² "Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras." Eclesiastes.
Partindo essa advertência de quem provém, do Eclesiastes, Pregador, ou, como denomina Haroldo de Campos, em seu livro, Qohelet/O-que-sabe, é prudente (e instigante) esse conselho.
O máximo calado diante de Deus é prudente. Numa abordagem bem popular, para não pagar mico. O texto dá vontade de fazer aquele tipo de oração em que não se diz nada.
Há orações de dizer muito, desabafos, geralmente em tempos de crise. Outras são retóricas, como quando se deseja muito uma coisa qualquer. E há as dramáticas, em momentos emergenciais.
As intercessórias, tipo a de Jó, quando orava pelos amigos. Foram alívio, para ele, e peso, ao mesmo tempo. Porque agregaram-se quando ninguém o faria.
E foram um estímulo a sua fé, porque defendiam o contrário do que Jó carecia ouvir. Mesmo assim, tinham mais temor a Deus do que a própria esposa de Jó.
Falaram muito e muita abobrinha, permitam o coloquial. Mas Jó também falou muito, sem seguir o conselho do Qohelet. Atreveu-se, diante de Deus, mas tinha conteúdo.
Mas há uma hora que deve ser da oração do nada. Porque não vamos esgotar o que mal sabemos sobre nós mesmos. E não vamos descobrir o tudo de Deus. Tenhamos cuidado com a "falsa sensação de plenitude".
A igreja em Atos estava em dia com sua agenda. Com certeza tinha o perfil de vivenciar tudo o de que uma igreja necessita. Certamente orava.
O salmista que disse ter sede de Deus orava. Mordecai disse a Ester que orasse. Daniel falou que orassem por ele.
Oração deve ser natural e espontânea. Não interesseira e premida por circunstâncias. Mas ainda que seja, é melhor ser assim diante de Deus: certamente Ele retifica.
Até o Filho, diante de cruz, orou pedindo o que, de antemão, reconhecia que o Pai não concederia. O não de Deus a Jesus foi o sim de nossa redenção.
Certas horas, é melhor se colocar diante de Deus e dizer nada.
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