segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Autenticidade para poucos

 ²⁰ "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." Mt 18.

  Resta saber se são convertidos. Poderiam estar reunidos em nome de Jesus,  porém sem que o fossem? A expressão "em meu nome", proferida por Jesus,  autentica-lhes a fé.

  Agora então resta saber se essa reunião constitui-se igreja. A pergunta então seria se três reunidos, um deles Jesus em Pessoa, mais dois a Ele convertidos, seria igreja?

  Talvez sim ou, com certeza sim, mas uma igreja bem miúda. O que choca de frente com a mentalidade atual. Para hoje, 20, 200, 2000, bem, este último número seria garantia de reconhecimento.

  Jesus deveria dizer onde houver 2000 ou 3000 reunidos em meu nome, como diriam, oh, glória! Isso sim seria ministério bem sucedido. Que talvez não seja o caso de Jesus,  quem sabe?

   Lucas, em Atos 1,15, na primeira reunião de membros da comunidade apostólica, afirma que havia umas 120 pessoas.  Bem, não são 2 ou 3, mas não chega também a 200 ou 300.

  Alguém diria ser pouca gente mas, em respeito ao resultado do ministério do próprio Jesus, guardasse para si o comentário.

  Mas também, como lemos nas observações de João,  agora respectivamente em Jo 6,41,60,66 murmuração,  escândalo com o que Jesus dizia e desistência em continuar seguindo-o acontecia costumeiramente.

   Talvez esse mínimo esperado esteja relacionado à autenticidade do evangelho. Porque lida e entendida com mais atenção,  as Escrituras associam ao evangelho mais perdas do que ganho.

  Jesus fala em perder tudo, em perder a própria  vida, em deixar família, pai e mãe, renunciar ao mundo, enfim. Carece de se entender isso.

  Parece sentido figurado ou retórico, mas o que significa essa perda afeta profundamente a estrutura humana, seja emocional, psicológica, relacional, enfim, existencial como um todo.

  Quem adota o evangelho como cultura, moda, afeição emocional, aparato de composição da imagem pessoal, sim, terá igreja para isso, parceiros de caminhada e reforço de movimento e até avivamento.

   Mas quem o encara como morte/ressurreição em Jesus, novo nascimento, despojamento da carnalidade embutida na personalidade e revestimento milagroso de uma nova criatura, depara dificuldade.

  Mas assume junto identidade. Não será pertença a um grupo, nem denominação qualquer, a um movimento histórico de rica tradição, mas batismo do Espírito em Jesus Cristo.

  E isso individualmente. Não é vínculo de herança familiar, talvez o mais legítimo da condição humana. Mas geração divina. O evangelho postula que o legítimo convertido é por ação exclusiva de Deus.

   ²⁸ "Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. ²⁹ Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus." Romanos 2.

   Nesta advertência, Paulo Apóstolo mistura raça, religião e DNA abraâmico para esclarecer que somente pela mão de Deus ocorre, no ser humano, a cirurgia que o livra da herança humana mortal, falível e pervertida.

  É para poucos. É para um a um. Começa com cada um. E dois ou três já constitui igreja.  Talvez chegue a 20 ou 30, provavelmente 200 ou 300. Mas, mais para milhares, acima das centenas, vai ficando cada vez mais difícil manter autenticidade. 

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