sábado, 30 de julho de 2022

Cirurgia sem anestesia

     Eu sou a videira verdadeira". A gente pode achar que é pura pretensão. Mas se for verdade essa afirmação de Jesus, a nossa verdade corre sério risco de ser posta no papel.

   Paulo fala uma linguagem parecida, quando menciona que somos cartas abertas. E o autor de Hebreus aprofunda a temática, quando diz que devemos sair para fora das muralhas da cidade, caminhando em direção ao lugar da morte de Cristo, carregando a nossa vergonha.

   Fora da muralha combina com a expressão inglesa out door, muito já velha conhecida nossa, todo mundo conhece esses antigos murais externos de propaganda assim denominados. Hoje, com a internet, foram turbinados: out door, hoje em dia, atravessa oceanos.

   E nos lembra, nesse mesmo fio de raciocínio, se você quiser, nessa mesma fibra ótica, a recomendação do Altíssimo (Deus, na intimidade) ao profeta Habacuque: "Ponha no out door". Pôr o quê? Ponha que "o justo viverá pela fé".

    E seguindo a mesma fibra ótica, sim, porque a Bíblia, como livro, foi dada para que essa correspondência entre seus textos fosse muito clara, cada texto reforçando o outro, Paulo diz que somos justificados mediante a fé, que por ela temos acesso à graça de Deus, na qual estamos firmes.

    Sem fé, é impossível agradar a Deus, ecoa, de novo, o autor anônimo de Hebreus, e vale a pena conferir no Livro, o texto e contexto do out door: "Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela fé" Hb 2,4. Para a geração de minha época, Hb não é Hanna-Barbera, mas Habacuque.

   Somente a fé nos livra da soberba. Desculpe insistir que, se a sua opção é crer, vai estar nivelado por baixo. Até onde Jesus chegou para se nivelar conosco. E caso se queira, de novo, recorrer ao livro, há um versículo curioso sobre essa justa troca. Se não, vejamos:

    "... o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação". Romanos 4:25. Esse "o qual" se refere a Jesus. Justa troca, no sentido de ser autêntico fruto do modo como Deus entende justiça: Jesus assume o pecado de quem crê, e esse que crê assume sua justificação pela fé. 

    Visto como, pelo fato de assumirmos fé, é por causa da denúncia de nosso pecado, assim diz a Bíblia, essa mesma fé é o único antídoto para a nossa soberba. Então, saiamos ao encontro de Cristo, cada um com nossa vergonha própria. A má fama de cada um é proporcional à suma necessidade da cruz a nosso favor.

    Sem esquecer que só há uma cruz. Não existem, como queremos, níveis de pecado. Existem variedades. Que se manifestam de modo e intensidade diferentes. Mas assim como Jesus é videira verdadeira, na qual somos enxertados como ramos, aparece também a nossa verdade.

   Cumpramos, pois, todos os estágios dessa aproximação. Vamos assumir, cada um, a vergonha própria. Ninguém pode assumir a do outro em lugar de sua mesma. Quem sabe, agora é Paulo, de novo, quem diz, possamos, nessa operação, nesse processo individual, nessa cirurgia sem anestesia, conferir se estamos na fé. Isso cabe a cada um, diria, pois, o Apóstolo, ironicamente:

    "Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados". 2 Coríntios 13:5.

   

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