domingo, 7 de março de 2021

Perdas e ganhos

      Nesse mundo, não simplesmente pelo sistema capitalista, mas porque impregna e é inerente ao ser humano, avaliar perdas e danos. Quem já viu os filhos ou crianças disputando um brinquedo, entende perdas e ganhos.

    Para quem acredita, homens e mulheres das cavernas se empenharam, durante muito tempo, nessa luta renhida. E na fase atual, há muita gente ganhando muito com a perda de tantos.

    Se fosse para falar de assuntos desgastados e sem solução, mencinaríamos aqui os políticos brasileiros, experts em nossas perdas e seus (deles) ganhos. Mas o que se impõe agora é falar sobre outras perdas.

     Paulo Apóstolo, sobre quem, frequentemente, pesava o risco de ser morto, em função de sua escolha, de pregador itinerante do evangelho, certa vez, preso e sem saber direito se escaparia ileso, afirmou: "Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro".

     Ninguém, de sã consciência, vai querer ou buscar esse "lucro". Dizer "para mim, o viver é Cristo", algum(a) demagogo(a) poderá até repetir, ou alguém simplório, que não entende o que Paulo quis, coerentemente, dizer quando, originalmente, afirmou.

      Nesse tempo de pandemia, quando o assunto vírus se impõe, por toda a parte, em todas as telas, ninguém vai querer porfiar por entender o mérito dessa afirmação, de pôr em prática o "viver em Cristo".
      
      Sejamos imediatistas: a preocupação é o vírus. Se for com perdas e ganhos, serão esses cálculos do prejuízo provocado pela praga, que e quais perdas, é claro, a toda hora nos impactam, querendo nós ou não. 

     E secundária (ou até inescrupulosamente), as perdas financeiras que, dependendo de quem, levando-se em conta, preocupa em primeiro, e talvez segundo e terceiro lugar. 

     Quem vai dizer que o morrer é lucro? Para a farmácia, não vai ser. Talvez, para a funerária seja. Ninguém vai querer para si esse "lucro" e nem para outros, num arroubo de se salvaguardar a reputação. 

      E Paulo Apóstolo falava de ser lucro, caso fosse morte de mártir, em defesa do evangelho, dispondo com coragem a própria vida, se fosse o caso, por e para uma causa nobre, a defesa e pregação do evangelho. 

      Não como hospedeiro de um vírus maldito, alcunha já tão comumente mencionada, que priva o vivente de sua vital respiração, impedindo a troca nos alvéolos, com a injeção de oxigênio no sangue. 

     Nenhum lucro em morrer nessa vil condição. Ninguém vai querer trocar essa perda por qualquer ganho. Apenas se for, antecipadamente, encarada como lucro, já que se impõe inexorável. Diante de uma fatalidade que não se poderá evitar, já que não tem outro jeito, alardear como lucro. 

     Sim, ora, porque "estar com Cristo" é garantido e, como diz o próprio Apóstolo, incomparavelmente melhor. A morte não terá uma "aura de grandeza" como, posteriormente, o martírio  cristão adquiriu. Mas estar com Cristo e ser isto incomparavelmente  melhor, essa parte da afirmativa, é real. 

       De trás para diante, ou seja, vista a partir do desfecho, qualquer morte de um homem ou mulher de fé, no sentido real de estar com Cristo, será lucrativa, neste sentido específico. 

       Assim como qualquer morte é dolorosa (ou indiferente, para alheios), seja ela heroica ou não. Onde queremos chegar? Ainda que não desejássemos (de sã consciência), todos chegaremos, mais dia, menos dia, à morte. 

     Que sempre será um lucro, e não, simplesmente, uma perda, para quem reconhece sua fé.  Vai se encontrar com Cristo. Sempre, incomparavelmente, melhor.  Ainda que não queiramos falar desse assunto. 

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