sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Porta do céu


  Na verdade, gente, eu queria uma foto do Dagoberto. Como sempre, compartilhar o que essa gente nos traz como recordação. E ficamos à vontade, porque é igreja. E nela, quem faz a escolha não somos nós, mas é o Pastor.

   Esse, com "P", a quem Pedro denomina "Pastor e Bispo de nossa alma", é Jesus. E como foi essa foto que achei (ele com paletó claro e gravata amorenada), resolvi recordarmos juntos todos esses rostos que aí estão. 

    Faltam muitos na foto. Mas esses bastam para que a gente, de novo, enquanto espera o céu, o dia do grande encontro, reviva essa fase tão boa de nossa vida. Creio que há marcadas, em comum, na vivência das experiências, muitas lições decorrentes dessa fase.

  Dagoberto, pelo pouco de que conheço, e que muito mais, com ele, desejaria conversar, converteu-se com o Rev. Porto Filho, em Campo Grande. Seu batismo custou um pouco, segundo um dia me contou, por seu apego ao cigarro.

   Ainda que já novo convertido, lutava contra essa dependência. Mas a paciência do pastor dele nessa época, muito ajudou. Porto Filho não o pressionava e, pelo modo típico de lidar com suas ovelhas, conquistou Dagoberto.

   Mas rápido do que ele pensava, venceu esse vício. Certa vez, também me confidenciou problemas sérios que enfrentou em seu primeiro matrimônio. Porém superou, com o vigor da fé de um agora novo convertido.

  Dagoberto era um bom de bola. Pastor Henrique Jardim, na época ainda presbítero, fosse no CEFAP, em Sulacap, ou no Quartel dos Bombeiros, no Campinho, patrocinava as famosas peladas de futebol de salão.

  Ele era o símbolo da tranquilidade e da conciliação. Seu estilo era bem característico. Pode-se dizer que não era um super craque, mas era inteligente e criativo, sempre com jogadas muito bem trabalhadas.

   Esse mesmo estilo manso, fala macia, jeito amável, um conselheiro de todo o momento, ele demonstrava em sua vida na igreja. Nunca faltava. Caso não fosse visto, ora, podem procurar saber, doença na certa.

   Visitador, amigo, companheiro inseparável do diácono, hoje presbítero Isaías. Aliás, Dagoberto colava com todos. Pedro Régis e Azarias também foram outros dois com quem visitava faltosos, evangelizava pelas ruas, enfim, dava a assistência que fosse requerida.

   De pouca fala, quase que pedindo licença para interfeir, não era de ser ouvido nas assembleias de membros. Mas caso se fizesse necessário, sua voz seria sempre de pacificação. Aliás, esse era um em quem as bem-aventuranças estavam patentes. 

   Quantas vezes compartilhou comigo sua opinião. Fui pastor dele no tempo em que estive nesse encargo em Cascadura, entre 1983 e 1994. Mas o conhecia desde que lá cheguei, em 1966. Fazia gosto ouvir suas sábias intervenções ao meu pé de ouvido.

   Dagoberto era sábio. Tenho certeza de que este texto pode ser muito mais longo, se cada um que o conheceu expuser aqui o bem que seu conselho, ponderação e presença próxima beneficiaram.

   Magno, antiga congregação dos anos 60, e Curicica, já dos anos 70 e 80, contaram com sua ajuda. Os obreiros que por ali passaram podiam contar com o apoio dele. Aliás, ao seu lado, nessa foto, aparece o rosto de outro herói de fé desses anos.

   Manoel Marques (rosto à direita de Dagoberto) esteio forte tanto em Magno, quanto em Curicica. E nessa foto aparece Ricardo (rosto acima de Manoel Marques), irmão de Heloísa, esposa de Roberto, pais de Roberta, amigo meu de infância, no Meier, convertidos e batizados em Cascadura.

   Meus sogro e sogra, que o foram a partir de janeiro de 1993, quando casei com Regina, vindo para o Acre em janeiro de 1995, onde até hoje estamos. 
  
   Minha mãe aparece no cantinho, à esquerda (coladinha a Renata). O hoje pastor (e avô) Eneas (erguendo a Bíblia), com sua irmã caçula, Renata, e Nathalie e seu pai (rosto à esquerda de Dagoberto) que, como outros nessa mesma foto, agora contando com Dagoberto, já estão com Jesus.

   A igreja continua. Ela não tem fim. Juntos todos estaremos um dia. Essa promessa tem a garantia de Jesus. E os traços que aqui, pelo poder do evangelho, marcaram e marcam nossa vida, não vão desaparecer.

   Nosso irmão e amigo vamos encontrar, com esse mesmo jeito manso, cuidadoso em mencionar qualquer assunto, ponderado e sábio em suas abordagens. 

   Havia um salãozinho, lembram, onde ficava aquele cofre enorme, blindado, do qual somente o irmão diácono Isaías, o eterno tesoureiro, e seu regra-dois, Heraldo (também na foto), sabiam o segredo.

   Mais acima, na parede de fundo, havia uma Galeria de Heróis da Fé. Um rosto feminino, de cujo nome não me lembro (acho que era Maria, avó de Marisa, bem na extrema direita da foto, com sua filha ao centro), o esposo de d. Maria Melo, ora, lembrem o nome, por favor, e outra coluna de Magno, este o diácono Guedes.

   Sim. Falta muita gente nessa galeria. Heróis e heroicas mulheres de fé. Gente como a gente. Virtudes e defeitos. Mas alvos do amor de Jesus, escolhidos  que fomos por ele. 

   Lindas marcas. Doce saudade. Saudade do céu. Como disse Jacó, certa vez, porta do céu. A essa porta comparo nossa igreja. Aliás, todas elas. Glória ao Autor de nossa fé.

    Veja no link abaixo um hino que fala de amizade e desse encontro que aguardamos. O autor é de uma geração um pouco à frente de Dagoberto, mas dessa mesma igreja, contexto e pastor que nos legou esse tão precioso irmão.



Nenhum comentário:

Postar um comentário