quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Lendo Levítico - 1

     Sugerida a leitura de Levítico, pode parecer pura provocação. Porque parece deveras hermética. Por isso também sugerimos uma leitura casada com Hebreus.

  Evidentemente, alguém pode argumentar que estou esperando muito de meus leitores. Engano. Eles vão superar em muito as expectativas.

   Bem, em linhas gerais, Levítico fala de santidade. Extensivamente, de assepsia em todos os sentidos. Pureza não somente ritual. Alimentar também.

   Corporal, mental, psicológica, sócio-ambiental, enfim. Válida para uma época antiga, nos acampamentos do deserto. Há em Hebreus um versículo-chave para compreender Levítico, transcrevemos abaixo:

    "...porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados", Hb 10:4.

     A base ritual de Levítico é o sacrifício de uma variedade de animais. Deus se revela na história. Nesse caso, a religião do povo a quem se revela, parelha com os rituais das nações ao redor.

   Por isso Deus se enquadra naquela cultura. Mas estabelece  fronteiras nítidas de separação, apartando seu povo de práticas idolátricas e sem nenhum sentido de legítimo culto e adoração ao Deus vivo.

    Por exemplo, o sangue, que noutras culturas apresentava um valor ritual deslocado de importância, bebido, encharcado em banhos rituais, servido como alimento, no Levítico é derramado ao chão ou salpicado, como simbologia de propiciação.

   O sacrifico de animais eram tratados de modo a que não houvesse, senão, aroma de carne ou gordura queimadas, muito próximo do odor dos modernos churrascos. Outras porções de grãos e demais farináceos eram, sim, queimados, mas também repartidos entre oficiantes e ofertantes.

    E mais normas gerais de asseio pessoal, limpeza do ambiente do arraial, externo e interno às tendas, limpeza de utensílios, roupas, que alimentos comer ou não, como tratar sua higienização e preparo, enfim, a leitura atenta de Levítico indica o modo inteligente de se portar no deserto e nas fronteiras com uma variedade de povos, porém preservando sua identidade.

    É o livro dos limites. Como se manter dentro dos limites da santidade ao Senhor. Desafiador, quando fazemos uma analogia com nosso tempo. Onde estão as fronteiras de santidade? Tremendamente móveis, versáteis, flexíveis e até e muito virtuais, eu diria.

   Marcos antigos. John Stott, que chegou a pregar para a rainha que, recentemente, deixou-nos, escreveu um livreto Cristianismo Equilibrado. Nele, marca a postura de Jesus, demonstramdo como se revela assombrosamente revolucionária, ao mesmo tempo que irremovivelmente tradicional.

    Levítico, livro de sua época, sinaliza pureza e perfeição rituais, profetizando a obra completa realizada em Jesus, conforme nitidamente descrito em Hebreus. Assim como ensina que assepsia é algo não somente do ambiente, mas também do asseio íntimo, do cuidado alimentar e da santidade espiritual.

    

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