³² "Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado." Lucas 15.
Pode-se rejeitar um diagnóstico. Então restam duas opções: torcer para que esteja errado ou que seja mais ameno, com precisão equivocada.
O que a Bíblia fala é bastante questionado. E eu até diria que, quem mais se ocupa (ou se ocupava) do livro pode ser responsabilizado por esse descrédito.
Os crentes, antigamente até mesmo chamados de "os Bíblia", tinham-no como livro de cabeceira, à mão nas ida e volta às igrejas, nos cultos domésticos, pelas classes da Escola Dominical, nos estudos bíblicos semanais, de novo na igreja, e nas "reuniões de treinamento", dos departamentos da igreja, uma hora antes de cada culto noturno.
Sim, tudo isso: era estudo intensivo da Bíblia. Ontem comemorou-se o denominado Dia da Bíblia. Preguei, mas dizendo que todo dia é dia de Bíblia. Falei de Lutero que, enquanto curtia um retiro obrigatório de fuga, escondido da gana da Igreja Católica, aproveitava esse tempo para traduzir a Bíblia para o alemão.
A coisa pegou de um jeito que começaram a traduzir Bíblia para tudo o que língua. Alguns mais loucos, inclusive, dedicaram uma vida inteira visando traduzir até para línguas indígenas.
A Europa se tornou pós-cristã porque desmereceu a Bíblia. Foi a partir de lá que ela começou a ser espalhada pelo mundo. A primeira Sociedade Bíblica, para tradução e distribuição de Bíblias, foi a britânica, fundada em 8 de março de 1804.
Tenho em casa Bíblias antigas, escrito lá na última página Printed in London, "impressa em Londres". Bíblias que eu lia e meu pai explicava: "Meu filho, foi impressa em Londres, em português, e enviada para cá (Brasil)". Meu pai me estimulou a ler a Bíblia.
Mas a Europa abandonou a Bíblia por causa do aleijão de Deus. Explico. Retirou-se da Bíblia a capacidade de Deus realizar os milagres que nela estão descritos. Um apenas garante-se ter Deus realizado: ter ressuscitado o defunto Jesus no terceiro dia.
Ora, mas também, se não fizesse pelo menos esse, seria o Deus totalmente desqualificado. E, como argumenta Paulo aos coríntios, seríamos acusados de falsas testemunhas contra Deus, afirmando ter ele ressuscitado o Filho, quando jamais o teria feito.
Ontem preguei sobre a entrevista de Maria com o anjo Gabriel. Ora, mas eles, os anjos, realmente existem? Houve esse que entrevistou Maria? Essa história é real, histórica, factível, ou ilustrativa, inventada, recurso literário? Existiu um Lucas? E se, sim, existiu, o "médico amado", teria escrito esse evangelho que leva seu nome?
A Europa toda já decidiu. Pôs a Bíblia no seu devido lugar. Curou Deus de seus aleijões. Ele, o Altíssimo, deve mesmo ter ressuscitado o Filho, e olhe lá, ao terceiro dia, mas depurada está a narrativa restante de todo e qualquer milagre chulé. Afinal, Deus tem uma imagem a zelar. E se a gente não atualiza a imagem dEle, poxa, pelo menos para isso esses protestantes devem prestar.
A velha Bíblia, o velho Livro, cada vez menos lido, tem sofrido uma crise de credibilidade. Pobre Lutero. Saiu por lá com uma de Sola Scriptura. Pois caíram mesmo foi de sola em cima da Escritura. Somente sendo muito crédulo para ler (e crer).
Ah, sim: eu ia até me esquecendo: Jesus repete duas vezes nessa parábola: "estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado". Coisas que o Livro diz que Jesus veio fazer, ou seja, ressuscitar os perdidos que nele crerem. Coisas do Livro. Pelo menos isso.
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