento para lá. Mas na década de 1960, era pelo ônibus Cascadura-Nova Iguaçu e mais outro, de lá até B.Roxo, como aparecia no visor da condução. Antiga fazenda da Jacutinga, lá num cantinho remoto da Baixada Fluminense. 

  Dorcas acordava às 4h, para deixar pronta a marmita do Cid, o almoço do Cid Mauro, estar pronta às 5h, para sair e alcançar a escola às 7h. Foi assim por, pelo menos, 1 ano letivo inteiro. Eram famosos os seus bilhetes.

  Poucas linhas, mas com exatidão tudo o que ia escrito, era fato feito, completo, verdadeiro.  Era só conferir, sem tirar, nem pôr. E ainda havia umas palavras de recomendações de cuidados variados, com o que sobrasse da refeição, para não estragar, e demais cuidados nos deslocamentos pela cidade, para Cid e Cid Mauro.

   O bilhete de Dorcas era expressão nítida de sua personalidade. Ela transparecia inteira neles, sem contar a dedicação e o amor verdeiros por sua família, tão diminuta, esposo e o filho único, o quarto parto que vingou.

  As Escrituras são um bilhete de Deus. Dá para conferir, sem faltar, tudo o que ali vai escrito. Mas Deus é maior do que ela. Muito embora, nela, a personalidade inteira de Deus transpareça.

  Há muito que conhecer dEle ainda. Mas seu cuidado e amor denunciam-se naquelas linhas. Basta ler.  Eu acho que, na minha vida afora, expressão de meu pai, o amor deles por mim veio misturado ao que as Escrituras têm para dizer sobre Deus. 

    Mas elas são tão somente um bilhete. Deus é muito mais. Porém advirto que, tudo o que nelas está confere exatamente com o que está escrito. Pode confiar. Igualzinho aos bilhetes de minha mãe.


5 comentários:

  1. Que bilhetes preciosos de Dona Dorcas!.

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  2. Lindoo, saudades da vó Dorcas S2

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  3. Verdades meu primo, tia Maninha inesquecível e maravilhosa cristã.

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  4. Respostas
    1. Mulher exemplo de dedicação, coragem e força, primeiro no Senhor e sendo apoiada pelo marido e mãe. Que outras mulheres se inspirem no exemplo de Dorcas. Serva fiel e abençoado! Louvo ao Senhor por sua vida e seus ensinamentos.

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