terça-feira, 23 de abril de 2024

Está posto: faça a sua escolha

 15 Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal [...] 20 amando o Senhor, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e apegando-te a ele; pois disto depende a tua vida e a tua longevidade". Dt 30.

   Para os desavisados, Dt é Deuteronômio, o 5⁰ livro do Pentateuco. Penta = cinco e teucos = rolos. São os 5 rolos escritos por Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e esse, supracitado.

  Deuteronômio são os discursos de despedida de Moisés, após os 40 anos de peregrinação no deserto. Israel está prestes a conquistar a nesga de terra, essa mesma até hoje encrencada.

  Deixam de ser nômades e passam a sedentários. Como menciona Oseias, deixam o namoro com Deus, pelo deserto, quando Este lhes falava ao coração, para flertar com os ídolos, como vai advertir Josué, em seu "discurso de aposentadoria", em Josué 24.

    Não existe aposentadoria para a fé. O texto do início de Juízes, o sétimo livro do Antigo Testamento, afirma que a geração de Josué e, pelo menos, as duas seguintes seguiram firmes na fé. Mas se levantou uma, posterior, que apostatou.

   Apostatar é se colocar à parte, longe, renunciar. Provém do grego apo = longe de e stasis = paralisado. Afastar-se é ficar longe da fé. Trata-se de uma escolha.

   Que não é geográfica. Distância da fé não se mede em metros. Nem que sejam quânticas as medidas. Fé não tem tamanho. Jesus ilustrou isso dizendo que, se for do tamanho do grão de mostarda, você acorda com o Pão de Açúcar em sua janela.

   Desnecessário. A fé não atende a caprichos e nem está aí para exibição. Existe para a salvação. Nossa condição humana é carente de fé, para dar sentido à vida. Vida é bem. É dom de Deus. Jesus disse "eu sou a vida".

  Escolha a vida por fé. Ora, por que isso é tão fundamental? É possível viver que não por fé? Sim, mas sem fé é impossível agradar a Deus. Não viver por fé inclui-se no grupo dos que não vivem por e nem para agradar a Deus.

   O ser humano se tornou carente de Deus, por causa exatamente da distância dEle, ou seja, apostasia é nossa condição original. Não existe mais uma natural afinidade entre nós e Deus.

   A aproximação dEle provém de um exercício, que, por sua vez, provém da fé. Vida com Deus é exercício de fé. E essa distância é existencial, não geográfica. Comunhão com Deus não é por Wi-Fi, não é por fibra ótica.

   Nem são algoritmos, o expediente da moda, que definem uma forma seleta de opção pelo download ou místico astral divino. Nada mais abstrato, vago e absurdo. Mas, por meio do Espírito, o batismo na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Há uma  cruz no meio do caminho.

   Paulo afirma aos Efésios: ¹³ "Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo." Ef 2.

   Quando as Escrituras destacam, na vida de Enoque ou de Noé, que andavam com Deus, era diálogo espontâneo e voluntário. Convivência vital, sem descontinuidade, como Paulo afirma, quando diz "... ²⁰ esse viver, que agora tenho na carne, vivo pela fé", Gl 2.

   Sem Deus no mundo. Essa a faixa final da definição de Paulo, aos Efésios 2,12, para quem vive, mas vazio de fé. O caos mora dentro. Ainda no Gênesis, Deus pôs ordem ao caos.

   A cruz nos restaura à ordem de ser vivo, em comunhão com Deus. Íntimo, como quando Deus procurou Abraão, dizendo: ¹⁷ "Ocultarei a Abraão o que estou para fazer?" Gn 18.

   Porque Deus tem vocação por nós. Nas mãos dEle deve estar a nossa vida. Nosso destino ganha curso e direção pela vontade dEle, "boa, agradável e perfeita", Rm 12,1-2.

   Escolha o bem. Omissão, indiferença ou presunção também são escolhas. Mas não pelo bem. Diante de nós está posto. Façamos, com coragem, a escolha certa.

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