sexta-feira, 27 de maio de 2022

Não é blindagem

     O contra-argumento de Satanás, no caso de Jó, foi dizer que Deus o havia blindado. O caso de Jó se aplica genericamente.

    Primeiramente, para dizer que Deus se orgulha de todos os dEle. A interpelação feita ao inimigo não foi porque Deus dava a Jó um destaque à parte.

    Nem esnobação divina. Aliás, esnobação é marca característica do adversário. Deus prioriza a humildade.  A razão, portanto, dEle pôr em destaque a personalidade de Jó não era nem autopromover-Se ou promover o Seu chegado.

    Nesse ponto pode-se generalizar o posicionamento de Deus em relação a seus eleitos. Porque as características da personalidade de Jó podem ser elencadas como prioritárias e indispensáveis na vida de qualquer fiel.
    
    Não se trata de blindagem. Assim como a conversa de Deus com o anjo decaído master não foi uma concessão na qual Deus se permitiu tentar. Tiago esclarece muito desse ponto. Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta.

     O homem (e a mulher) criados à imagem e semelhança de Deus, foram postos, no Éden, diante da condição de luta, para vitória contra o mal, sem nenhuma blindagem.

    Mas conscientizados. Sua opção pessoal voluntária e consciente deveria ser pelas escolhas que Deus neles inspirasse. Dessa forma se definiria a personalidade deles e sua intimidade e comunhão para caminharem juntos, homem e mulher, e ambos com Deus.

    Era então indispensável a autonomia de conhecer o mal e vencê-lo, para isso dando atenção à advertência divina. Esse já seria o ponto de partida. O primeiro casal falhou nesse teste essencial.

    Daí que sua relação com Deus se alterou drástica e profundamente. No jardim primordial, Deus estava muito perto, mais perto ainda do que o inimigo. Mas o que brotou de dentro, pela decisão do casal, revelou-se determinante e reprovaram-se nesse teste fundamental.

     Voltamos a Tiago, para checar o modo como, no casal, ele diz que brotou esse primeiro sentimento de aversão a Deus e seu contínuo desdobramento na raça humana até hoje. 

     Tiago indica o modo como o pecado se engendra: seduzidos pela nossa própria cobiça, numa relação íntima promíscua, damos à luz o nosso pecado que, uma vez consumado, produz uma única coisa: morte.

    E revisitamos a afirmação de Jesus quando diz que, de dentro, do coração do homem (e da mulher) procede todo mal. Procede de lá, porque lá se instalou. E lá se instalou, por concessão dela, ou seja, de toda a raça humana.

    Então aqui retornamos a Jó, para ser confrontados com sua personalidade: "Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal". Jó 1:1.

   Pois aí está a finalidade. Deus assim se deleita em Seus servos. Glória compartilhada como, posteriormente, Cristo define para Si mesmo e para a igreja. Isso sim Deus exalta e nisso Ele se deleita.

    Sim, acertivamente, Jó se constitui num padrão para qualquer servo. E o mal que lhe sucedeu, não por aposta entre Deus e Satanás, mas circunstâncias da soberania de Deus, serviu ainda mais de reforço às virtudes primeiras.

    Não há blindagem, segundo Satanás quis pressupor. Mas revestimento pelo poder de Deus, que opera no homem e na mulher, especificamente, por fazê-lo retornar ao estado de comunhão com o Criador.

    Homem e mulher criados à imagem e semelhança de Deus são restaurados, na reconciliação com Deus, regenerados, transformados, santificados por ação neles da parte do Espírito Santo.

    Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo nele e nela operam, de forma a completar a obra que Deus realiza desde sempre, a partir do momento da fé na vida daquele que crê. Essa é a vitória sobre o mal, a derrota para Satanás e a cura para o pecado.

     A exposição de Jó, em sua condição inicial, desafiadoramente proposta a Satanás como modelo, enaltece a obra de Deus no homem e na mulher. Tão radical ela é que até aos espíritos em prisão, muito provavelmente asseclas de Satanás, nem eles foram privados de reconhecer o que, para a glória de Deus, Cristo opera no homem (e na mulher) que lHe reconhecem por fé.

    Assuma como padrão para a sua vida o perfil de Jó. Esteja plantado, na igreja, no mundo e na vida, para a glória de Deus. Exponha-se, por fé, como padrão de boas obras. Como afirma Tiago, e vemos em Jó, mostre-se essa fé pelas obras, fruto do Espírito.


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