terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Origem das bem-aventuranças

 
Origem das bem-aventuranças do justo

    A palavra hebraica traduzida por "bem-aventurança", neste primeiro Salmo, significa dizer "todas as alegrias do homem". Já se disse que, segundo Aristóteles, a finalidade da filosofia seria a busca da felicidade.

   Pois esse anônimo Salmo de sabedoria afirma que ela está na leitura meditativa contínua das Escrituras. E, como contraponto, ou seja, o que se opõe ao empenho nessa tarefa será uma opção errada e gradativa por má influência.

   A vida humana medeia entre duas opções, numa crise constante, no entrechoque pelo que penetra, vindo de fora, no entendimento humano, e o que este pode produzir de original. Muitas vezes, sem saber ou admitir, estamos apenas, já despersonalizados, repetindo aquilo a que fomos, inconscientemente, induzidos.

   Aqui o salmista fala em más influências, definindo uma gradação de atitudes: andar, deter-se, assentar-se. Menciona um contexto pré-definido de doutrinação: conselho, caminho, roda. E indica o caráter dos que se apresentam como influenciadores: ímpio, pecadores, escarnecedores.

   O antídoto será o conteúdo da lei do Senhor. O tempo deve ser gasto em sua leitura e meditação diuturna, ou seja, pela sucessão de dias e noites. E o resultado disso se apresenta em uma das mais lindas metáforas das Escrituras.

   As árvores são um milagre de vida. Além de filtrar a atmosfera, absorvendo gás carbônico e devolvendo oxigênio, acolhem aves e demais animais em sua sombra, diminuindo a temperatura em seu entorno. Grande crime ecológico violentá-las.

  E na analogia deste salmo, a fonte corrente supre as raízes da árvore bem plantada, que supre com frutos e com folhagens que nunca murcham. Jesus, em João 7,38-39, afirma como fluem riso de água viva do interior dos que nele creem.

  Na símile de Jesus, como esclarece João, esse rio de água viva é o Espírito, que habita nos que creem. É fácil associar o Espírito à palavra de Deus, neste salmo indicada como aquela que supre a vida de quem a ela se apega.

  O salmista encerra apontando para uma congregação dos justos. Enquanto os ímpios se dispersam, por sua escolha equivocada, os justos se agregam, pela escolha certa que fizeram. Sem dúvida, pode-se afirmar ser a igreja essa congregação. 

   Seja a que, no deserto, pela suficiência de Deus, em torno do tabernáculo, foi formada. Seja a que o próprio Jesus afirmou que edificaria e assim o fez. Este salmo introdutório remete o justo para todo o conteúdo do saltério, assim como o predispõe a ler, meditar e cumprir toda a Escritura.




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