domingo, 19 de junho de 2022

Conhecendo o Senhor

 Ouvi a palavra do Senhor, vós, filhos de Israel, porque o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamentos e homicídios sobre homicídios. Por isso, a terra está de luto, e todo o que mora nela desfalece, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar perecem. Todavia, ninguém contenda, ninguém repreenda; porque o teu povo é como os sacerdotes aos quais acusa". Oséias 4:1-4.


    O texto inicia com uma primeira distinção: uma diferença entre (1) quem supõe ser possível "Ouvir a palavra do Senhor" e (2) quem ou supõe não ser possível ouvir ou em que, ouvindo, não vai atender.

   Em seguida, o texto indica que o Senhor, esse mesmo, pressuposto no verso primeiro, tem uma contenda, no hebraico rib, com os habitantes da terra.

    Levada em conta sua existência, o Senhor tem uma demanda com o povo, no sentido jurídico do termo, porque a ética deles é o inverso da ética que Deus requer.

   E vem enumerado o que não há: verdade, misericórdia e conhecimento de Deus. E a seguir o que, em troca, acresce: perjurar, mentir, matar, furtar, adulterar, arrombamentos, homicídios sobre homicídios.

   Então vem descrito o sofrimento da terra e na terra. (1) ela está de luto; (2) os moradores desfalecem; (3) animais, aves e peixes perecem. Todavia a recomendação final é de que ninguém contenda, porque opressor e oprimido são iguais. Paulo o indica: "Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora". Rm 8:22.

    Grassa na terra essa corrente de injustiças. E não há expediente humano, puramente humano que ajuste ou modifique essa triste sequência. Aqui a amostra se refere a Israel, designado povo de Deus, com a proposta de vocação bem definida.

     Qual seja: "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel". Êxodo 19:5,6.

    Resta saber se válida essa vocação. Resta saber se há um Deus por detrás dela. Resta saber se há um rib, um acerto, uma aliança com homens assim bem definidos. Resta saber se tal aliança se expande para fora das fronteiras de Israel. Se os goy, gentios, estão incluídos.

    Estende-se à igreja a expectativa da mesma vocação. Agora é o apóstolo Pedro que indica isso em sua carta: "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia" 1 Pedro 2:9,10.

    Oseias reclama que o sacerdote, em Israel, seria o modelo de conduta para o povo. Como os apóstolos foram modelo, At 2,42. E ser sentinela de profetas é o imperativo preceituado por Paulo Apóstolo, 1 Co 14,1. O profeta fala aos homens "edificando, exortando, consolando", 14,3.

    As características que Oseias denuncia faltar nos sacerdotes de Israel, a igreja todas recebe como herança e legado a transmitir em seu ministério, até a vinda de Jesus.

   A igreja "proclama as virtudes" de Deus, que nos chamou das trevas para a luz, Cl 1,13. Oseias denuncia "não há verdade, não há amor, não há conhecimento de Deus". A igreja anuncia Jesus, que é a verdade, Jo 14,,6, por meio de quem nos chega o amor, 1 Jo 4,7 e 10, sendo Jesus a "expressão exata de Deus", Hb 1,3.

    A principal profecia da igreja é o anúncio do evangelho, como Jesus inaugura, Mc 1,14-15. Num só tempo reside a advertência, (1) o tempo escatológico se cumpre, (2) o reino de Deus definitivamente próximo e (3) arrependimento e fé no evangelho como selo de fé, Ef 1,13-14.

    O sofrimento, decorrente do pecado que perdura na terra, fosse entre o povo de Deus, agora entre os gentios, pelas mesmas razões, tem raízes em não conhecer o Senhor. Esse é o destaque da profecia de Oseias: "Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra". Os 6:3.

   A igreja deve proclamar e viver, testemunhando com sua vida o conhecimento do Senhor. Paulo expressa isso aos Efésios: "...e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus". Efésios 3:19.

    Também aos Filipenses: "E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo". Fp 1:9,10.

    Aos Romanos: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Romanos 12:2.

   E o próprio Pedro complementa: "Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo". 2 Pedro 1:3,4.

    Deus, pelo seu divino poder, nos doa (1) o que nos conduz à vida e à piedade; (2) que vem pelo conhecimento completo de Deus; (3) que nos chama a Sua própria glória e virtude e ainda (4) nos concede as promessas que nos tornam coparticipantes da natureza divina. Somente assim, também como igreja de Cristo, estamos livres da corrupção das paixões que atuam no mundo.

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