quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Lendo Levítico - A última tribo - 5

    O Levítico detalha a consagração, precipuamente, dos chamados levitas. Exatamente os decendentes de Leví, patriarca dessa tribo, razão de ser do nome do livro e dos correspondentes sacerdotes.

   A tribo do culto. O tabernáculo, a tenda do deserto, cuja instrução de construção Moisés recebe no monte, da parte de Deus, ficaria aos cuidados dos membros dessa família.

   Tudo o que estivesse relacionado aos cuidados com o tabernáculo, em todas as suas partes componentes, seria encargo desses auxiliares. Por isso não se preocupariam com qualquer outro ofício que não esse.

   Entre as outras tribos, quando se tornassem sedentários, ocupando a terra prometida a Abraão, teriam espaço entre as demais, por elas cedido, porque, por tempo integral, ocupar-se-iam com tudo o que se relacionasse ao culto.

    Montar e desmontar a tenda do tabernáculo, com todo o cercado em seu entorno, manter limpos os utensílios e seus altares, definir pelo calendário os tipos de sacrifícios e festas litúrgicas.
   
     Orientar de modo preciso seu modo de se efetuar, com todo o sustento proveniente de seus irmãos de sangue, incluído o que era oferecido no próprio tabernáculo.

    Mas a diferença fundamental, distintiva, sempre será entre a mera formalidade do cargo e da investidura, e a real marca da personalidade regida por verdadeira vocação. Chamado, suficiência e desempenho são dons do Espírito, ainda que fossem nessa época da antiga aliança.

   Porque a nova aliança, uma vez confirmada pelo sangue de Jesus Cristo, torna sacerdotes todos os que creem. E, do mesmo modo que os antigos levitas, responsáveis pelo antigo cerimonial, o culto agora se amplia, como ensina Paulo, para todos os dias e todo e em qualquer lugar.

    A cerimônia de consagração dos levitas, suas roupas e perfumes, os rituais de seleção de animais, como oferta, constituíram-se num grande audiovisual profético, simbólico, propedêutico em relação à promessa da manifestação do Filho de Deus, o Messias prometido.

    Agora o chamado é nosso, assim como a função, a regência sábia do culto, a proclamação da palavra. A revelação de Deus a Moisés para que construísse, em meio ao deserto, o tabernáculo, era para que plantasse, no meio do arraial, a tenda-símbolo da presença de Deus.

    "Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?", Êxodo 33:16.

    Porém, mais do que formal ou somente vista fora, da porta da tenda de cada um, o tabernáculo representava uma presença real, distintiva, identitária. Essa função hoje está configurada na presença da igreja no mundo.

   Somos o edifício no qual Deus habita. Somos sacerdotes e "despenseiros - ao mundo - dos mistérios de Deus". Carregamos conosco a tenda que armamos e desarmamos onde chegamos. Levitas, menos por formalidade, mais por identidade.
  
    Identidade de vocação, chamado, desempenho de ministério, santidade e profecia. Está ao nosso encargo. Restou apenas uma tribo de levitas. Espalhada em meio a este mundo, mas sem pertencer a ele.

   Como diz Jesus, estando no mundo, sem que seja mundo. Como testemunhou Paulo, extraindo dele sustento, como se em nada dele dependesse. Resta uma e essa última tribo que ainda deve preservar seu ministério.

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