terça-feira, 14 de junho de 2022

E o Verbo se fez carne

    E o Verbo se fez carne. Decisivo é reconhecer que assim foi, para ensinar o homem em toda a gramática. Como diz meu colega Marcos Bagno, Dramática da língua portuguesa.

  Se é dramático ensinar gramática, imagina ensinar vida. O Verbo se fez carne para ensinar vida ao ser humano. Irônico o termo. Porque "ser" humano já se subentende ser, em plenitude, e o que ser: humano.

   Mas houve perda de identidade. Amor se tornou obsessão, egoísmo, manipulação. O mal afronta o bem e o que é bom rivaliza com o  ruim. Ódio passou a ser amor fake. Disfarçado. Chamado um pelo outro, sem se reconhecer o equívoco.

   É melhor acreditar que o Autor da vida, Deus, se fez homem. Vai ser preciso fé. Ora, nem todos acessam esse aplicativo. Mas é essencial. Sem ele, todo o sistema leva à breca. E não é samba de breque.

   E após a Torre de Babel, ensinar toda a gramática em todas as línguas. Pretensão do ser humano dizer que não precisa aprender vida. Ora, que se afirme isso. Afinal, até a morte nos tirá-la, tudo mundo pensa que é dono da sua.

   E já dizia Vinicius, vida só tem uma. Aliás, ele diz isso na irônica poesia do Samba da benção. "A vida é pra valer/E não se engane não, tem uma só/Duas mesmo que é bom/Ninguém vai me dizer que tem/Sem provar muito bem provado/Com certidão passada em cartório do céu/E assinado embaixo: Deus/E com firma reconhecida!".

   E foi desse jeito que o samba diz. O Verbo se fez carne, com firma reconhecida e assinado embaixo, Deus: o Filho, literalmente, é a cara do Pai. Andam, diz-se do ser humano, com sede de amor. Isso é bom. Mas não confundir, por favor, amor com uso manipulado. 

   Aliás, na Criação, quando o Espírito pairava por sobre as águas, e Deus fez a definitiva separação entre luz e trevas, o Filho estava junto. E Deus viu e avaliou tudo quanto fez e eis que foi bom. E o Espírito ansiava por colocar a eternidade no coração do ser humano.

   Portanto, é lícito, acima de tudo, buscar o amor. O bem. O bom. O Verbo veio, precipuamente, ensinar o bem e o bom. Há polêmicas. Sim, porque o ser humano não aceita passivamente que precise aprender, muito menos admite ser ensinado, ou que precise crer, ou que lhe falte vida.

      Mas é patente e explícita a maldade humana. Em vários graus. Vivemos um tempo de declarada busca pelo bem, com o mundo cheio de maldade humana. Pelo bom, com a parecença de que, quanto mais, prevalecem os maus. Enfim, um tempo do pseudo amor, prevalecendo a defraudação. 

   Cabe distinguir. Sem que se confunda um pelo outro. Amor Fake. Bem que não é bem e nem bom. Porque o próprio Jesus, este apontado como o Verbo, ele mesmo afirma: "Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios". Marcos 7:21.

    Não se trata de pessimismo atávico. É cósmico: a maldade foi incorporada pelo ser humano, que a refinou em crueldade, agora sim, atávica. Portanto, somente o Verbo que se fez carne. Todo carne. Como toda carne, para viver o que é vida e restaurar, no ser humano, toda a vida, plenitude de vida.

   Mas para restauração da identidade perdida. Ser humano não é Fake. Amor tem padrão de origem e autoria. Bom é o que Deus avalia e atesta como bom. Viu Deus tudo quanto fez e eis que era muito bom. Somente o Verbo restaura a bondade no ser humano.

     O Verbo, ele mesmo criador, em Deus, com Deus e sendo o próprio Deus é o único capaz de restaurar a conduta humana. Esta é incapaz de amar, a não ser que aprenda. Incapaz de ser boa, a não ser que pela morte de sua natureza vil.

   Para isso, o Verbo se fez carne.

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